A
Polícia Federal no Ceará deflagrou na manhã desta sexta-feira, 20, uma
Operação batizada Skiagraphia contra suposto esquema de corrupção com
atuação de juízes federais, advogados, empresários e servidores públicos
em Fortaleza. De acordo com o delegado regional de investigação e
combate ao crime organizado da PF do Ceará Alan Robson, estão entre os
alvos da ofensiva um juiz assessor da presidência do Superior Tribunal
de Justiça e um magistrado aposentado.
Cerca
de 90 agentes cumprem 19 Mandados de busca e apreensão em residências
de investigados nas cidades de Fortaleza (CE), Brasília (DF), São Paulo
(SP), Recife (PE) e Dourados (MS). As ordens foram expedidas pelo
Tribunal Regional Federal da 5ª Região. A ofensiva apura supostos crimes
de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Durante
o cumprimento de ordem de busca em um escritório de advocacia em São
Paulo, a PF apreendeu R$ 930 mil em espécie, ‘com suspeitas de origem
ilícita’, segundo a corporação. Os investigadores informaram que foi
providenciado depósito bancário à disposição do TRF-5 e que as apurações
vão se debruçar também sobre a procedência do montante e vínculo com os
fatos investigados.
De
acordo com a PF, as investigações tiveram em 2019, com base em
notícia-crime da Procuradoria da Fazenda Nacional, que representa a
União em processos de execuções judiciais.
De
acordo com o delegado regional de investigação e combate ao crime
organizado da PF do Ceará Alan Robson, a Procuradoria da Fazenda apontou
‘circunstâncias, indícios de ilicitudes, praticas criminosas’ em
processos que tramitaram na Justiça Federal do Ceará. O órgão chamou as
supostas irregularidades de ‘teratologias, decisões absurdas, andamentos
absurdos’, informou Robson.
Os
investigadores veem indícios de participação de magistrados, advogados e
empresários devedores do Fisco Federal em supostas irregularidades ‘em
ações em curso na Justiça Federal entre 2012 a 2016 e que resultaram em
prejuízo bilionário aos cofres da União’.
“Foram
investigadas suspeitas de ilicitudes na condução de processos de
execuções fiscais dos grandes devedores da União; vínculos suspeitos
entre magistrados e advogados; fluxo financeiro suspeito; falsificação
documental com simulação de intimações da União, com prejuízo à Fazenda
Nacional em benefício de empresários”, explicou a PF.
Segundo
a corporação, o nome da ofensiva faz referência à técnica de pintura
‘shadow painting’, ‘em que se busca dar a ilusão de profundidade pelo
contraste entre sombra e luz’. “Com isso, os investigados simulavam
estar à luz do caminho público, mas na verdade se encontravam às sombras
da lei”, indicou a PF.
Fonte: Estadão Conteúdo