Essa era um das lendas que circulavam sobre Hitler.
Ata foi assinada enquando Hitler estava recluso em prisão da Baviera.
Um relatório médico do ditador Adolf Hitler, datado de 1923, confirmou em parte uma das lendas sobre ele, ao assinalar que sofria de criptorquia, ou seja, que só um de seus testículos tinha descido à bolsa escrotal.

Göring, o superministro de Hitler, aparece com o Fuhrer (à direita) em foto de 1934 (Foto: Getty)
A ata foi assinada pelo médico Josef Brinsteiner na prisão da Baviera
onde Hitler ficou recluso após o fracassado golpe de estado que
protagonizou em Munique em 1923, e faz parte do livro "Hitler como
prisioneiro em Landsberg am Lech, 1923/24" que acaba de ser publicado na
Alemanha pelo historiador Peter Fleischmann.
O médico anotou em um relatório assinado em 12 de novembro, após uma
revisão médica, que o "preso número 45", Hitler, se encontra em bom
estado de saúde, e que padece de "criptorquia do lado direito".
Como lembraram neste sábado vários meios de comunicação alemães, pouco
se equivocaram os soldados britânicos, que na Segunda Guerra Mundial
cantavam "Hitler has only got one ball" ("Hitler só tem uma bola"), uma
paródia da popular "Marcha do coronel Bogey".
O diagnóstico rebate no entanto a parte da lenda que indicava que
Hitler poderia ter perdido um testículo ferido por uma granada no front
durante a Primeira Guerra Mundial.
O ata permaneceu durante décadas oculta e foi divulgada em 2010, quando
uma casa de leilões lançou 500 documentos vinculados à estadia de
Hitler na prisão de Landsberg, e que foram finalmente apreendidos pelas
autoridades.
Fleischmann, diretor dos arquivos públicos de Nüremberg, os analisou
durante anos e reuniu em seu livro detalhes do período que Hitler passou
atrás das grades, onde, destacou o jornal "Süddeutsche Zeitung", pôde
desfrutar de vários luxos, em boa parte graças à simpatia do diretor da
prisão.
O condenado era tratado de "senhor", as celas que ocupou junto com seus
camaradas na tentativa de golpe foram condicionadas e se ele recebia
comida preparada fora da cozinha da prisão.
O livro reúne também curtas biografias das 330 pessoas que visitaram
Hitler durante os meses que passou na prisão, onde começou uma greve de
fome logo depois de ser detido.
Nessa prisão foi também onde escreveu parte do primeiro tomo de "Mein
Kampf", o livro em que organizou seu pensamento político, que definiu as
bases racistas e antissemitas da ideologia nacional-socialista.
Esta obra, em edição crítica comentada, voltará em poucas semanas às
livrarias alemãs pela primeira vez em 70 anos, após o fim do período de
proteção dos direitos autorais, de propriedade intelectual do estado
federado da Baviera.
Fonte: G1