Já foram confirmados 142 casos da doença em Fortaleza; maior incidência está em bairros da Regional V
Fortaleza passa
por um novo surto de sarampo, que atinge, sobretudo crianças com menos
de 1 ano, confirmou, ontem, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Até
semana passada, foram confirmados 142 casos na Capital em 2014, com
incidência de 40% em bebês. De acordo com a SMS, 26 casos ainda estão
sendo investigados. A Pasta deve divulgar amanhã novos números em
boletim epidemiológico.
Os bairros mais
afetados com o surto são os da Regional V, com grande incidência,
principalmente, no Siqueira, Bom Jardim, Granja Portugal, Mondubim e
Genibaú. O maior desafio é conter esse surto, uma vez que o sarampo é
considerado uma doença infecto-contagiosa de altíssima
transmissibilidade.
A gerente de
imunização da SMS, Vanessa Sodateli, conta que, após 15 anos sem
registros de sarampo no Ceará, em dezembro de 2013, o primeiro caso da
doença apareceu em Fortaleza, se espalhando, principalmente, pelos
bairros da Regional II.
"Fizemos uma
intensificação da vacinação no bairro e trabalhamos o bloqueio da
doença. O último caso foi registrado no dia 31 de maio. Para que
possamos afirmar que o surto acabou, o protocolo exige que contemos 90
dias do último caso sem nenhum registro. E, faltando três dias para
atingir esse período, novos casos da doença foram surgindo, desta vez,
na Regional V", explica.
A gerente de
imunização garante que não há motivo para pânico, mas reconhece que a
população precisa ficar alerta e procurar se proteger. "A única forma de
proteção é a vacinação. Disponibilizamos vacinas em todos os postos de
saúde e, na Regional V, estamos vacinando até nas UPAs (Unidades de
Pronto Atendimento) e no Croa (Centro de Assistência à Criança)".
Contudo, a
greve dos agentes de saúde é um agravante. Um dos bairros mais afetados,
o Siqueira, teve registro de quatro casos nos conjuntos habitacionais
Rachel de Queiroz e Miguel Arrais, que fazem parte de áreas descobertas
por agentes de saúde. "Nós temos apenas dez agentes no Siqueira. O ideal
seriam 35. Temos muitas áreas residenciais sem agentes. E eles têm,
sim, um papel muito importante na prevenção de doenças. Até no simples
fato de olhar o cartão de vacinas que está vencido e orientar o cidadão a
vir ao posto", desabafa a auxiliar de coordenação do Centro de Saúde da
Família Siqueira, Kelly Rodrigues.
Ela também
aponta a falta de responsabilidade da família. "Estamos intensificando a
vacinação e encontramos muitas pessoas com o cartão de vacinação
atrasado. Aí as crianças ficam desprotegidas e acabam sendo afetadas",
completa.
A pensionista
Veridiana Maciel, residente na Vila Manuel Sátiro, reclama dos vários
casos de sarampo no bairro. Ela afirma que as ações de bloqueio não
estão acontecendo. "Teve já uns três casos próximo à minha casa.
Inclusive, uma criança está hospitalizada. Mas não vi ninguém vindo aqui
vacinar as pessoas mais próximas", reclama.
Combate
Sodateli
garante que o protocolo está sendo seguido e que, apesar da Regional V
ser uma das mais populosas, com quase 500 mil habitantes, já se
conseguiu controlar a doença em alguns bairros. "Nesses conjuntos
habitacionais do Siqueira, por exemplo, 5 mil pessoas moram lá e tivemos
casos. Identificamos o problema, fizemos uma varredura e vacinamos
todos que não estavam imunizados. Já controlamos o surto no Siqueira".
Desde janeiro,
quando a campanha de vacinação começou a ser trabalhada com o foco no
sarampo, só na Regional V foram vacinadas 4.300 pessoas. O foco das
vacinas são mulheres de até 39 anos, homens de até 49 anos e crianças de
6 meses até 1 ano. A vacina é eficaz em cerca de 97% dos casos. Deve
ser aplicada em duas doses a partir do nono mês de vida da criança.
Exceção feita durante período de surto, em que se faz duas doses, com
seis meses e 1 ano.
Contágio
O sarampo é uma
doença infecto-contagiosa transmitida por secreções das vias
respiratórias como gotículas eliminadas pelo espirro ou pela tosse. O
tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é de cerca de 12
dias. A transmissão pode ocorrer antes de surgirem os sintomas e
estender-se até o quarto dia depois que surgirem placas avermelhadas na
pele. Em gestantes, pode provocar aborto ou parto prematuro.
Além das
manchas avermelhadas na pele, que começam no rosto e progridem em
direção aos pés, outros sintomas devem ser observados, como febre,
tosse, mal-estar, conjuntivite, coriza, perda do apetite e manchas
brancas na parte interna das bochechas. Pneumonia e encefalite são
complicações graves do sarampo. O diagnóstico do sarampo é feito por
exames clínicos e, quando necessário, confirmado por exame de sangue.
Mais informações
Secretaria Municipal de Saúde
Rua do Rosário, 283, 3º andar, sala 306 - Centro. Tel.: (85) 3452.6619.
Atendimento ao público
De segunda a sexta-feira,
Das 8h às 12h e das 13h às 17h
Karine Zaranza
Especial para Cidade
Especial para Cidade
Fonte: Diário do Nordeste