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Família fica encurralada durante ataque a UPA no Alemão

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Uma família com duas crianças - uma de 3 anos e outra de 3 meses - ficou encurralada durante um protesto seguido de ataque à UPA do Complexo do Alemão, na noite desta segunda-feira, num drama que só terminou por volta de 1h da madrugada desta terça-feira. Por volta das 23h20m, uma ambulância que chegava à unidade para resgatá-los foi alvejada, segundo o pai das duas meninas, Carlos Roberto Monteiro da Cruz, de 23 anos.

Carlos Roberto da Cruz e Lalesca de Oliveira com as duas filhas: cercados e sem saída na UPA
Carlos Roberto da Cruz e Lalesca de Oliveira com as duas filhas: cercados e sem saída na UPA
- Eu vi a ambulância levando tiro e recuando. Foi embora e nos deixou aqui. Estamos muito assustados. Precisamos sair daqui porque vão incendiar essa UPA - relatou o pai, desesperado. - Os policiais dizem que precisamos sair daqui, mas não conseguem nos resgatar. Os tiros não param. Minhas filhas estão com baixa imunidade, recebendo antibiótico pela veia. Não posso sair com elas no colo e ir para casa.

Artefatos usados durante ataque contra a UPP do Alemão
Artefatos usados durante ataque contra a UPP do Alemão Foto: Enviada por WhatsApp

Interior da UPA no Alemão depredado
Interior da UPA no Alemão depredado Foto: Enviada por WhatsApp
O resgate
As meninas não podiam deixar a UPA com os pais, porque estavam internadas com suspeita de gripe H1N1 em uma sala de isolamento. Somente poderiam sair sendo transferidas para um hospital. A mais velha, de 3 anos, foi internada na sexta-feira. A mais nova, desde sábado. Segundo a família, os médicos tentam desde então transferir as meninas para um hospital. Sem sucesso, Carlos recorreu à Justiça:
- No domingo, consegui uma liminar que determinava a transferência das minhas filhas em 24 horas. Essas 24 horas se passaram e nada foi feito. Ficamos aqui na UPA e acabamos encurralados. Nunca pensei em passar por uma situação como essa com minhas filhas. Não há mais médicos aqui agora. Apenas um ou outro enfermeiro.
Apenas no início da madrugada é que quatro ambulâncias do Corpo de Bombeiros conseguiram chegar ao local para transferir as pacientes.
- Agora está tudo mais calmo por aqui. As meninas já estão na ambulância e serão levadas para o Miguel Couto. As outras duas senhoras vão ser levadas para o Getúlio Vargas - disse o pai, já bastante aliviado.

Interior depredado da UPA no Alemão
Interior depredado da UPA no Alemão Foto: Enviada por WhatsApp

Ônibus são queimados no Alemão
Ônibus são queimados no Alemão Foto: foto do leitor via WhatsApp
A ameaça
Mais cedo, por volta das 21h, Carlos conta que um carro passou pela UPA do Alemão dando dez minutos para que todos saíssem da unidade, porque eles iriam incendiá-la:
- Quem podia saiu correndo. Vi funcionários pulando o muro nos fundos da unidade. Eu e minha mulher tiramos o soro e o oxigênio das nossas filhas. Tentamos correr com elas para sair, mas a frente da unidade estava sendo quebrada por um monte de homens. Vi um enfermeiro tentando impedir o quebra-quebra e sendo atingido com um pedaço de pau na cabeça. Tentamos sair pelos fundos, mas, nessa altura, já havia gente entrando por lá também. Tivemos que voltar para o quarto de isolamento onde estávamos, com as meninas no colo. Tinha muita gritaria, muita coisa sendo quebrada, bombas e tiros.

Polícia faz um bloqueio para proteger a UPA no Alemão
Polícia faz um bloqueio para proteger a UPA no Alemão Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo
Segundo Carlos Roberto, além das filhas dele, haviam ficado na UPA duas senhoras, que também estavam internadas e não tiveram como fugir, além de um rapaz baleado, identificado como Carlos Alberto de Souza Marcolino, de 20 anos. O jovem conseguiu ser transferido para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha.

Fonte: Jornal Extra