Três meses após denunciar à Polícia Federal e ao Ministério Público que pessoas abusam sexualmente de cadáveres femininos em Institutos Médicos Legais (IMLs) e em funerárias, no Brasil, Nina Maluf sofreu ameaças de morte. Ela e o companheiro, Vinícius Cunha, trabalham em uma funerária no Rio Grande do Sul, deram publicidade ao caso que ficou conhecido como Festa no IML.
O
nome veio de um dos grupos no Facebook em que eram divulgadas imagens
pornográficas com mulheres mortas, que Nina garante terem sido feitas de
dentro de IMLs e de funerárias no país. “A mulher é abusada até na
morte”, afirmou Nina. Segundo ela, quase 100 dias após a denúncia, nada
foi feito contra as pessoas que praticam, incentivam ou faziam piadas
sobre esse crime.
“Repercutiu
muito mal, só que para mim. Fui ameaçada de morte por gente perigosa e
tenho filho pequeno. Fiz o que eu podia, fiz um trabalho fortíssimo
durante anos a fio, porque para mim como mulher é algo inaceitável. As
denúncias foram simplesmente ignoradas pelo meu segmento e pelas
autoridades. Agora eu lavo as minhas mãos”, afirma Nina.
O
Código Penal prevê o crime de vilipêndio a cadáver, com penas que
variam entre um e três anos de prisão, além de multa. Já a necrofilia,
uso de cadáver como objeto sexual, é considerada pela medicina como uma
parafilia. O termo é usado para definir cada um dos transtornos que se
caracterizam pela preferência ou obsessão por práticas sexuais
socialmente não aceitas.
Piada
Dias
após a denúncia de Nina se tornar pública, um perfil no Facebook
apontado como sendo do criador do grupo Festa no IML afirmou que o
conteúdo era de humor e que nenhuma imagem seria real.
Havia
fotos de mulheres jovens e bonitas mortas em situações como acidente de
carro e suicídio. O autor do post, então, comemorava que ela iria parar
no IML. “Qualquer um pode dizer que é médico, legista, ou o que for. É
tudo fake news”, escreveu o perfil. Após a imprensa dar publicidade ao
caso, o grupo foi retirado do ar.
Nina
contesta essas afirmações. “Piadas juvenis sobre esse assunto abrem
margem para uma visão deturpada de uma realidade que não deveria
existir, mas existe. Esse tipo de vídeo e foto tem milhões de views e
comentários. Se a Polícia Federal quisesse, poderia ir atrás deles. É um
tapa na nossa cara”, lamenta.
Fonte: Metrópoles