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Oferta hídrica: Seca afeta produção do Vale do Curu e região da Ibiapaba

Irrigação e poços profundos são os mais prejudicados com a falta d'água causada por três anos seguidos

Sobral. Dois dos mais importantes centros agrícolas do Estado estão sendo fortemente prejudicadas com a seca deste ano. 
No Vale do Curu, maior produtor de Coco do Ceará, o abastecimento para irrigação foi cortado, sendo racionado apenas para o consumo humano. Já na Serra da Ibiapaba, apesar do Rio Jaburu estar acima de 50% da capacidade de abastecimento, os poços profundos estão secando vertiginosamente, principalmente na região da zona do carrasco.
De acordo com o Presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) Flávio Saboia, o perímetro irrigado do Vale do Curu, na região da Paraipaba, reúne mais de três mil hectares divididos entre 700 pequenos e médios produtores, quase todos de coco. "São mais de dois mil hectares de plantação de coco. Com a suspensão da água para irrigação, essa o coqueiro, que é uma cultura permanente, irá morrer", explica ele. A barragem que abastece a região, conta hoje com nível entre 5% e 7%.
Flávio destaca que a Faec e os agricultores entendem a necessidade do corte de abastecimento para irrigação, porém é necessário que sejam apresentadas medidas para minimizar as perdas.
Alternativas
"O abastecimento humano é prioridade, e isso não é discutível. Entendemos e apoiamos a decisão. Porém, queremos que o poder público nos apresente meios ou alternativas para que os danos seja minimizados e pelo menos não se perca o plantio". O coqueiro, para começar a produzir, leva pelo menos seis anos após ser plantado.
"A perda dessa plantação irá prejudicar os agricultores durante uma média de seis até dez anos. E não apenas os produtores de coco. Temos grandes produtores de gado que também já começaram a apresentar perdas. Todo mundo sai prejudicado. Pequeno, médio, grande produtor e pessoas que trabalham para eles ou com eles", afirma o presidente da Faec.
Para ele, uma das medidas que o poder público poderia tomar seria a coleta de água a partir de poços rasos, como meio de salvar o plantio. "O Projeto Pingo D'Agua, apresentado pelo engenheiro agrônomo José Maria Pimenta, consiste na perfuração de poços tubulares manuais", detalha Flávio. Além desse, existe ainda outra possibilidade que foi apresentada em 2012 pela Faec, o seguro seca.
"Diferente do Seguro Safra, que é voltado para agricultura familiar, o Seguro Seca seria voltado para quem pratica a agricultura e pecuária econômica. Essa possibilidade foi apresentada há dois anos para o poder público", lembra.
Ibiapaba
Em São Benedito, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Osmar Gomes, conta que a situação para os produtores está difícil, principalmente para os que moram nas zonas mais distantes da cidade. "Muitos poços profundos de 80 metros estão completamente secos, além disso, a tensão da energia não é bastante para aguentar os motores para puxar água dos que ainda não secaram".
Segundo ele, quase metade da população sobrevive de agricultura em São Benedito. São aproximadamente 18 mil agricultores numa população total de 44 mil sambeneditenses.
"Na Zona do Carrascos, distante dois quilômetros do chamado cinturão verde da Serra da Ibiapaba, é hoje uma das nossas piores realidades. Além dela, temos ainda duas lagoas secando, além do Arabê e Tejuaba estarem totalmente secos", disse. Para o presidente, algumas das medidas possíveis seriam a perfuração de poços mais profundos, com 130 metros, e a construção de cisternas. "Há três anos sofremos com a seca, e como se isso não bastasse, ainda tem zonas que começaram a sofrer com o desmatamento", afirmou".
Segundo o Gerente Regional da Companhia e Gestão de Recursos Hídricos, responsável pela região da Serra da Ibiapaba e Crateús, Rodrigues Júnior, o rio Jaburu, responsável pelo abastecimento da Ibiapaba, é uma das bacias que apresenta situação mais confortável no Estado. Sobre os poços profundos, explica que a melhor resposta poderia ser dada pelo presidente do Comitê da Seca, o Secretário de Agricultura do Estado Nelson Martins. A reportagem tentou contato com a Cagece e com Nelson, mas não houve retorno até o fechamento da edição.
Mais informações:

Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
Rua Adualdo Batista, 1550
Parque Iracema
Telefone: (85)3218.7020

Jéssyca Rodrigues
Colaboradora
Fonte: Diário do Nordeste