Os pés de um gênio e a "mão de Deus"
Chegamos ao ano de 1986. Os hermanos foram os donos da bola e da copa naquela ocasião. E proclamaram o seu rei do futebol, aliás, o deus, pois para eles argentinos Maradona é melhor que Pelé.
Sejamos justos quanto a conquista da copa, título incontestável, irretocável, mas como não poderia ser diferente, em se tratando de Argentina, antes do grande apogeu teve lá atrás na mesmo torneio, claro, a polêmica do gol de mão do Dieguito (Maradona) contra a Inglaterra.
O México foi o primeiro país a sediar pela segunda vez uma Copa do Mundo
da FIFA. O país onde o Brasil triunfara em 1970 viu em 1986 a Argentina
superar o calor e a altitude e conquistar o título graças à inspiração
de Diego Maradona, que dominou a competição de uma forma que somente
Pelé havia conseguido.
O camisa dez argentino marcou cinco gols e criou a jogada de outros
cinco dos 14 convertidos pela sua seleção até a vitória por 3 a 2 na
decisão diante da Alemanha Ocidental, vice-campeã pela segunda vez
consecutiva. Mas os grandes momentos vieram antes da final. Com um gol
fenomenal e outro não exatamente legítimo, Maradona ganhou do jornal
francês L'Équipe a alcunha de "metade anjo, metade demônio".
Ambos foram marcados na vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra pelas
quartas-de-final no Estádio Azteca. O primeiro, nas palavras de
Maradona, veio com uma "mão de Deus". A mão na verdade era do próprio
Diego, que pulou com o braço levantado e o usou para dar um toquinho na
bola antes que o goleiro Peter Shilton pudesse afastá-la de soco. O
segundo, três minutos depois, veio dos pés de um gênio. Após pegar a
bola antes do meio do campo, Maradona saiu driblando e deixou cinco
jogadores ingleses para trás, inclusive o próprio Shilton, antes de
balançar a rede.
O México ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo da FIFA 1986 após a
desistência da Colômbia por motivos financeiros. Um enorme terremoto em
setembro de 1985 foi um trágico prelúdio para o evento, com cerca de 20
mil mortos, mas os estádios saíram intactos, e o país renasceu para
realizar um torneio memorável.
Lineker é o artilheiro
Maradona foi o grande astro, mas quem ficou com a artilharia foi o atacante inglês Gary Lineker, com seis gols. Lineker fez três deles em uma partida decisiva na fase de grupos diante da Polônia, ajudando o seu país a se recuperar de um início ruim e da lesão do capitão Bryan Robson. A Inglaterra foi eliminada nas quartas-de-final ao perder para a Argentina por 2 a 1, mas Lineker fez o gol que reduziu a diferença no placar e quase empatou no final.
Maradona foi o grande astro, mas quem ficou com a artilharia foi o atacante inglês Gary Lineker, com seis gols. Lineker fez três deles em uma partida decisiva na fase de grupos diante da Polônia, ajudando o seu país a se recuperar de um início ruim e da lesão do capitão Bryan Robson. A Inglaterra foi eliminada nas quartas-de-final ao perder para a Argentina por 2 a 1, mas Lineker fez o gol que reduziu a diferença no placar e quase empatou no final.
A Dinamarca, uma das três estreantes ao lado de Canadá e Iraque,
iluminou a primeira fase com um futebol ofensivo que lhe rendeu três
vitórias, uma delas sobre a Alemanha Ocidental, e o apelido de
"Dinamáquina". Na linha de frente estavam Michael Laudrup e Preben
Elkjaer, que marcou três gols na goleada histórica de 6 a 1 sobre o
Uruguai.
A maior goleada da fase de grupos foi da União Soviética, que fez 6 a 0
na Hungria e impôs respeito com um plantel montado às pressas pelo
técnico do Dínamo de Kiev, Valeriy Lobanovskyi. O clube era o campeão da
antiga Recopa Europeia e formou a base da seleção, com destaque para o
atacante Igor Belanov, que ao final do ano seria eleito o melhor jogador
da Europa.
