Um homem destruiu imagens sacras, portas, bancos, vitrais, caixas de
som e de rede elétrica e móveis de quatro capelas na zona rural de
Quixelô e de Acopiara na madrugada desta quarta-feira (3).
O suspeito de praticar o ato é um homem, que sofre de esquizofrenia, e
é integrante da Assembleia de Deus na localidade de Santo Antônio, em
Acopiara. O bispo da Diocese de Iguatu, dom Édson de Castro Homem, repudiou a ação que foi classificada de profanação de templo religioso.
A ação destruidora foi praticada contra a Capela de São Francisco, no
distrito de Santo Antônio em Acopiara; Capela de São José, no sítio
Santa Maria; Capela Nossa Senhora das Graças, no sítio Carnaubinha do
Faé; e Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na localidade de Paus
de Leite do Faé, em Quixelô. Os católicos dessas comunidades ficaram
revoltados e tristes e alguns até choraram.
Representantes da diocese registraram boletim de ocorrência na Delegacia Regional de Polícia Civil de Iguatu em que apontam Jaime Felipe de Lucena
como o autor dos atos de destruição nas quatro capelas. De acordo com o
registro policial, o acusado foi capturado e levado para uma unidade do
Centro de Atenção Psicossocial (Caps), em Iguatu.
O delegado regional, Jerffison Pereira, vai abrir
inquérito para investigar o caso com base no artigo 208 do Código Penal,
que trata de crime de vilipêndio de objeto de culto religioso, e
analisar a capacidade mental do autor da destruição dos templos
católicos.
O padre João Teixeira, pároco de Quixelô,
responsável pelas quatro capelas, lamentou o fato e disse que estava
profundamente triste e que muitos estavam sofrendo mediante o ato de
vandalismo e de intolerância religiosa. Na manhã desta quarta, ele
visitou os templos religiosos que foram interditados pela diocese. “As
pessoas vieram ao meu encontro, abaladas, assustadas e tristes”, frisou.
“Houve uma profanação, um sacrilégio”.
Reparação
A diocese vai definir uma data para realizar atos litúrgicos
específicos para reparar o ato de profanação, em particular na capela
dedicada a São Francisco, na localidade de Santo Antônio, zona rural de
Acopiara, onde o sacrário com hóstias consagradas (Para Igreja Católica
representa o Corpo de Cristo na eucaristia) foi destruído e partículas
jogadas ao chão.
“Houve um ato intencional de hostilidade por parte de uma pessoa que
necessita de tratamento sério, mas que parece ter agido por influência
de outra doutrina”, frisou o padre João Teixeira. “Espero justiça”.
Dom Édson de Castro Homem está no Rio de Janeiro e por meio de
mensagem gravada repudiou o que denominou de gesto reprovável. “Quando o
membro de uma religião ofende outro por ter uma fé diferente comete um
atentado à lei do País e à liberdade religiosa”, observou. “Destruiu
bens da diocese e de forte sentimento religioso e isso é crime”. O bispo
pediu respeito entre as religiões. “Espero que quem fez isso se
arrependa, peça perdão a Deus”.
Violência
De acordo com relato de moradores, o ato de vandalismo começou por
volta da meia-noite na localidade de Santo Antônio, em Acopiara. Teria
arrombado as portas com o uso de uma motocicleta.
Quebrou imagens,
sacrário, altar, microfone, caixas de som. Em seguida foi até a capela
do sítio Angicos e destruiu vitrais e imagens externas. Depois foi até o
sítio Carnaubinha do Faé, quebrando cadeiras, altar de mármore,
imagens, ventiladores. Foi o templo mais destruído. Por último, destruiu
a quarta capela no sítio Paus de Leite do Faé (portas, caixa de
energia, fogão, quadros, imagens, parte do altar).
Os moradores inicialmente achavam que o barulho não seria decorrente
de um ato de destruição de móveis e imagens das capelas. Com o decorrer
do tempo ficaram assustados. Alguns relatam que o acusado apresentava
uma força intensa, agindo com muita violência e raiva. “As pessoas
ficaram com medo porque o homem tinha uma força descomunal”, disse um
assessor da paróquia de Bom Jesus Piedoso, em Quixelô.
O Diário do Nordeste esteve no fim da tarde de no Caps III,
em Iguatu, mas funcionários negaram a presença do acusado para
tratamento, e não havia representantes da família na unidade.
Fonte: Diário do Nordeste