Grupo mantinha imóveis de luxo e teria entre seus integrantes uma escrivã da Polícia Civil
Estava armada de pistola, mas foi rendida com sua comparsa Suelem Amorim
na saída de um prédio de luxo. O mesmo em que, na sequência, foi dada
voz de prisão ao namorado de 'Gabi', Francisco Weskley Bento de Lima, o
'Leleca', em um apartamento com joias, celulares, computadores, R$ 14,6
mil em espécie e um pequeno laboratório do tráfico de drogas.
O trio foi
conduzido à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde era
investigado por homicídios e tráfico de entorpecente. Uma escrivã de
Polícia, tia de Gabi, foi saber o motivo das prisões e foi detida. Já
havia mandado de prisão contra Maria das Graças Gadelha Bonfim, policial
civil acusada de passar informações privilegiadas para a quadrilha.
Início
Até a última
quarta-feira foram presas 11 pessoas. Mas ainda não terminaram as
investigações que tiveram início em outubro do ano passado, lideradas
pelo delegado Leonardo Barreto. Ele presidiu o inquérito que teve início
com as investigações do assassinato de Felipe Nathan da Silva, em
outubro do ano passado. O autor teria sido Valfrísio de Carvalho Filho,
preso com o comparsa Lindemberg de Sousa Mendes. Ambos seriam do grupo
de Gabi. As prisões, lideradas por Leonardo Barreto começaram no dia 20
de junho, com Gabi, Suelem e 'Leleca'. É o dia em que a escrivã Maria
das Graças recebe voz de prisão preventiva. "Sem querer ela facilitou o
trabalho da Polícia ao já vir aqui", afirma o delegado. Ainda no dia 20
foi presa Graziele de Sousa Bonfim, a 'Ziza', irmã de Gabi e que
controlava a venda de drogas na Favela da Graviola, nas imediações da
Avenida Monsenhor Tabosa. No dia seguinte, foram presos Eduardo Santos
Silveira e Regina Lúcia de Sousa, a Lucinha. Foi o mesmo dia das prisões
dos acusados Valfrísio e Lindemberg.
Ainda na
sequência das investigações, a Polícia chegou à técnica de enfermagem
Silvia da Silva Roca e seu companheiro Antônio Israel da Silva Martins,
este mal saído da prisão no dia anterior. Na residência do casal havia
munições de calibre Ponto 40 e 38, carregador de pistola, identidades
falsas e 13 kg de mistura química em pó, usada na produção de
entorpecentes. Segundo a Polícia, o casal era responsável por se
informar sobre os grupos organizados e identificar os desafetos da
quadrilha.
A lista parcial
de detenções foi fechada com a apreensão de dois adolescentes e que
seriam usados, na linguagem do tráfico, como "para-choque". Eles
assumiriam casos de flagrantes de crimes cometidos pelos parceiros da
quadrilha.
No comando
De acordo com a
Polícia, 'Gabi' tinha o costume de andar armada. Em sua posse
(inclusive durante a abordagem), uma pistola ponto 40. "Ela comandava o
tráfico, mas tinha o cuidado de fazer parecer que não tinha
envolvimento", afirma Luís Carlos Dantas, diretor da DHPP. A cocaína
apreendida, 1 kg, tem alto grau de pureza. "Ela sempre teve o interesse
em só comercializar drogas de primeira qualidade", frisou Dantas.
A área de
abrangência do grupo de 'Gabi' se estende pelos bairros Praia de
Iracema, Aldeota e Moura Brasil. Mas não foi a primeira prisão dela, nem
mesmo a primeira vez em que a Polícia anunciou a "desarticulação" da
sua quadrilha.
Por força de
liminares judiciais, não só ela, como outros comparsas foram soltos em
2012, pouco tempo de suas prisões - 'Gabi' foi detida por policiais da
Delegacia de Narcóticos (Denarc) quando acompanhava o velório de um
partícipe do seu grupo. O primeiro revés da sua quadrilha deu-se em
2009, com a prisão de seis integrantes.
A tia de
Gabriela, escrivã de Polícia Maria das Graças Gadelha Bonfim, lotada no
33º DP, nas Goiabeiras, está presa na Delegacia Geral de Polícia Civil.
Conforme o
diretor da DHPP Luís Carlos Dantas, ela deverá ser expulsa da Polícia. É
acusada de associação ao tráfico. Todos os presos foram acusados pelos
crimes de homicídio qualificado, tráfico de entorpecentes e na Lei de
Organização Criminosa.
Melquíades Júnior
Repórter
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste