Cientistas anunciam a eficácia, em humanos, de um imunizante para o controle do tipo 1 da doença. Além disso, a ciência apresenta novos remédios e até a criação de pâncreas artificialMonique Oliveira, de Chicago (EUA)
Pesquisadores da Universidade
de Stanford, nos Estados Unidos, anunciaram na última semana um passo
importante em direção à primeira vacina contra a diabetes. Os cientistas
criaram um imunizante que se mostrou eficaz para controlar, em humanos,
o tipo 1 da doença, que ocorre porque o sistema imunológico do próprio
corpo passa a atacar as células beta, situadas no pâncreas, que fabricam
a insulina. O hormônio permite a entrada, nas células, da glicose
circulante na corrente sanguínea. Com menos insulina, há um acúmulo de
açúcar no sangue, o que caracteriza a diabetes. O outro tipo, o 2, é resultado de alterações promovidas principalmente pela obesidade.
A
vacina impediu o ataque de um tipo de célula CD8 – integrantes do
sistema imunológico – às células beta (leia mais no quadro). “Estamos
muito excitados com o resultado. Sugere que o sonho de interromper o
ataque do sistema imunológico a células específicas pode ser realizado”,
afirmou Lawrence Steinman, um dos líderes da pesquisa realizada com 80
pacientes. Os cientistas planejam expandir os experimentos para
investigar a eficácia do remédio em mais indivíduos.
Interromper
a destruição comandada pelo corpo é um dos objetivos perseguidos por
cientistas em todo o mundo. Recentemente, a Diabetes UK, entidade
inglesa de combate à doença, anunciou um ambicioso projeto de pesquisa
em busca de uma vacina com esse propósito. Por essa razão, o feito dos
americanos foi saudado. “Pela primeira vez temos evidência da eficácia
de uma vacina em humanos. É um passo significativo em direção a um mundo
sem diabete tipo 1”, afirmou Karen Addington, especialista inglesa.
Teixeira cuida da alimentação para evitar crises de hipoglicemia
A
notícia da vacina somou-se a outras boas novidades divulgadas na semana
passada. Nos Eua, onde ocorreu o congresso da Associação Americana de
Diabetes, anunciou-se entre os avanços (leia no quadro) a chegada de um
pâncreas artificial, capaz de equilibrar os níveis de insulina no
organismo. Produzido pela Medtronic, o aparelho está sob avaliação do Food and Drug Administration, órgão americano responsável pela liberação de aparelhos de saúde. “Essa tecnologia
é um passo importante para a criação de um sistema de entrega de
insulina mais inteligente”, disse Rich Bergenstal, investigador
principal da pesquisa apresentada para a aprovação do dispositivo.
O
pâncreas artificial é dotado de um sensor e um software acoplados a uma
bomba de insulina e promove a liberação do hormônio de acordo com a
necessidade. Dessa forma, diminui o risco de crises de hipoglicemia, um
dos reveses mais comuns no controle da doença. “Alguns médicos até
demoram a receitar a insulina, de tão complicado que pode ser sua aplicação”,
diz o médico Freddy Eliaschewitz, de São Paulo, presente no encontro
americano. O administrador de empresas Luiz Carlos Teixeira, 63 anos, de
São Paulo, toma cuidado para não sofrer com o problema. “Procuro me
alimentar bem”, diz.
Fonte: www.istoe.com.br