Caso destaca a discriminação generalizada na China contra as pessoas que vivem com o vírus HIV
Um empresário da construção chinês recorreu a um grupo de
homens portadores do vírus da Aids para perseguir e obrigar moradores a
deixar suas casas, provocando indignação nas redes sociais nesta
terça-feira.
O caso é o mais recente a destacar a discriminação generalizada na China contra as pessoas que vivem com o vírus HIV.
Ele também ressalta a falta de escrúpulos de algumas empresas
imobiliárias e funcionários, que expulsam moradores de suas casas em um
país onde a revenda de terras pode fornecer grandes dividendos para os
governos locais.
"As táticas obscenas das equipes de demolição emergem em uma sucessão
incontável", declarou um usuário do Sina Weibo, a versão chinesa do
Twitter, nesta terça-feira.
"Os departamentos governamentais definitivamente sabem sobre isso, eles estão apenas fingindo que não", escreveu outro.
De acordo com uma reportagem divulgada na segunda-feira pela rede de
televisão estatal chinesa CCTV, um empresário da construção na cidade de
Nanyang contratou seis pessoas com HIV com o objetivo de forçar
moradores de um complexo residencial que seria demolido a deixar suas
casas.
Li Gejun, vice-chefe de propaganda do distrito de Wolong, na
província de Nanyang, disse à CCTV que a Yi'an Real Estate Company
contratou os pacientes "a fim de alcançar sua meta de demolição
rápida".
Imagens divulgadas pela emissora mostraram as palavras "Equipe de
demolição AIDS" pichadas em muitos muros do complexo residencial.
Os homens contratados também detonaram fogos de artifício,
perseguiram moradores e lançaram bolas de aço contra as janelas das
casas, segundo a agência de notícias oficial Xinhua.
Quatro funcionários foram advertidos e cinco suspeitos detidos em
conexão com o caso, segundo a Xinhua, acrescentando que a demolição do
complexo residencial foi decidida no âmbito de um plano do governo.
As demolições forçadas são uma fonte de descontentamento constante na
China, onde os governos locais muitas vezes ganham somas enormes por
expulsar as pessoas para liberar a terra e, em seguida, revendê-la para
desenvolvedores.
O incidente ocorreu na província de Henan, que na década de 1990 foi
palco de um enorme escândalo de sangue contaminado que afetou dezenas de
milhares de pessoas.
Ele acontece uma semana após o ministro chinês da Saúde precisar se
comprometer a fornecer cuidados médicos a Kunkun, um menino soropositivo
de oito anos depois que os habitantes de seu povoado tentaram
expulsá-lo.
Cerca de 200 moradores - incluindo o próprio avô da criança -
assinaram uma petição para expulsar o menino de sua aldeia na província
de Sichuan para "proteger a saúde dos moradores".
A discriminação contra as pessoas com Aids continua sendo um problema
em escolas, hospitais, locais de trabalho e outros estabelecimentos em
toda a China, um fator que os especialistas dizem que dificulta os
esforços para diagnosticar e tratar a doença.
Fonte: Band.com.br