Além dos dois gerentes do Ceará, outros integrantes do grupo foram presos no Interior de São Paulo
Gerentes são flagrados com integrante mineiro do esquema (camisa de cor rosa) Polícia Civil/Divulgação. |
Gerentes do Banco do Brasil foram presos suspeitos
de integrar organização criminosa interestadual que desviou cerca de R$
59 milhões do banco, em Pentecoste, distante 92 km de Fortaleza, nesta
quinta-feira (29). Os dois gerentes disseram ter sido sequestrados, para
justificar a realização das transações bancárias. A Polícia disse que
tal versão "não se sustenta". Os golpes foram descobertos pelo setor de
inteligência da instituição financeira.
As prisões dos dois gerentes cearenses e de outros integrantes do
grupo, em São Paulo, e General Sampaio, no Interior, ocorreram em
operação da Polícia Civil com o apoio do Ministério Público, no
Município de Pentecoste.
A investigação contou com a participação da Delegacia de Defraudações
e Falsificações (DDF) e do Departamento Técnico Operacional (DTO), da
Polícia Civil do Ceará, comandadas pelos delegados Jaime de Paula Pessoa
Linhares e Eduardo Tomé, respectivamente.
Em nota, o Banco do Brasil informou que a conduta dos funcionários
está sendo analisada sob aspecto disciplinar. "De acordo com as normas
internas, as soluções administrativas passíveis de aplicação vão desde a
advertência e suspensão até destituição do cargo, demissão sem justa
causa e demissão por justa causa", conclui a nota.
Como funcionava
Conforme o diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI),
Marcos Aurélio de França, os criminosos criaram um débito na agência de
General Sampaio e creditaram integralmente em uma conta poupança no
Estado de São Paulo, auxiliados por funcionários do banco.
Com o crédito na conta, os operadores passaram a fazer a
“pulverização dos valores”. Dois homens e uma mulher foram presos, na
última sexta-feira (23), na cidade de São José do Rio Preto, interior de
São Paulo, enquanto faziam diversas operações financeiras.
Na conta de um dos presos foi verificada a quantia de R$
59.998.765,00. O dinheiro, segundo as investigações, foi desviado de
contas por meio de aviso de crédito feitos pelos gerentes.
Participação de gerentes
Um homem natural de Contagem, em Minas Gerais, identificado como
Jefferson Alves, foi preso no interior da agência do Banco do Brasil de
General Sampaio, também na última sexta (23).
Jefferson revelou a participação de Pedro Eugênio Leite e Celso Luiz
Grillo de Lucca, gerentes das agências de General Sampaio e Tejuçuoca,
no esquema criminoso.
A defesa dos gerentes não quis se manifestar sobre o assunto.
Falso sequestro
À polícia, os bancários afirmaram que teriam sido sequestrados,
durante três dias, e estavam agindo sob ameaça para realizar a liberação
dos valores. Conforme os investigadores, entretanto, “os fatos não
sustentam tal versão”. Segundo a Polícia, no período de tempo em que os
gerentes alegaram estar sob poder dos sequestradores, imagens de câmeras
de segurança mostram que, na verdade, eles estavam em um hotel.
A prisão temporária dos bancários foi decretada pelo juiz Caio Lima
Barroso e cumprida nesta quarta, “tendo em vista as inúmeras
contradições apresentadas em suas alegações, pois afirmaram terem sido
sequestrados”.
Ainda de acordo com as informações da Polícia Civil, para movimentar a
alta quantia financeira, o grupo necessitava da assinatura digital dos
dois gerentes. A pedido do Ministério Público, por meio do promotor
Jairo Pequeno, a Justiça bloqueou todas as contas que receberam os
valores desviados, com base na lei de lavagem de dinheiro.
Fonte: Diário do Nordeste