A jovem Alice Alves, que estava em uma moto aquática com a amiga que
morreu afogada após cair do veículo em um açude de Varjota, disse que o
acidente "foi desesperador". Alice afirmou que a amiga não sabia nadar e
que elas estavam sem colete.
"Só o que posso contestar é que foi desesperador [...] a gente estava
muito feliz se divertindo, nunca poderíamos imaginar essa fatalidade",
conta Alice. "Afundamos juntas. Eu com muito sacrifício voltei e ela não
voltou mais. O jet [moto aquática] parou muito longe. Estávamos sem
colete", afirmou.
Segundo Alice, a amiga era quem pilotava a moto aquática e ela não tinha
habilitação. Ela também relata que, quando as duas entraram na água,
chegou a recomendar para a amiga que, caso elas caíssem, que Clarice
tentasse boiar no açude.
"Ela ia dirigindo, mas não tinha carteira nem sabia nadar [...] quando
fomos na água, ela disse que ia devagar e ainda recomendei que se
caíssemos, ela empurrasse o corpo dela para cima e boiasse", relata a
jovem, que também fala sobre o momento em que as duas caíram na água.
Nervosismo
Conforme Alice, após perceber que estava se afogando, Clarice ficou
nervosa e começou a se "debater". "O jet (moto aquática) ficou muito
muito longe. Ela caiu do meu lado. Tentamos nos conter ainda por uns
três minutos se debatendo. Ela estava muito nervosa e ficava me
empurrando para baixo. Bebi muita água", disse.
Alice conta que quando percebeu que estava se afogando, tentou jogar o
próprio corpo para a superfície da água e começou a procurar por
Clarice, que já havia desaparecido no açude. "Me deu um ataque de
nervos. Fui jogando meu corpo para cima da água para boiar e ver se via
ela, mas era um silêncio tão grande que nem a zoada (barulho) da água eu
escutava", conta.
"Foi uma coisa assim que parece que já estava prescrito acontecer. E
Deus me usou para não morrer mais pessoas porque da nossa turma de
meninas, a única que sabia nadar era eu. A tragédia podia ser pior. E eu
fiz de tudo [salvar a amiga] mais não consegui", relata.
Fonte: G1 Ceará