A
história de Samuel Santos da Silva é motivante. Tudo começa com as
dificuldades com a família, depois a adoção por parte de um casal
humilde, a entrada nos estudos sem nenhuma base, os trabalhos como
vendedor de picolé, servente de pedreiro, faxineiro de Fórum até se
tornar Bacharel em Direito e Especialista em Gestão Escolar.
Um
desfecho maravilhoso para quem enfrentou tantas dificuldades. Samuel
saiu de São Paulo com a mãe, após a separação dos pais, e foi morar em
Contagem (MG).
A
mãe biológica de Samuel, Dona Maria José Santos, o deixou com um casal
amigo para ele não ficar nas ruas. Ela estava enfrentando problemas
psicológicos e foi morar em outra cidade com a avó dele. Mas essa
distância não deixou mágoas no garoto. “Tenho contato com minha mãe
biológica e a amo muito, pois, o esforço dela mudou a minha rota pra
melhor“, conta.
“Fui
aceito por essa família cujos pais foram padrinhos de casamento dos
meus, ou seja, o Sr José Inácio Gomes e Sra Maria da Silva Gomes.
Família esta muito humilde de pai marceneiro e mãe faxineira. Nesta
família humilde e amorosa eu recebi amor e carinho, uma cama pra dormir e
fui matriculado na escola”, conta.
É
aí que tudo começa a mudar. Mesmo com dificuldades claras de
aprendizado, o jovem passou a se dedicar e a receber apoio de
professores e dos colegas de classe. “Tendo em vista as dificuldades que
eu havia enfrentado e a ausência dos meu pais biológicos, tive
dificuldades nos anos iniciais. Foi um baque, pois, eu nunca tinha me
sentado em uma carteira para aprender. Na escola conquistei amiguinhos,
pois, antes eu não tinha”, relembra.
Na
adolescência passou a estudar para concursos públicos e acabou sendo
aprovado nos cursos de Jornalismo e Direito na UNI-BH e Direito na PUC
Minas. Para conseguir entrar no curso de Direito, uma professora de
Educação Física do tempo da escola, Marília Proença, pagou a
mensalidade. “O que me permitiu ingressar no tão sonhado ensino
superior”, conta agradecido.
Jovem foi atuar como voluntário no Fórum, virou faxineiro e saiu de lá formado em Direito
Daí
em diante ele teve que ralar muito para conseguir pagar as
mensalidades. Como estudante de Direito, Samuel passou a atuar como
conciliador voluntário no Fórum da Comarca de Contagem e acabou sabendo
da vaga de faxineiro. “Eu abracei como sendo uma maravilhosa
oportunidade, o que realmente foi“, contou.
O
jovem passou a receber apoio dos funcionários da Justiça, inclusive de
juízes como Wagner Cavalieri, Afonso José de Andrade, entre outros, que
ajudaram nos custos para a sua formação. “De forma voluntária me
apadrinharam. Outros juízes me abraçaram e através destas mãos
estendidas, com muito esforço eu consegui me formar“, contou.
Depois
disso, ele não parou mais. Se tornou especialista em Gestão Escolar
pela Universidade de São Paulo (USP), recebeu bolsas de estudo para a
Universidade de La Verne (Califórnia) para cursos de curta duração, foi
aprovado em cursos em Oxford, MIT, Harvard e Newcastle. Hoje trabalha na
Procuradoria-Geral de Contagem. O pesquisador também possui várias
participações em livros jurídicos e artigos em revistas jurídicas.
Através
do seu conhecimento, ele tem ajudado outras pessoas a também
ingressarem nos cursos. “O que mais me alegra é poder ser uma referência
de perseverança e de motivação para muitos“, analisou.
“Hoje,
quando penso na educação… o que me vem à mente é que esta é um dos
maiores capitais que possuímos. O capital cultural alinhado à educação é
quem ergue as pontes que sobrepõem aos muros que muitos insistem em
levantar pela ignorância. Somos privilegiados por poder aprender, como
também, contribuir para o crescimento de outros”, finalizou.
Por Rafael Melo
Fonte: portal RAZÕES PARA ACREDITAR