Médicos
do Canadá estão investigando uma doença cerebral misteriosa, com
sintomas semelhantes aos de doenças degenerativas e fatais. Segundo a
BBC, a província de Acadian, em New Brunswick, está rastreando 48
possíveis casos, entre homens e mulheres de 18 a 55 anos. A maioria dos
pacientes começou a apresentar sintomas recentemente, a partir de 2018.
Um
dos casos é o do mecânico Roger Ellis, que teve o primeiro sinal há
dois anos, em seu aniversário de quarenta anos de casamento - ele
desmaiou após uma convulsão. Conforme Steve Ellis, filho de Roger, a
saúde do pai começou a piorar rapidamente após aquele dia, com delírios,
alucinações, fala repetitiva e agressividade.
"A certa altura, ele não conseguia nem
andar. No intervalo de três meses, médicos disseram acreditar que ele
estava morrendo— mas ninguém sabia por quê", conta Steve.
Sobre a doença
Os
médicos de Roger suspeitaram da doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), mal
raro e degenerativo causado por um tipo de proteína, que leva a falta de
memória e mudanças de comportamento. O exame de DCJ, no entanto, deu
negativo. A equipe também testou Roger para outras doenças, mas não
identificou a causa de seu quatro clínico.
Em
março, Steve encontrou o que poderia ser a resposta. A Rádio-Canadá,
emissora pública do país, noticiou que um memorando de saúde pública
enviado aos médicos da província alerta sobre um grupo de pacientes com
doença cerebral degenerativa desconhecida. "A primeira coisa que eu
disse foi: 'É como meu pai'", afirmou Steve.
O
neurologista Alier Marreno, do hospital Dr. Georges-L-Dumont
University, em Moncton, lidera a investigação e afirmou à BBC que os
médicos detectaram a doença pela primeira em 2015, em apenas um
paciente.
Com
o aumento recente de casos, os médicos puderam identificar a condição
como uma síndrome nunca vista antes. Marreno explica que os sintomas são
bastante variados. Depressão, ansiedade, irritabilidade, dores
inexplicáveis, espasmos, insônia, problemas de memória, problemas de
comunicação e perda rápida de peso estão entre os sinais. Também há
casos com pesadelos e alucinações auditivas.
"É
bastante perturbador porque, por exemplo, um paciente dizia à esposa:
'Desculpe, senhora, não podemos ir para a cama juntos, eu sou casado' e
mesmo quando a esposa dizia seu nome, ele respondia: 'Você não é a
verdadeira'" conta Alier.
Os
pacientes suspeitos passam por testes de condições genéticas, doenças
auto-imunizantes, câncer, anticorpos anormais e exames para detectar
vírus, bactérias, fungos e outras substâncias. Também são questionados
sobre estilo de vida, viagens, histórico médico e estilo de vida.
A
principal teoria é de que a doença é adquirida, sem relação com
genética. "Nossa primeira ideia comum é que há um elemento tóxico
adquirido no ambiente desse paciente que desencadeia as mudanças
degenerativas", diz o neurologista", explica Alier Marreno.
Outra
tese é que a doença seja causada por exposição crônica a
'excitotoxina', como o ácido domoico. Os médicos também investigam a
beta-metilamino-L-alanina (BMAA) — que foi classificada como de risco
para o desenvolvimento de doenças como Alzheimer e Parkinson.
Alívio
Enquanto
não há informações sobre a causa e um possível tratamento, os médicos
trabalham para aliviar o desconforto dos sintomas.
Rober
Ellis vive em uma instituição de longa permanência especializada e
precisa de auxílio para atividades diário. O seu estado de saúde está
estabilizado, e inclui problemas de sono e com a fala.
Seu
filho, Steve, administra um grupo de apoio para famílias de pacientes
da doença misteriosa nas redes sociais. O principal desejos dos
familiares é descobrir a causa doença. "Eu sei que eles estão
trabalhando nisso, mas como isso aconteceu?", questiona Steve.
Fonte: Diário do Nordeste