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PM que agrediu mulher é afastado das funções

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O momento em que o capitão da PM dá um tapa no rosto da mulher foi filmado por frequentadores do calçadão
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O secretário de Segurança Pública, André Costa, se manifestou nas redes sociais e pediu que o caso seja tratado "como exceção e não como regra"
O capitão Allan Kardek Barbosa Ferreira, lotado no Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur), foi afastado de suas funções pela Polícia Militar do Ceará (PMCE), após agredir uma mulher com um tapa no rosto, durante uma discussão ocorrida no calçadão da Avenida Beira-Mar, na noite de domingo (30).

De acordo com nota emitida pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o capitão irá se apresentar no Quartel do Comando Geral (QCG), hoje. A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Estado do Ceará (CGD) anunciou que "irá instaurar procedimento disciplinar para apurar o fato divulgado e já realizou diligências iniciais".

A agressão foi filmada e circulou nas redes sociais. No vídeo, o militar aparece irritado e dá ordens à advogada, como "fala baixo". Em seguida dá um tapa no rosto dela. Outro PM chega para amenizar a discussão. "Você está pensando o quê? Eu tô tentando resolver a situação na tranquilidade", dispara o policial agressor. Depois, ele e a mulher deixam o local da confusão.

O comandante do BPTUR, tenente-coronel Claiton Abreu, informou que não tem certeza sobre a motivação da discussão entre o oficial e a advogada, que culminou na agressão. "O vídeo mostra o fato por si só. O que temos é o vídeo e a gente não sabe ainda que providências a senhora vai tomar. Durante o calor da ocorrência, ela saiu do local. Vamos apurar o porquê daquela atitude. A princípio, o que se tem é que estaria havendo uma agressão de populares a um morador de rua, entre a estátua e o espigão da João Cordeiro, e ele (Allan Kardek) tentou intervir. Não temos maiores detalhes se aquela senhora estaria participando do ato", afirmou.

Após a agressão, o capitão teria comparecido à sede da SSPDS para prestar depoimento sobre o caso. Conforme o Termo de Declaração, ao qual o Diário do Nordeste teve acesso, Allan Kardek depôs que passava pela Rua João Cordeiro, quando avistou uma aglomeração agredindo uma pessoa que estava no chão, sem defesa.

O militar afirmou ter tentado controlar a multidão, inclusive a mulher que agrediu. Segundo ele, a vítima estaria "insuflando os ânimos" dos agressores. Entretanto, de acordo com o depoimento do oficial, ela não parou.

O policial militar, então, justificou que "de forma automática de seu subconsciente, para evitar um mal maior, ou seja, o linchamento até a morte do morador de rua, inclusive por estar em número inferior e desproporcional àquela situação, precisou usar de força necessária e controlada para que a situação fosse restabelecida".

A reportagem entrou em contato com a advogada agredida pelo PM, através do Facebook, mas ela não respondeu até o fechamento desta matéria. Em um comentário na mesma rede social, a vítima disse que estava pedindo providências ao policial, por conta de uma tentativa de assalto contra uma jovem de 14 anos. Ela acrescenta que não desacatou o PM em nenhum momento. "Reagirei dentro da lei e na Justiça", afirmou a mulher.

Declarações
A SSPDS afirmou que não compactua com nenhum tipo de violência e não apoia ações excessivas por parte de seus servidores. "A SSPDS reforça que a ação não condiz com a formação que os agentes das Forças de Segurança do Estado recebem e contraria o treinamento e orientações ofertados a estes profissionais".

O secretário André Costa, em sua página no Facebook, pediu que os cearenses "não tratem a exceção como regra". "A Polícia cearense continua firme na missão de defender os cidadãos e buscar uma maior aproximação com a população", acrescentou.

O titular da Pasta disse, ainda, que o caso será apurado. "Vamos aguardar a devida apuração do caso, que será tratada com independência e buscando a verdade", pontuou na postagem.

A Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE), por meio de nota emitida pela Comissão da Mulher Advogada, manifestou repúdio à agressão e prometeu acompanhar a investigação do caso. "A Polícia Militar não pode albergar em seus quadros e colocar nas ruas um servidor com tal despreparo para sua principal missão, que é a de cuidar e defender a população cearense. A OAB irá acompanhar a apuração dos fatos e exigir a responsabilização do agressor, esperando que responda pela sua violência institucional".

A SSPDS orientou que quem tiver queixas relativas à atuação policial ou presenciar práticas abusivas por parte de agentes de Segurança Pública, formalize a queixa junto à CGD, para que tais ações sejam investigadas.



Fonte: Diário do Nordeste