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As temperaturas globais e os padrões de chuva são afetados por fenômenos oceânicos e atmosféricos. Os mais conhecidos, o El Niño e La Niña, podem influenciar a quadra chuvosa no Ceará. "Mas há uma diversidade de fatores e todos devem ser levados em consideração", explica Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
No últimos
meses, as condições de temperatura no oceano Pacífico têm sido mais
baixas que a média. "Os modelos de previsão mostram que a La Niña
permanece nos primeiros meses de 2023 e que a condição de neutralidade,
nem quente, nem frio no Pacífico deve prevalecer durante a nossa estação
chuvosa", explica Sakamoto.
O cenário,
entretanto, não garante uma quadra de chuvas consideráveis. Nesse
contexto, as condições do oceano Atlântico são fundamentais, pois
influenciam a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). "Por enquanto,
ele está com características mais próximas da neutralidade. Mas o
Atlântico é um oceano bem menor que o Pacífico, e as mudanças podem
ocorrer de forma mais rápida", diz a meteorologista.
Com
este panorama, as expectativas são mais positivas do que seriam caso o
mundo estivesse sob efeito do El Niño. O fenômeno que é determinado pelo
aquecimento das águas do Pacífico cria áreas de umidade e movimentos
atmosféricos que inviabilizam a formação de nuvens de chuva no
Nordeste.
"No El Niño, é como se as correntes
atmosféricas ascendentes se deslocassem até chegar ao Nordeste e cair
sobre as nossas cabeças", explica descontraidamente. Esse fluxo
dificulta que haja precipitações.
El Niño e La Niña: o que são
El
Niño e La Niña são partes de um mesmo fenômeno atmosférico-oceânico que
ocorre no oceano Pacífico Equatorial e na atmosfera adjacente. São
situações nas quais o Pacífico Equatorial está mais quente (El Niño) ou
mais frio (La Niña) do que a média histórica. A mudança na temperatura
das águas acarreta efeitos globais na temperatura e precipitação.
Conforme
o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as previsões para
janeiro-fevereiro-março de 2023 indicam que as águas sobre o Pacífico
Equatorial devam permanecer mais frias do que a média histórica (La
Niña).
A previsão realizada por institutos
internacionais dedicados ao fenômeno já evidenciam uma condição de
transição: 50% de permanência da La Niña e 50% de início de condições
neutras.
Prognóstico da quadra chuvosa
O
prognóstico da Funceme para a quadra chuvosa de 2023 será divulgado na
próxima sexta-feira, 20, em evento no Palácio da Abolição.
Fonte: O Povo