Joaquim Corsino contou que sonha em ser delegado.
Ele disse que gasta 1h30, entre Cariacica e Vitória.
Joaquim pedala todos os dias atrás do sonho de ser delegado (Foto: Fernando Madeira / A Gazeta)
Para
estar cada vez mais perto de realizar um grande sonho, o pedreiro
Joaquim Corsino dos Santos pedala, diariamente, entre Cariacica, onde
mora, até Vitória, onde fica a faculdade de Direito em que ele estuda. A
distância, cerca de 21 quilômetros entre um município e outro, não
desanima o estudante. Gastando mais de uma hora para chegar à faculdade, agora ele decidiu largar o trabalho para focar nos estudos. “É meu sonho, e chegarei lá”, garante.
Joaquim
nasceu em Tarumirim, Minas Gerais. O pai, Agenor, e a mãe, Ana Clara,
eram trabalhadores rurais. Ele contou que quando mais novo
ajudava a família na roça, mas sempre sonhou alto. “Não queria aquela
vida para mim. Queria mesmo era estudar”, contou. Com mais de 20 anos,
ele terminou o curso técnico de Administração. Segundo ele, na época,
precisou trabalhar e passou anos sem estudar.
Em 1980, Joaquim tentou vestibular na Universidade Federal
do Espírito Santo (Ufes), para Ciências Contábeis, e não passou. Depois
disso, ele foi trabalhar como auxiliar de pedreiro e, mais tarde, como
pedreiro, ganhando um salário melhor. Mesmo assim, nunca abandonou o
sonho de ser advogado. “Passei a guardar parte do que ganhava para pagar uma faculdade de Direito. Ao todo, em toda a minha vida de trabalho, consegui juntar uns R$ 50 mil”, disse.
Ele
contou que, ao mesmo tempo, foi construindo a casa, que hoje é um
prédio de três andares localizado em Bandeirantes, Cariacica, onde mora
com com três irmãos. Durante um período, a vontade de ser delegado foi
interrompida por medo de não conseguir arcar com as despesas do curso.
“Em 2008, passei num processo seletivo em uma faculdade privada, onde
cursei dois anos de Direito. Mas aí um amigo me pediu R$ 4.500
emprestados, e eu, com receio de não ter como bancar os estudos,
tranquei a matrícula no curso”.
Depois
disso, ele trabalhou mais um ano como pedreiro para recuperar o
prejuízo e voltou à faculdade, 2012, na Serra. “Como o trajeto de casa
até lá era longo, comprei até uma moto, que está parada – ainda não
tirei carteira. Essa distância contribuiu para eu mudar de faculdade.
Hoje, faço o nono período de Direito em Vitória. Sou o mais velho da
turma”, contou.
Segundo
ele, o trajeto feito entre a casa e a faculdade dura mais de uma hora.
Além da distância e do cansaço, ele ainda teve que enfrentar outros
contratempos. “Saio de casa, de bicicleta,
para estudar à noite, e levo quase uma hora e meia só de ida. Há uns
seis meses, roubaram uma roda bicicleta, e tive que voltar de ônibus”,
contou.
Focado
no futuro, ele contou que parou com o trabalho para se dedicar ao
sonho. “Agora, decidi dar uma parada no trabalho só para estudar. Adoro ler
a Constituição Federal. Meu sonho é concluir o curso, tirar minha
carteira da Ordem dos Advogados e passar em concurso para ser delegado
de polícia. É meu sonho, e chegarei lá", finalizou.
Fonte: G1 ES, com informações de A Gazeta