
"O clima aqui é de perplexidade". O relato, de um morador de Baturité, a
aproximadamente 100Km de Fortaleza, remete ao sentimento dos populares
com relação ao que foi vivido naquela cidade, na última quinta-feira
(2).
Os corpos de duas crianças, aparentemente recém-nascidas, foram
encontrados no lixão municipal. Um deles, aparentava avançado estado de
decomposição. O outro, estava com uma das pernas arrancadas. A Polícia
Civil do Estado do Ceará (PCCE) instaurou inquérito para apurar o que
aconteceu.
De acordo com o titular da Delegacia Regional de Baturité, delegado
Ricardo Gonçalves, a Polícia foi acionada no começo da tarde. O achado
de dois corpos humanos, por si só, já seria desafiador para os
investigadores. Contudo, tratava-se de duas crianças mortas de maneira
desconhecida. Conforme o delegado, serão necessários exames
laboratoriais para identificar quais as causas das mortes.
"Um dos corpos estava sem a perna direita, que foi arrancada, e o outro
estava em estado de decomposição bem avançado, praticamente só a
ossada. Fui a Fortaleza e conversei com o médico legista que analisou os
corpos.
Ele me adiantou, de maneira extraoficial, que pelo tamanho do
corpo que estava sem uma das penas, tudo indica, que é compatível com
uma criança que tenha acabado de nascer. Estão sendo realizadas análises
para saber se essa criança teve vida ou não. Exames mais detalhados vão
me dar essa informação, se essa criança foi vítima de aborto, já nasceu
morta ou se foi assassinada", disse.
O sexo dos dois corpos não foram identificados. O delegado informou,
ainda, que análises preliminares também não apresentaram sinais
aparentes de violência, afora a ausência de um dos membros inferiores.
A
Polícia ainda não sabe dizer se as duas crianças eram gêmeas. Conforme o
delegado, foi solicitado exame de DNA para verificar se há algum grau
de parentesco. "Um inquérito foi instaurado e houve, no mínimo, crime de
ocultação de cadáver caracterizado", pontuou.
O radialista Neto Rodrigues esteve no local onde os dois corpos foram
encontrados e relatou o sentimento da população da cidade. "O clima é de
comoção, de perplexidade. A Polícia Civil agora tem uma grande
responsabilidade", afirmou.
Fonte: Diário do Nordeste