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Vereador suspeito de matar adolescentes volta à Câmara de Paraipaba e é hostilizado por populares

Renan Martins, parlamentar do Republicanos, pode ser cassado após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) 

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Imagem mostra o vereador Renan Martins, de Paraipaba, em sessão na Câmara Municipal, em meio a protestos de populares pela sua prisão. Ele está sentado na sua bancada no plenário. Veste um terno preto e uma camisa em tom ocre. Seus cabelos são escuros e sua pele clara.
Legenda: Vereador Renan Martins, suspeito de envolvimento em acidente que vitimou duas jovens no município, retornou às atividades em sessão tumultuada e com presença de agentes de segurança. Foto: Reprodução/Câmara de Paraipaba.

 

O retorno do vereador Renan Martins (Republicanos) à Câmara Municipal de Paraipaba nessa quinta-feira (5), após 90 dias de licença, causou revolta na população local. Ele é suspeito de conduzir o carro que colidiu e matou duas adolescentes que trafegavam na CE-162 em uma moto, em janeiro deste ano.

Yasmin Oliveira Félix, 14, e Isabelle Oliveira da Silva, 16, morreram no local do acidente. Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o condutor do veículo fugiu após o ocorrido.  

Na sessão de quinta-feira, ele foi recebido em plenário com gritos de “assassino” por familiares das meninas e populares, que carregavam cartazes pedindo a sua prisão. Agentes da Polícia Militar e da Guarda Municipal foram convocados para reforçar a segurança no local. 

Os trabalhos duraram cerca de 15 minutos e foram encerrados após o presidente da Casa, Felipe do Arnóbio (Republicanos), afirmar que há um processo administrativo contra Renan em andamento e que mais esclarecimentos serão dados no momento oportuno. “A família já está ciente, a justiça está sendo feita”, disse.

Em março, o Legislativo começou a analisar um pedido de cassação do mandato. Foi instalada uma comissão processante para verificar se o incidente envolvendo Renan caracterizou quebra de decoro parlamentar. 

Entre indas e vindas judiciais, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a continuidade do processo administrativo na Câmara, em decisão proferida na última terça-feira (3). A expectativa, segundo Felipe do Arnóbio, é que o relatório seja concluído no fim do mês de junho

Renan Martins vai ser cassado?

A discussão sobre a validade do colegiado foi parar na Justiça, que indeferiu o pedido do vereador pela suspensão da investigação parlamentar. Ele, então, interpôs agravo de instrumento perante o Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE). 

A relatora do recurso, desembargadora Tereze Neumann Duarte Chaves, deferiu o pleito de tutela antecipada e determinou a suspensão do processo de cassação.

O processo foi remetido ao STF. O presidente da Corte, ministro Luis Roberto Barroso, entendeu que há “risco de grave lesão à ordem pública” com a manutenção dos efeitos da decisão do TJ-CE. 

“O Supremo Tribunal Federal sedimentou sua jurisprudência no sentido de que, em regra, cabe aos órgãos do Poder Legislativo interpretar seus regimentos internos e aplicar suas normas aos parlamentares. Para que se preserve o princípio da separação dos poderes, a interferência jurisdicional é admissível apenas nos casos de violação direta a normas constitucionais”, assinalou o ministro, na decisão de terça.

Por isso, o procurador da Câmara Municipal, Anacleto Figueiredo, assegurou a continuidade do processo administrativo. Foi o que declarou, na sessão de quinta-feira, à população presente. 

“Não vamos entrar no mérito, nem nos estender. O próprio vereador está ciente que foi autorizada a continuidade do processo administrativo. As novidades vão ser comunicadas à medida do que for acontecendo. A presença do vereador aqui é legitima, é o direito assistido por ser um vereador eleito, e qualquer outro tipo de comunicação a ser dada, será no momento certo”, afirmou.

Ambiente político na Câmara

Algumas semanas depois do acidente, cresceu a antipatia a Renan Martins na Câmara Municipal. Com a denúncia em mãos, um grupo de oito vereadores, contando com o presidente da Casa, fez um pronunciamento pelas redes sociais dizendo que não concordaria com a “impunidade dos atos” do colega. 

“Sabemos da culpabilidade através do laudo pericial e estamos declarando apoio à família da Yasmim e da Isabelle. Contem com esta casa e com estes vereadores para buscar a justiça com vocês”, afirmaram, na ocasião. 

 

 

Membros da comissão processante, os vereadores Gutemberg Neto (PV), presidente; Priscila Meirelles (MDB), relatora; e Cleiton Santos (PT), membro, também fizeram coro ao posicionamento. 

Resposta da defesa

Após o incidente, o vereador Renan Martins desativou as redes sociais dele e não deu declarações públicas sobre a investigação. Segundo o delegado de Paraipaba, Aurélio de Araújo, o condutor do veículo, que se suspeita ser Renan, colidiu na contramão com a moto das adolescentes em uma curva. 

A defesa do vereador afirmou que ele deixou o local do acidente ao constatar a morte das meninas, que eram primas, e temer agressões por parte da família delas, conforme comentou o delegado à TV Verdes Mares.  

Ao PontoPoder, a defesa do parlamentar destacou que esteve na Câmara, nessa quinta-feira, e que a sessão contou com reforço policial, solicitado pelo presidente da Casa. "Acreditamos na justiça e que todos os processos, em todos os âmbitos, transcorrerão dentro do devido processo legal. O vereador Renan continuará exercendo o seu trabalho, sempre em prol do povo", complementou, em nota.

 

 

*Diário do Nordeste