Ceará é um dos estados mais afetados pela doença e situação ainda seria
ainda mais grave sem o distanciamento social e fechamento do comércio.
Isolamento social reduz contaminação por coronavírus em Fortaleza, mostra pesquisa — Foto: Reprodução. |
Uma pesquisa apresentada às autoridades do Ceará na quarta-feira (8)
mostra que o isolamento social reduziu a velocidade de contaminação por coronavírus
em Fortaleza e no estado. O estudo foi realizado pelo Grupo de Sistemas
Complexos, do Departamento de Física, da Universidade Federal do Ceará
(UFC), com apoio da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa) e da
Célula de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Fortaleza.
O Ceará é um dos estados mais afetados pela doença,
com 1.425 casos de Covid-19 e 55 mortes pela doença, e Fortaleza soma
1.265 registros, com 43 mortes, segundo dados da Sesa, da tarde desta
quinta-feira (9). Os números chama a atenção do país, ao ponto de o
ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmar que "se estivesse em Fortaleza, estaria extremamente preocupado".
Para os pesquisadores, o decreto de isolamento social do Governo do
Ceará impediu um aumento exponencial da doença e "achatou" a curva do
novo coronavírus. A pesquisa utilizou a data em que os exames para
Covid-19 foram realizados, e não a data da divulgação dos resultados.
Os gráficos apresentam, por exemplo, que em 24 de março Fortaleza já
poderia estar com 1.194 casos de Covid-19, enquanto foram registrados
542; e o Ceará, na mesma data, poderia estar com 1.349 casos, e não 607.
"Essa
pesquisa mostra que, se não tivesse tido isolamento, a gente estava com o
número de casos muito maior hoje, e a nossa situação estaria realmente
em crescimento desordenado e acelerado. As medidas de isolamento
interromperam essa tendência natural", avalia o médico epidemiologista e
gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de
Fortaleza, Antônio Silva Lima Neto.
Coordenador da pesquisa, o professor do Departamento de Física, da
Universidade Federal do Ceará (UFC), José Soares de Andrade, explica que
"a linha vermelha foi estimada com base nos primeiros dias da pandemia.
A gente faz o que a gente chama de extrapolar, para mostrar o
comportamento dela, caso alguma interferência não tivesse sido feita".
Segundo o físico, a pesquisa procurou um número mais real de casos, ao
adotar a data em que os exames para Covid-19 foram realizados. "A
pandemia não tem nenhuma relação com a variabilidade a qual os
laboratórios de análise clínica entregam os exames. E essa variabilidade
é muito grande", afirma.
Estudo mostra que isolamento social surtiu efeito e desacelerou proliferação de coronavírus no Ceará — Foto: Reprodução. |
Para o médico epidemiologista Antônio Lima Neto, o isolamento social precisa ser ainda mais amplo na capital e no Estado.
"Existem diferenciais de percepção de risco. Esse isolamento está sendo
mais intenso, evidentemente, nas áreas que foram afetadas inicialmente,
que são áreas de IDH maior, o Meireles, Aldeota, Cocó, Guararapes (em
Fortaleza); mas a nossa maior preocupação é que se tenha essa percepção
agora nas áreas mais vulneráveis".
Fonte: G1 Ceará