O
anúncio do nome de Teresa Santos como a vencedora do Miss Brasil 2021
na noite desta terça-feira (9) colocou novamente o Ceará em destaque
nacional. Afinal, não é a primeira vez que uma representante do Estado
ganha o concurso. No total, incluindo Teresa, quatro modelos cearenses
foram escolhidas como as mulheres mais bonitas do País.
A
primeira delas foi coroada em 1955, na segunda edição do evento.
Professora natural de Sobral, Emília Barreto Corrêa Lima foi eleita Miss
Ceará no mesmo ano do reconhecimento nacional. Após essas duas
condecorações, ela viajou para Long Beach, em Miami (EUA), e se
classificou entre as semifinalistas do Miss Universo.
Apesar
de sobralense, a modelo foi criada em Camocim, estudou no Rio de
Janeiro e morava em Fortaleza quando foi eleita miss. Casou-se, teve
quatro filhos, ficou viúva e, hoje, reside na capital fluminense. Os
atributos físicos de Emília, sobretudo o nariz, despertaram a atenção de
nomes como Millôr Fernandes (1923-2012).
Certa
vez, o desenhista, poeta, escritor e jornalista carioca afirmou,
comparando as duas vencedoras do concurso à época: “A mulher, para ser
bonita, precisa ter nariz. Marta Rocha não tem, e o de Emília dispensa
qualquer elogio”. Mas não foi apenas ele que se rendeu à graça e à
delicadeza dos traços físicos e da personalidade da miss.
Outra
gigante das letras brasileiras, Rachel de Queiroz (1910-2003),
igualmente teceu elogios a ela. Após a vitória no concurso, Emília
recebeu uma célebre carta da escritora, presente na revista O Cruzeiro –
a publicação mais lida do Brasil naquele momento. Na seção intitulada
“Última Página”, a crônica de Rachel recebeu a atribuição de “Carta a
Emília, Miss Brasil”.
Na
parte final do texto, é possível ler: “Você foi escolhida a mulher mais
bela do Brasil. É um grande título, não acredite em quem lhe deprecie o
valor, nunca desdenhe o seu dom maravilhoso. Todos lhe queremos bem por
isso, lhe somos gratos por ter nascido e se criado tão bonita, nos
orgulhamos de você. Se na América não lhe derem o título máximo, é
porque os cegos são êles. (...) Aqui ficamos, numa ansiosa torcida. Mas,
volte você ou não com a faixa atribuída a Miss Universo, de qualquer
forma será a nossa Miss”.
Cearense de Salvador
A
segunda a receber o título de Miss Brasil pelo Ceará, em 1989, foi
Flávia Cavalcanti. Nascida em Salvador (BA), mas criada em Fortaleza, a
apresentadora e jornalista representou nosso Estado quando tinha apenas
19 anos de idade. A modelo, inclusive, reinou por dois anos – uma vez
que em 1990 não houve realização do concurso.
A
cerimônia do Miss Brasil 1989 aconteceu no Teatro Silvio Santos, em São
Paulo, e não foi transmitida ao vivo, mas gravada. A exibição, como de
costume, ocorreu à noite e foi reprisada no dia seguinte, um domingo,
dentro do Programa Silvio Santos. Entre os participantes do júri, estava
a atriz Elizabeth Savalla, o ator Paulo Betti, o estilista Ney Galvão
(1952-1991), a cantora Wanderléia e o cabeleireiro Silvinho (1945-1989).
Estudante
de Geografia e posteriormente formada em Jornalismo pelas Faculdades
Integradas Alcântara Machado (Fiam/SP), Flávia Cavalcanti escolheu um
traje típico em homenagem à Jericoacoara para desfilar no concurso. A
vestimenta, contudo, era muito grande, o que a impediu de participar do
desfile de abertura.
Contudo,
no Miss Universo, realizado no dia 26 de maio de 1989, ela ganhou
justamente o prêmio de Melhor Traje Típico. Infelizmente, não ficou
entre as 10 finalistas do evento, vencido à época pela holandesa Angela
Visser.
Beleza de Maracanaú
Melissa
Gurgel foi a mais recente modelo do Ceará coroada Miss Brasil. A
cerimônia aconteceu em 2014. Meses antes, no mesmo ano, ela venceu o
Miss Ceará, representando a cidade de Maracanaú. Disputou ainda o Miss
Universo, realizado em Doral (EUA), no qual se classificou entre as 15
semifinalistas.
A
estudante de Design de Moda foi a candidata mais baixa do concurso
nacional, com 1,68m. Durante entrevista, porém, afirmou que não se
importava com isso e nem com a altura das concorrentes. A autenticidade
chamou a atenção dentro e fora das passarelas, com um bônus: Melissa
recebeu o título de Miss Brasil em casa, com o evento sendo realizado no
Centro de Eventos do Ceará.
Infelizmente,
a vitória da cearense foi alvo de comentários racistas nas redes
sociais pelo fato de ela ser nordestina. As críticas ganharam tanta
repercussão que a OAB-CE (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional
Ceará) pediu ao Ministério Público Federal que investigasse o caso. Além
disso, a entidade ainda denunciou três perfis de usuários que postaram
mensagens preconceituosas.
Melissa
se entristeceu com o fato, afirmando: “Lamentei bastante quando eu
fiquei sabendo das críticas. Quando tem uma pessoa do meu lado que não é
cearense e tem outro sotaque, eu admiro, acho isso bonito. Acho que o
Brasil é isso, mistura de etnias e culturas”.
Fonte: Diário do Nordeste