Jack Warner teria votado no país asiático para 2022, em vez dos EUA. Detido, Chuck Blazer preferiu colaborar e gravou reuniões na entidade, segundo Sunday Times
A traição entre os dois homens mais poderosos do futebol das Américas
do Norte e Central pode ser considerada como o estopim do caso de
corrupção na Fifa, que estourou esta semana com a prisão de sete
dirigentes em Zurique, na Suíça.
Amigos por duas décadas, Chuck Blazer e
Jack Warner comandavam a Concacaf e o esquema de propinas de compras de
votos, direitos de transmissão, entre outros.
O primeiro era o
secretário geral da entidade, e o segundo, presidente. Na disputa pela
sede da Copa do Mundo de 2022 a dupla naturalmente votaria nos Estados
Unidos contra o Catar, Austrália, Japão e Coreia do Sul.
Porém, em dezembro de 2010, em uma sala de reuniões da Fifa, em Zurique, o catari Mohammed Bin Hammam, membro da Fifa e presidente da Federação Asiática de Futebol, estava com uma lista secreta de nomes que apoiariam o Catar.
Porém, em dezembro de 2010, em uma sala de reuniões da Fifa, em Zurique, o catari Mohammed Bin Hammam, membro da Fifa e presidente da Federação Asiática de Futebol, estava com uma lista secreta de nomes que apoiariam o Catar.
Ele não percebeu que sentado ao seu lado estava Blazer, que
viu por cima de seu ombro o nome de Jack Warner saltar por entre os
papéis. O dirigente que comandava o futebol dos Estados Unidos estava
votando contra os americanos, segundo revelou o jornal The Sunday Times
neste domingo.
Jack Warner, ex-presidente da Concacaf: traição ao ex-amigo é raiz de escândalos (Foto: Reuters)
Warner
negou ter recebido a propina, mas Blazer nunca o perdoou. Desde o dia
em que o Catar foi eleito já havia suspeitas de suborno. O FBI não
confirma, mas fontes em Washington ouvidas pelo jornal britânico
disseram que as acusações de corrupção começaram a surgir quando a Fifa
elegeu o Catar em detrimento dos Estados Unidos.
Em 2011, Blazer foi detido pelo FBI no meio de uma rua em Nova York por não ter declarado sua renda. Ele teve como opção ser preso ou colaborar.
Em 2011, Blazer foi detido pelo FBI no meio de uma rua em Nova York por não ter declarado sua renda. Ele teve como opção ser preso ou colaborar.
Ainda
furioso com Warner, Blazer escolheu a segunda opção. Com um gravador
camuflado no chaveiro, passou a participar de reuniões de funcionários
da Fifa.
A partir daí as investigações avançaram bastante, com a
descoberta de extorsões, fraudes, lavagens de dinheiro e evasões
fiscais. Os agentes americanos rastrearam US$ 11 milhões não declarados
por Blazer. Ele perdeu US$ 1,9 milhão, mas concordou em devolver a
quantia quando for sentenciado. Ainda não está claro se a colaboração
vai livra-lo da prisão.
Chuck Blazer com Bill Clinton: candidatura americana para sediar a Copa de 2022 frustrada por suborno (Foto: Reprodução)
Com
as denúncias, Warner foi obrigado a renunciar da presidência da
Concacaf. Dentre elas estavam a negociação de uma propina de US$ 10
milhões para garantir a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul e a venda de votos para a eleição do mesmo Mohammed Bin Hammam para a presidência da Fifa em 2011.
Durante
a semana, o agora ex-presidente da Concacaf e ex-membro da Fifa Warner
se entregou à polícia de Trinidad &Tobago preso, mas pagou fiança para responder o processo em liberdade.
Fonte: Globo.com