Ela disse à BBC que testemunhou execuções sangrentas e teve de comer grama e insetos para sobreviver no país asiático.
Em 2007, quando Yeomni tinha 13 anos, sua família fugiu para a China em busca de uma vida melhor. Mas a mãe foi estuprada de forma brutal tentando proteger seus filhos, conta a jovem.
Ela agora vive na Coreia do Sul e viaja ao redor do mundo com a missão de sensibilizar o público estrangeiro sobre a dura realidade norte-coreana. Dá entrevistas e usa as redes sociais para espalhar uma mensagem em defesa dos direitos humanos dos seus compatriotas.
Como parte do projeto #100Women, a jovem compartilhou algumas de suas dolorosas memórias de infância com a jornalista Lucy Kockings. A série de reportagens e debate virtual está sendo produzida pela BBC pelo segundo ano consecutivo.
Infância difícil
Yeonmi e sua família viviam em Hyesan, um porto fluvial na fronteira com a China, onde seu pai exercia um cargo de média hierarquia no governo.
Fotógrafo registra cenas do cotidiano na Coreia do Norte
27.jun.2014
- Costureiras norte-coreanas trabalham na fábrica Sonbong, localizada
dentro da zona econômica especial de Rason, no extremo noroeste da
Coreia do Norte. Fotos publicadas no Instagram pessoal do chefe da
agência Associated Press na Ásia, David Guttenfelder, revelam cenas do
dia a dia dos norte-coreanos. Usando uma câmera de telefone, o premiado
fotógrafo fez uma série de imagens que mostram além do que é divulgado
sobre a Coreia do Norte do ditador Kim Jong-un Reprodução/ Instagram David Guttenfelde
Ela disse que na infância testemunhou muitas execuções – mas uma lhe tocou de forma especial.
"Era a mãe do meu melhor amigo, uma senhora muito amável que costumava me dar biscoitos, que me alimentava. Ela era muito simpática. Mataram não só ela, como outros sete jovens."
O episódio ocorreu quando Yeonmi tinha apenas nove anos de idade.
Descrevendo suas lembranças de forma gráfica e com sentimento, a jovem diz: "Eu vi espalhados restos humanos, cérebros ... Nunca me esquecerei dessas coisas."
Fugir da Coreia do Norte não foi uma opção para Yeonmi e sua família, e sim a única esperança de sobreviver à fome.
"Era a mãe do meu melhor amigo, uma senhora muito amável que costumava me dar biscoitos, que me alimentava. Ela era muito simpática. Mataram não só ela, como outros sete jovens."
O episódio ocorreu quando Yeonmi tinha apenas nove anos de idade.
Descrevendo suas lembranças de forma gráfica e com sentimento, a jovem diz: "Eu vi espalhados restos humanos, cérebros ... Nunca me esquecerei dessas coisas."
Fugir da Coreia do Norte não foi uma opção para Yeonmi e sua família, e sim a única esperança de sobreviver à fome.
Se
você nunca recebeu nenhuma carta da Coreia do Norte então provavelmente
não sabe que os norte-coreanos costumam produzir selos um tanto
originais. As imagens vão desde homenagens a personalidades do país,
modalidades esportivas, pratos típicos, até animais. Alguns deles estão
disponíveis no site da Sociedade Coreana de Selos, situada nos Estados
Unidos Reprodução/pennfamily.org/KSS-USA
Além disso, em 2002, seu pai havia perdido os privilégios do governo e sido detido por "comércio ilegal" de produtos de contrabando que vendia para sustentar a família.
"Se ficássemos, morreríamos de fome. Tive que comer grama, libélulas e batatas congeladas", contou.
Em março de 2007, a família cruzou a fronteira com a ajuda de contrabandistas.
Esperanças traídas
Yeonmi diz que a China se provou um novo pesadelo. "Pensei que a China seria melhor, mas não: foi pior", afirma."Minha mãe foi estuprada na frente dos meus olhos. O agressor queria fazer sexo comigo e eu nem sequer sabia o que significava essa palavra. Ela se sacrificou por mim."
Apesar de suas experiências, Yeonmi não se considera uma pessoa especial. Explica que, como ser humano, não pode se esquecer daqueles deixados para trás.
"Como posso me sentir livre aqui, com tudo o que as pessoas estão vivendo no meu país? Vendem meninas da minha idade por US$ 200."
"O regime norte-coreano tortura seus cidadãos", afirma.
Mas apesar das experiências fortes, em sua mensagem há espaço para um certo otimismo.
"Eu acredito na humanidade. Sou muito otimista e acredito que vamos sair desse terror."
Fonte: Uol Notícias