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'Comi grama e insetos para sobreviver', diz norte-coreana que fugiu do país

Aos 21 anos de idade, Yeomni Park diz ter se sentido muito perto da morte em sua Coreia do Norte natal.

Ela disse à BBC que testemunhou execuções sangrentas e teve de comer grama e insetos para sobreviver no país asiático.

Em 2007, quando Yeomni tinha 13 anos, sua família fugiu para a China em busca de uma vida melhor. Mas a mãe foi estuprada de forma brutal tentando proteger seus filhos, conta a jovem.

Ela agora vive na Coreia do Sul e viaja ao redor do mundo com a missão de sensibilizar o público estrangeiro sobre a dura realidade norte-coreana. Dá entrevistas e usa as redes sociais para espalhar uma mensagem em defesa dos direitos humanos dos seus compatriotas.

Como parte do projeto #100Women, a jovem compartilhou algumas de suas dolorosas memórias de infância com a jornalista Lucy Kockings. A série de reportagens e debate virtual está sendo produzida pela BBC pelo segundo ano consecutivo.

Infância difícil

Yeonmi e sua família viviam em Hyesan, um porto fluvial na fronteira com a China, onde seu pai exercia um cargo de média hierarquia no governo.

Fotógrafo registra cenas do cotidiano na Coreia do Norte
 
27.jun.2014 - Costureiras norte-coreanas trabalham na fábrica Sonbong, localizada dentro da zona econômica especial de Rason, no extremo noroeste da Coreia do Norte. Fotos publicadas no Instagram pessoal do chefe da agência Associated Press na Ásia, David Guttenfelder, revelam cenas do dia a dia dos norte-coreanos. Usando uma câmera de telefone, o premiado fotógrafo fez uma série de imagens que mostram além do que é divulgado sobre a Coreia do Norte do ditador Kim Jong-un Reprodução/ Instagram David Guttenfelde


Ela disse que na infância testemunhou muitas execuções – mas uma lhe tocou de forma especial.

"Era a mãe do meu melhor amigo, uma senhora muito amável que costumava me dar biscoitos, que me alimentava. Ela era muito simpática. Mataram não só ela, como outros sete jovens."

O episódio ocorreu quando Yeonmi tinha apenas nove anos de idade.

Descrevendo suas lembranças de forma gráfica e com sentimento, a jovem diz: "Eu vi espalhados restos humanos, cérebros ... Nunca me esquecerei dessas coisas."

Fugir da Coreia do Norte não foi uma opção para Yeonmi e sua família, e sim a única esperança de sobreviver à fome.

Selos da Coreia do Norte retratam futebol, bichos fofos, ditadores e até dinossauros

Se você nunca recebeu nenhuma carta da Coreia do Norte então provavelmente não sabe que os norte-coreanos costumam produzir selos um tanto originais. As imagens vão desde homenagens a personalidades do país, modalidades esportivas, pratos típicos, até animais. Alguns deles estão disponíveis no site da Sociedade Coreana de Selos, situada nos Estados Unidos Reprodução/pennfamily.org/KSS-USA

Além disso, em 2002, seu pai havia perdido os privilégios do governo e sido detido por "comércio ilegal" de produtos de contrabando que vendia para sustentar a família.

"Se ficássemos, morreríamos de fome. Tive que comer grama, libélulas e batatas congeladas", contou.

Em março de 2007, a família cruzou a fronteira com a ajuda de contrabandistas.

Esperanças traídas

Yeonmi diz que a China se provou um novo pesadelo. "Pensei que a China seria melhor, mas não: foi pior", afirma.

"Minha mãe foi estuprada na frente dos meus olhos. O agressor queria fazer sexo comigo e eu nem sequer sabia o que significava essa palavra. Ela se sacrificou por mim."

Apesar de suas experiências, Yeonmi não se considera uma pessoa especial. Explica que, como ser humano, não pode se esquecer daqueles deixados para trás.

"Como posso me sentir livre aqui, com tudo o que as pessoas estão vivendo no meu país? Vendem meninas da minha idade por US$ 200."

Aparições públicas de Kim Jong-un

29.out.2014 - Ditador norte-coreano Kim Jong-un assiste a uma partida de futebol de mulheres em Pyongyang, em foto sem data liberada pela Agência de Notícias da Coréia do Norte (KCNA) KCNA/Reuters

"O regime norte-coreano tortura seus cidadãos", afirma.

Mas apesar das experiências fortes, em sua mensagem há espaço para um certo otimismo.

"Eu acredito na humanidade. Sou muito otimista e acredito que vamos sair desse terror."


Fonte: Uol Notícias