A técnica de enfermagem Regina Cláudia Bandeira de Araújo, de 27 anos, acusada
  pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de comandar com mão de ferro o
  segmento de uma facção criminosa na Favela dos Coqueirinhos, no bairro
  Colônia, teve o pedido de liberdade negado pelo Poder Judiciário
  estadual.  Na solicitação feita ao Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) a
  defesa de Regina negou todas acusações.
  De acordo com a Policia, 'Claudinha', como ela é conhecida, está presa desde o
  dia 26 de outubro do ano passado e foi denunciada pelo Ministério Público do
  Estado do Ceará (MPCE) como a responsável por ordenar um crime bárbaro. Tudo
  começou nas primeiras horas da manhã do dia 3 de abril de 2020.
  Nas ruas da Favela dos Coqueirinhos, na Zona Oeste da cidade, como em muitas
  áreas situadas na periferia de Fortaleza, impera a lei imposta pelas facções
  que determina a proibição de roubar ou furtar naquelas áreas sob domínio dos
  grupos criminosos, sob pena de sanções que vão desde espancamentos até a
  morte. 
  Segundo as investigações, a vítima, que até hoje ainda não foi identificada,
  tentou roubar uma bicicleta em frente a uma lanchonete, na Favela dos
  Coqueirinhos. O homem correu, mas foi perseguido e capturado pelos acusados
  Eric Luid Cavalcante, o ‘Preguinho’, Francisco Erandi da Silva Pereira Filho,
  conhecido como ‘Edinho’, Mateus Portela de Sousa, o ‘Portela’ e ‘José
  Edimilson Pereira Filho, conhecido como ‘Nilsinho’, todos moradores da
  comunidade e integrantes de uma facção criminosa com origem cearense. 
  A denúncia do MPCE relata que o suspeito do roubo foi submetido a uma sessão
  de tortura ali mesmo na rua. Contudo, os espancamentos foram interrompidos por
  intervenção do proprietário da lanchonete, que soltou o homem. O homem
  conseguiu fugir e quando imaginou ter se livrado do grupo foi perseguido mais
  uma vez e acabou capturado novamente. Levada para uma casa localizada na Rua
  São José, na Barra do Ceará, a vítima teve seu destino definido naquele imóvel
  pelos acusados do crime, conforme o Ministério Público.
  O homem teve a cabeça arrancada do corpo, assim como outros membros. As
  orelhas foram retiradas e as oito partes do cadáver colocadas em três sacos
  plásticos. De acordo com o MPCE, além dos que o capturaram, o ritual macabro
  contou com a participação de Francisco Valdemir, o ‘Véi’, Cleilson Pessoa,
  conhecido como ‘Barriga’, Tassiano Oliveira, o ‘Cassiano’ e dois adolescentes,
  que foram pagos com drogas para se desfazerem do corpo entre as pedras perto
  de uma barraca de praia na Vila do Mar. 
Coração
  Durante a ação criminosa, um dos acusados que ficou responsável por arrancar o
  coração da vítima não conseguiu completar a missão. 
  A torpeza do crime não parou por aí. Segundo a denúncia do órgão ministerial,
  a mesa utilizada como apoio para esquartejar a vítima foi jogada na rua e
  virou brinquedo para as crianças do bairro. Além disso, um dos réus desfilou
  pela comunidade exibindo as orelhas do homem.
  Os acusados foram denunciados por homicídio triplamente qualificado (motivo
  torpe, com emprego de tortura e modo cruel e com emprego de meio que
  dificultou a defesa da vítima), e também pelos crimes de ocultação de cadáver,
  organização criminosa e corrupção de menores.
Defesa
  No processo, a defesa de Regina Cláudia alega inocência. Os advogados afirmam
  que ela não mora nesse bairro, não tem ligação com nenhuma organização
  criminosa e nem conhece os demais acusados. 
  Durante o pedido de liberdade negado pelo Poder Judiciário, a defesa da
  acusada sustenta ainda ilegalidades no cumprimento do mandado de prisão, que
  não seria mais válido quando foi executado pelas forças policiais. Regina
  Cláudia teve a prisão temporária convertida em preventiva em novembro de 2020.
  A defesa ressalta ainda que a acusada é mãe de uma criança de 5 (cinco) anos,
  não possui parentes que possam cuidar da menor. O pai da criança, identificado
  como Francisco Gabriel Alcântara Correia, o 'Biel', também está preso. 
Fonte: Diário do Nordeste
