Apontado como um dos pistoleiros que entraram na Rádio
Liberdade FM, em Camocim (CE), para matar o radialista Gleydson
Carvalho, Thiago Lemos da Silva narrou, durante depoimento ao promotor
de Justiça Eloisom Augusto da Silva Landim e ao delegado Herbert Ponte e
Silva, ocorrido em Fortaleza, detalhes um tanto comprometedores, para
não dizer seríssimos, sobre o caso.
No depoimento, ele cita o nome do prefeito de Martinópole, James Bell,
em uma situação em que o gestor municipal seria o mandante da morte do
radialista.
Em contato da reportagem com James Bell, ele nega qualquer envolvimento
com o crime, e chegou a dizer que não tinha conhecimento de que havia
sido citado em qualquer depoimento que fosse. O prefeito não permitiu
que a entrevista fosse gravada.
Thiago Silva, na verdade, conta detalhes de uma “discussão” que teria
ouvido, protagonizada entre um dos tios do prefeito e a mulher desse
tio, que vem a ser Batista Dentista.
“Que em uma dessas discussões ouviu quando a mulher de Batista
perguntava quem estava mandando fazer isso e Batista dizia que era o
Prefeito James”, traz o depoimento.
Um pistoleiro saber o nome do prefeito de Martinópole James Bell é no
mínimo comprometedor, principalmente, dentro de um contexto nada
promissor, quando membros da família do chefe do executivo municipal e
pessoas ligadas à prefeitura de Martinópole foram presas e denunciadas
por envolvimento no assassinato que chocou o país e repercutiu mundo a
fora.
Por isso, uma das peças chaves desse quebra-cabeças é justamente a
prisão de Batista Dentista, mas ele ainda está foragido. Isso se já não
existir caminhos e indícios suficientes para dar um desfecho ao caso.
O certo é que o depoimento de Thiago teria ajudado a prender ao menos um, mas não afetou ainda o prefeito James Bell.
Radialista era pra ter morrido bem antes
Thiago Silva diz ainda em seu depoimento que o apontado como que sendo o
segundo pistoleiro, de nome Israel [o 'Baixinho'], só não matou
Gleydson Carvalho antes do dia da investida que acabou por ceifar a vida
do radialista, porque o “indivíduo magrinho” que levou Israel à rádio
temeu quando a ordem de matar foi dada por “Batista”. A dupla havia
visto o radialista entrando na rádio, mas não agiu naquele momento.
“Que no terceiro dia em Serrota, Batista foi buscar o declarante e
Israel para a casa de Chico dentista; Que ao chegarem na casa de Chico,
Israel foi juntamente com um homem magrinho, que tem olhos claros, com
uma mancha dentro do olho, o qual o declarante reconheceu nesta
delegacia através de fotografia em um veículo corola ver se o radialista
estava na rádio; Que soube que quando Israel chegou juntamente com esse
indivíduo magrinho na rádio viram o radialista chegar na rádio. Que o
radialista só não foi executado naquela hora porque o dono do corola não
queria que seu carro aparecesse”, diz trecho do depoimento.
O homem que fez a ponte com o pistoleiro: "Zanoio"
O depoimento de Thiago Silva traz ainda quem teria feito o contato com
ele em nome de Batista Dentista. As características dadas pelo suposto
pistoleiro é a de um homem “zanoio”, residente em "Itarema" e de nome
"Roberto". O contato foi feito em julho de 2015.
“Que nesse ano corrente [2015] aproximadamente no mês de julho a pessoa
de nome Roberto, o qual é “zanoio” e reside em Itarema, foi até a
residência do declarante e disse “que tinha uma pessoa que queria falar
com o declarante, pois queria que ele fizesse um serviço para ele”; Que
Roberto levou o declarante até a casa de Batista na localidade de
Remanso município de Marco e este falou que queria matar um radialista”,
entregou.
No depoimento, Tiago revela também inúmeros outros detalhes, como a participação de Chico Dentista na trama criminosa.
O radialista Gleydson Carvalho foi morto a tiros no dia 6 de agosto de 2015.
Veja a íntegra do depoimento de Thiago Lemos da Silva
Fonte: 180 Graus