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Campanha para ajudar skatista com leucemia no Piauí é fraude, diz polícia

Delegado geral da Polícia disse que exames e laudos usados são falsos.
Zacarias Gondim disse que precisava de dinheiro para custear tratamento. 
Video postado nas redes sociais pede ajuda financeira para tratamento (Foto: Divulgação/Facebook)
Pode ser fraudulenta a campanha para ajudar a financiar o tratamento de um jovem skatista de Teresina que estaria com leucemia. 
O delegado geral do Piauí, Riedel Batista, disse nesta sexta-feira (20) que os documentos e exames vinculados à ação para ajudar Zacarias Gondim, de 20 anos, com a intenção de comprovar a doença, são falsos e que ele não tem leucemia.

A Secretaria de Saúde do Piauí informou que o laudo do Hemopi utilizado para divulgação da campanha não é verdadeiro.

A polícia abriu inquérito para investigar e caso seja comprovado a prática criminosa, o jovem pode ser indiciado por estelionato e falsificação de documentos. Gondim não foi encontrado para comentar o caso.
Riedel Batista, delegado geral da Polícia Civil do Piauí (Foto: Ellyo Teixeira/G1) 
Riedel Batista, delegado geral da Polícia Civil do
Piauí (Foto: Ellyo Teixeira/G1)
 
“Duas médicas que tiveram seus nomes divulgados na campanha em exames e laudos procuraram a polícia. Uma delas negou qualquer atendimento ou exame feito com o rapaz. Já a segunda, diz que o atendeu, mas negou que o jovem tivesse leucemia. Ele pode ter outra doença, mas não a que ele alegou possuir”, afirmou Riedel.

Batista contou que após a denúncia das médicas, os investigadores começaram a agir: foram até a casa de Zacarias na tentativa de intimá-lo, mas ele não foi encontrado. “O que sabemos é que a documentação usada por ele na campanha é falsa e por isso ele pode ser indiciado por falsificação de documento”, afirmou o delegado.

Desde o início do mês de fevereiro que uma campanha pedindo ajuda financeira para Zacarias está rodando os perfis de piauienses nas redes sociais.

Segundo uma arte compartilhada centenas de vezes, o skatista foi diagnosticado com leucemia aguda e precisava de dinheiro para ir para São Paulo fazer um tratamento. Imagens relacionadas à campanha mostram um laudo médico que comprovaria que ele teria a doença anunciada.
Laudo falso fornecido por Zacarias para um amigo (Foto: Catarina Costa/G1) 
Laudo falso fornecido por Zacarias para um amigo
(Foto: Catarina Costa/G1)
 
O próprio jovem gravou um vídeo contando a história e pedindo ajuda. “Perdi a minha mãe há um ano e uma das influências de eu ter tido um câncer foi esse. Eu tô (sic) aqui hoje para pedir ajuda.

Como o meu quadro é agudo, a médica pediu para eu tratar a minha doença em São Paulo porque aqui no Piauí não se faz transplante de medula óssea. A minha médica disse que eu não tenho condições de receber as quimios (quimioterapias). Eu preciso estar indo para lá urgente”, disse com os olhos marejados.

O vídeo foi compartilhado por vários perfis no facebook e vizualizado por mais de 10 mil pessoas.
 Secretaria de Estado de Saúde divulgou nota afirmando que o documento com a logo do Centro de Hematologia e hemoterapia do Piauí (Hemopi) não é autêntico. A Sesapi informa que "Zacarias Gondim Lins não realizou o exame de Mielograna, como também o laudo médico divulgado pelo mesmo não é desta instuição e nem da médica mencionada.

O HEMOPI confirma que Zacarias Gondim Lins esteve na semana passada nesta unidade de saúde, para uma consulta com a médica Karina Nava de Almeida. Além desta consulta, o único procedimento realizado foi um exame de Hemograma, com resultado dentro da normalidade", contou a nota.
Arte Zacarias (Foto: Divulgação/Facebook) 
Amigos e simpatizantes compartilharam arte pedindo ajuda para Zacarias (Foto: Divulgação/Facebook)
 
O G1 falou com uma jovem de 18 anos que disse conhecer Zacarias e ajudou a divulgar a campanha. Perguntada sobre as informações divulgadas pela polícia, no início ela se mostrou revoltada com a instituição, pois disse que acompanhava o caso do skatista e sabia da gravidade da doença.

“Eu não estaria movimentando um mundo se isso não fosse verdade. Eu vi ele passando mal. Todos os dias eu falo com ele no whatsap. Eu acredito na história. A campanha estava dando algum resultado com Muita gente dando com R$ 50 ou R$ 20. Espero que a policia entre na história para que a caso fique claro. Eu sou mãe e me sensibilizei com a história”, disse a jovem que preferiu não ser identificada.

Entretanto, depois de saber das alegações da Polícia Civil, a estudante se disse decepcionada. “Quero que ele exploda. Eu chorei por ele”, contou.

O G1 ligou para os números de telefoens de Zacarias divulgadas na campanha, mas as ligações não completaram.



Fonte: G1