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Foto: Thiago Rodrigues/AVSQ. |
Quando se fala em robô, automaticamente se imagina que foi algo projetado com os mais avançados parâmetros de modernidade, num gigante espaço tecnológico, distante das pequenas cidades. Agora, imagine um em plena operação, todo montado com materiais tecnológicos reaproveitados. Ele existe: é o Relix, no município de Varjota, ideia de Edfersom Ramos, projeto que tem chamado a atenção, inclusive de estudiosos, colecionado prêmios e com grandes perspectivas de avanço.
A oficina montada na parte superior de sua casa é o grande laboratório, onde
ele monta, desmonta, faz testes, aperfeiçoa, programa códigos e falas que
dão vida ao robô, com tratamento especial conforme cada ocasião em que ele é
apresentado.
Tudo começou, segundo Edfersom, em 2019, quando uma pessoa lhe procurou
propondo para que um robô fosse criado e apresentado numa festinha de escola
infantil. Com apenas três meses, saiu bem mais evoluído que a proposta
inicial, despertando gosto e uma atenção especial. De lá pra cá, ainda
passou por algumas pausas, mas sem deixar de estudar o que poderia ser
implementado.
“Ela só queria um robozinho que movesse alguma coisa e pensando comigo, já
projeto tudo, mas nunca fiz algo extraordinário na robótica. Sempre tive pra
mim esse sentimento de me desafiar, no início, resisti um pouco, mas acabei
aceitando. Com o passar do tempo, fui abrindo a mente que seria mais uma
oportunidade, me dedicando e vendo resultados à medida que ia evoluindo”,
conta.
O jovem não consegue mensurar quantas centenas de peças reaproveitou ali,
mas dá uma dimensão dos tipos de produtos o qual conseguiu extrair algo e
colocar no Relix, tais como móveis, eletrodomésticos, peças automotivas, de
bicicleta, computadores, roteadores, TVs, impressoras, carrinho de bebê e
até ferro velho. “Tenta uma parte, uma etapa se tá funcionando, se uma falha
desmancha, procura outro componente e assim vai em definito”, explica.
Para Edfersom, o que mais gosta de dar ênfase na sua criação é o sistema
efetivo de aprendizado, ou seja, “consigo ensinar pra ele padrões de
movimento/treinos, mistura combinações e sincronizações de corpo, falas e
cores, como se ele fosse um ator programável”, de modo que possa ser
manuseado por qualquer pessoa, pra deixar o mais intuitivo possível. É esta
desenvoltura autônoma, que deixa as pessoas encantadas ao vê-lo e bastante
aguçadas na curiosidade.
O trabalho já trouxe professores e estudantes do IFCE, que visitaram
recentemente e com a perspectiva de receber um suporte técnico mais
especializado, além da presença em feiras e eventos. Afinal, seu objetivo é
impactar pessoas e mostrar que a criatividade não é limitada somente ao que
se tem acesso economicamente, mas sim o que tem no seu meio. “Um negócio
fora do comum, que a gente tem costume de ver na ficção, me colocando no
lugar de crianças acharia muito legal, me inspiraria e amo muito fazer, que
a gente pode brilhar”, narra.
O robô ainda não está 100% pronto, mas coloca como prioridade pra frente,
concluir as mãos, capacidade de se locomover e adicionar mais algum tipo de
inteligência, para que ele interaja com outras pessoas por conta própria. E
assim, podendo ajuda e servindo como estímulo para descobrir novos
potenciais e talentos, principalmente na região.
Fonte: A Voz de Santa Quitéria