Honório Barbosa - Colaborador
Iguatu A probabilidade de o Ceará enfrentar o quinto
ano seguido de chuvas abaixo da média, de fevereiro a maio, é maior do
que a de ocorrer precipitações elevadas, segundo a Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Se confirmada essa
tendência, o Estado vai enfrentar uma situação ainda mais grave de
desabastecimento de água. Os açudes perderam volume e estão secando
desde 2012. O nível médio atual é de 12,77%.
No início deste ano, o Ceará acumulava um volume médio de 12,23%, tendo
por base os 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos (Cogerh). Em fevereiro de 2015, há um ano, o volume
médio era de 19,03%. Há dois anos (2014), era 29,95%.
O primeiro mês da quadra chuvosa está terminando e não houve recarga
significativa na maioria dos reservatórios. As chuvas concentradas na
segunda quinzena de janeiro favoreceram cheias de rios, riachos e açudes
na região dos Inhamuns, que é uma das mais secas do sertão cearense e
já enfrentava um período mais longo de estiagem. Nas demais regiões, o
quadro permanece preocupante.
A Bacia do Baixo Jaguaribe continua perdendo água e atualmente acumula
apenas 0,23%. É o índice mais baixo. Em seguida, está a do Curu com
2,88% e a do Banabuiú, 3%. A região dos Sertões de Crateús apresentou
uma ligeira melhora em relação ao início do ano e está com 4,5%.
Segundo a resenha da Cogerh, o Ceará tem hoje 27 açudes secos: Adauto
Bezerra, Barra Velha, Bonito, Desterro, Escuridão, Farias de Souza,
Favelas, Forquilha II, Jatobá, Jenipapeiro, Jenipapeiro II, Jerimum,
Madeiro, Nova Floresta, Pau Preto, Pirabibu, Quincoé, Quixabinha, Salão,
Santa Maria de Aracatiaçu, São Domingos, São Domingos II, São José I,
São Mateus, Umari e Vieirão; e outros 36 com volume morto.
Dos 153
monitorados pelo órgão, 130 estão com volume inferior a 30%. Somente a
Barragem dos Caldeirões, em Saboeiro, permanece sangrando. Outros dois
que transbordaram neste ano - Colina, em Quiterianópolis; e Trici, em
Tauá - deixaram de sangrar.
O governo faz monitoramento semanal da evolução das reservas hídricas.
Se, nos próximos três meses, não houver chuvas intensas que permitam a
recarga dos açudes, a situação ficará muito crítica, classificação para
quando o nível dos reservatórios fica inferior a 10%.
Vários
reservatórios já estão nessa situação, dentre eles, seis dos dez
maiores. O meteorologista da Funceme Raul Fritz observa que não basta
ocorrer chuvas localizadas e reduzidas: "Para a recarga dos
reservatórios, é preciso ter uma sequência de chuva mais próxima no
intervalo de tempo e de pluviometria elevada".
Fonte: Diário do Nordeste