A expulsão, segundo relatos de moradores, foi determinada por grupos criminosos que disputam o controle do território
Cerca de 30 famílias foram obrigadas a deixar suas casas na Rua Francisco Vasconcelos Júnior, conhecida como Beco do Boi, no bairro Barroso, em Fortaleza. A expulsão, segundo relatos de moradores, foi determinada por grupos criminosos que disputam o controle do território. A área, antes movimentada, agora está praticamente deserta, ruas vazias, casas abandonadas e um clima de medo constante tomam conta do local.

A equipe de reportagem da TV Cidade percorreu o beco e encontrou diversas residências vazias, algumas ainda com móveis e pertences deixados às pressas. Portões arrombados, portas quebradas e pichações nas paredes revelam o rastro deixado pela violência. “Os criminosos arrombam os portões e invadem as casas. Muitas famílias não conseguem nem tempo para levar tudo, só o essencial”, relatou um morador que ainda resiste na região.
De acordo com informações obtidas pela equipe, ao menos 30 famílias foram expulsas de suas casas. As ordens do crime, segundo os relatos, são cumpridas rapidamente pelos moradores, que têm medo de desobedecer.
A situação no Beco do Boi reflete a disputa entre facções criminosas que vem se intensificando em diferentes áreas da capital. Mesmo com o reforço no patrulhamento da Polícia Militar, o medo e o abandono permanecem. Muitas casas seguem desocupadas, enquanto poucas famílias tentam resistir, vivendo sob constante tensão.
O caso está sendo acompanhado pelas autoridades, que reforçaram as ações de segurança na região.
Outro caso recente em Fortaleza
Moradores do residencial Cidade Jardim I, no bairro José Walter, em Fortaleza, estão sendo expulsos de suas casas por integrantes de facções criminosas. A equipe da TV Cidade acompanhou com exclusividade, nesta terça-feira (9), o momento em que diversas famílias deixavam o conjunto habitacional às pressas, escoltadas pela Polícia Militar.
Segundo os moradores, o crime organizado deu um ultimato para que deixassem os apartamentos em poucas horas. “A ordem é dada e tem que sair. Se não sair, eles matam vocês. Tem que sair”, relatou uma idosa, mãe de uma das moradoras ameaçadas.
Em prantos, ela contou que precisou abandonar o lar da filha, que vive com os filhos pequenos, dois deles com autismo. “Bateu desespero. Aqui não é minha casa, é da minha filha. Cheia de filhos, tem filha autista, ontem entraram aí dentro, deixaram tudo desarrumado”, disse emocionada.
A idosa também agradeceu a presença da polícia, que auxiliava na retirada dos pertences das famílias ameaçadas. “Agradeço a Deus e à polícia, que estão do nosso lado. Eles também estão no meio dessa guerra. Que Deus guarde a gente e dê força a eles pra continuar”, declarou.
A Polícia Militar reforçou o policiamento na área para garantir a segurança dos moradores que deixavam os apartamentos. O tenente Jones, do Batalhão de Choque (CPChoque), afirmou que as operações estão sendo intensificadas em Fortaleza e na Região Metropolitana.
“É uma tristeza que realmente nós carregamos sobre essa situação. Mas nós, do Batalhão de Choque, comandados pelo tenente-coronel Cavalcante, estamos ocupando o Cidade Jardim I e regiões próximas, como Pacajus, Pindoretama e Cascavel. Incansavelmente, estamos na rua para dar tranquilidade à população, porque quem manda na cidade é a polícia e o cidadão”, destacou o oficial.
O policial acrescentou que as ações continuarão até que os responsáveis pelas ameaças sejam identificados e presos. “A gente não vai parar. Vamos continuar com nosso trabalho até que os bandidos desistam dessa situação. O Batalhão de Choque está aqui pra botar moral e respeito para toda a população de Fortaleza e região metropolitana”, completou.
De acordo com a reportagem, as famílias foram obrigadas a abandonar seus lares em blocos diferentes do conjunto, como o 1, o 4 e o 6. Em algumas unidades, os criminosos teriam invadido apartamentos antes da chegada da polícia, deixando os locais completamente revirados.
A repórter Iva Soares, que acompanhou o caso, relatou o clima de medo e desespero. “É revoltante ver uma senhora chorando, com netos pequenos, tendo que deixar tudo para trás por causa de ameaças do crime. A polícia permanece na área porque, se sair, os bandidos podem voltar e não permitir nem que as famílias retirem seus pertences”, afirmou.
Equipes do CPChoque, do Cotan e do Policiamento Ostensivo Geral (POG) permanecem no conjunto habitacional realizando buscas na tentativa de localizar os criminosos envolvidos nas expulsões.
*Portal GCMais