Pacientes mais graves de outros municípios passam a demandar serviços
mais complexos nas capitais dos Estados, explica neurocientista do
Consórcio Nordeste.
A velocidade de disseminação dos novos casos de coronavírus do interior do Ceará cresce quase duas vezes mais rápido do
que na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), de acordo com o novo
boletim epidemiológico do Comitê Científico do Consórcio Nordeste,
apresentado na manhã desta sexta-feira (3). O estudo também indica que,
apesar da redução apresentada desde junho, Fortaleza corre o risco de
sofrer um “efeito bumerangue de grande monta” nas próximas semanas.
Segundo o Comitê, os casos no interior dobram a cada 7 dias,
e aproximadamente a cada 12 na RMF. Cidades como Sobral, Quixadá,
Morada Nova e Viçosa do Ceará chamam atenção pelos altos valores do
fator de reprodução - taxa que representa para quantos indivíduos uma
pessoa contaminada pode transmitir a Covid-19.
Atualizado em 3/7, 17h57
Ceará | Nordeste | Brasil | |
---|---|---|---|
Nº de Casos | 118 311 | 511 697 | 1 496 858 |
Nº de Óbitos | 6 373 | 19 978 | 61 884 |
“O efeito bumerangue é o que nos preocupa. Os casos do interior começam a retornar para as capitais
porque pacientes graves vão para UTIs. Eles estão começando a ser
maioria”, ressalta o neurocientista Miguel Nicolelis, coordenador do
Comitê. Ele indica que Fortaleza teve um dos melhores resultados do
Brasil na desaceleração de casos após a implantação do lockdown.
O documento explicita que, embora Fortaleza, Recife e São Luís tenham
tido bons resultados com o isolamento rígido, “as curvas ainda não mostram claramente a ocorrência de um pico ou platô” nos estados correspondentes.
Medidas de mitigação
Para barrar a interiorização, Nicolelis recomenda barreiras
sanitárias e possíveis bloqueios intermitentes nos grandes
entroncamentos que ligam Fortaleza aos municípios do Interior, controle
de carros particulares e até mesmo rodízios. Orienta ainda para a
interrupção total de ônibus intermunicipais, mas mantendo o transporte
de carga essencial e o manejo de pacientes.
Além disso, o Comitê recomenda um programa estadual de Brigadas
Emergenciais de Saúde com objetivo de quebrar as taxas de reprodução de
casos. “Elas podem fazer busca ativa com agentes comunitários de saúde e
enfermeiras para medir a saturação de oxigênio e, se necessário, ajudar
a se isolar em equipamentos públicos, como escolas e ginásios, para
quebrar a disseminação”, explica Nicolelis.
Fonte: Diário do Nordeste