Como a Dinamarca, os soviéticos venceram o seu grupo, mas foram
eliminados na segunda fase. Os três gols de Belanov em León não bastaram
para impedir a derrota por 4 a 3 para a Bélgica. A eliminação
dinamarquesa aconteceu de forma ainda mais contundente: derrota de 6 a 1
para a Espanha de Emilio Butragueño, que fez quatro gols.
Marrocos faz história
A Copa do Mundo da FIFA teve um novo formato, com o fim da segunda fase de grupos abrindo caminho para uma etapa de oitavas-de-final. Assim, os quatro melhores terceiros colocados de cada grupo também seguiram em frente. Mas o Marrocos não precisou da nova regra e foi o primeiro país africano a superar a primeira fase ao vencer o seu grupo graças a uma vitória de 3 a 1 sobre Portugal.
A Copa do Mundo da FIFA teve um novo formato, com o fim da segunda fase de grupos abrindo caminho para uma etapa de oitavas-de-final. Assim, os quatro melhores terceiros colocados de cada grupo também seguiram em frente. Mas o Marrocos não precisou da nova regra e foi o primeiro país africano a superar a primeira fase ao vencer o seu grupo graças a uma vitória de 3 a 1 sobre Portugal.
Os marroquinos foram eliminados logo em
seguida pela Alemanha Ocidental.
Os alemães depois precisaram da decisão por pênaltis para derrotarem o
México, que havia marcado por intermédio de Manuel Negrete um dos gols
mais bonitos da história, uma espetacular bicicleta contra a Bulgária.
Três das quatro partidas das quartas-de-final foram decididas da marca
penal.
Enquanto a Bélgica do excêntrico arqueiro Jean-Marie Pfaff
superou a Espanha, a França encerrou as esperanças brasileiras em um
encontro que Pelé classificou de "histórico" pelo fim de uma geração.
Os franceses eram os detentores do título europeu e já tinham eliminado a
campeã mundial Itália, mas viam no Brasil um rival ainda mais forte.
Quando o jogo estava 1 a 1, o goleiro Bats salvou a França ao defender
um pênalti batido por Zico. Após a prorrogação, Michel Platini também
perdeu a sua cobrança, mas, devido aos erros de Sócrates e Júlio César,
os Bleus asseguraram a classificação.
Infelizmente para a
França, o adversário na semifinal foi mais uma vez a Alemanha Ocidental.
E, assim como em 1982, os franceses perderam e tiveram de se contentar
com o terceiro lugar.
Maradona fez outro gol memorável na vitória da Argentina sobre a Bélgica
nas semifinais, mas o capitão argentino encontrou mais dificuldades na
decisão, marcado de perto por Lothar Matthäus.
Quem abriu o marcador foi
o zagueiro José Luis Brown, que jogou boa parte da partida com a mão
machucada. Jorge Valdano duplicou a vantagem, mas os alemães mostraram a
sua garra e empataram com gols de Karl-Heinz Rummenigge e Rudi Völler
em um período de apenas seis minutos.
Porém, nem mesmo Matthäus podia dar conta de Maradona durante a partida
inteira. Aos 38 minutos do segundo tempo, logo depois do gol de Völler,
Diego lançou para Jorge Burruchaga, que fez o terceiro da Argentina e
garantiu o bicampeonato mundial.
Fatos Rápidos
- Equipes: 24
- Quando: 31 Maio 1986 a 29 Junho 1986
- Final: 29 Junho 1986
- Jogos: 52
- Gols: 132 (média 2.5 por partida)
- Público: 2394031 (média 46039)
México 1986 Campeões
- Campeão: Argentina
- Vice-campeão: Alemanha Ocidental
- Terceiro: França
- Quarto: Bélgica
- Bola de Ouro adidas: Diego MARADONA (ARG)
- Chuteira de Ouro adidas: Gary LINEKER (ENG)
- Prêmio de Melhor Jogador Jovem: Enzo SCIFO (BEL)
- Prêmio FIFA Fair Play: Brasil