A
Polícia Militar prendeu ontem na zona leste paulistana Suliane
Abitabile Arantes, 34, a Elektra. Ela é apontada pela Polícia Civil do
Distrito Federal como a responsável pelo cadastro dos integrantes do PCC
(Primeiro Comando da Capital) batizados no centro-oeste do Brasil e no
exterior.
Elektra
é acusada de posse ilegal de arma e associação à organização criminosa.
Foi presa às 7h30 na avenida Raguebi Chohfi, em São Mateus. Contra ela
havia um mandado de prisão expedido no último dia 27 pela Vara das
Execuções Penais do Distrito Federal.
A
presa foi levada ao 49º Distrito Policial, no mesmo bairro em que foi
detida, e depois encaminhada para audiência de custódia no Fórum
Criminal da Barra Funda, na zona oeste da cidade, sob forte escolta
policial. Elektra já está recolhida em uma unidade prisional de São
Paulo, de acordo com o delegado Valter Sérgio de Abreu, da 8ª Seccional.
Policiais
civis de São Paulo disseram que Elektra é uma das criminosas mais
perigosas do país, integra o alto escalão do PCC e em Brasília é chamada
de “Marcola de saia”, em alusão a Marco Willians Herbas Camacho, 55,
tido pelas autoridades como o número 1 da organização. Ele sempre negou.
A
Polícia Civil do Distrito Federal chegou a prendê-la em 6 de setembro
de 2018. Com ela, os agentes disseram ter apreendido um notebook e três
aparelhos de telefone celular. O material foi encaminhado para perícia.
As
investigações apontaram que nos equipamentos havia informações sobre
registro de cadastro dos integrantes do PCC que recebiam entorpecentes
da facção, além de diversas planilhas com a contabilidade do tráfico de
drogas da organização criminosa.
De
acordo com a Polícia Civil do DF, Elektra, ao ser interrogada,
confessou pertencer aos quadros do PCC e revelou detalhes sobre
criminosos batizados na maior facção do país, principalmente na Espanha.
Elektra Majestade, "planilheira" da facção
Policiais
civis disseram à época que os arquivos analisados pelos peritos
comprovavam a expansão internacional do PCC e tinham dados de registros
de batismos de diversos integrantes fora do Brasil, como Estados Unidos,
Portugal, Espanha e Itália.
Antes
de ser capturada em 2018, numa operação deflagrada para combater o
crescimento do PCC na capital federal, a presa mantinha uma página em
uma rede social com o apelido de Elektra Majestade, na qual fazia
postagens exaltando a facção e compartilhava informações sobre o grupo
criminoso.
Para
a polícia, Elektra era a “planilheira” dos estados e países, ou seja,
comandava a célula que cuida do cadastro, das planilhas com todos os
dados, incluindo os nomes dos padrinhos dos novos batizados no PCC.
Em
Osasco, na Grande São Paulo, Elektra é investigada pela Polícia Civil
em um inquérito que apura o crime de lavagem de dinheiro. A Polícia
Federal a apontou como suspeita de ter recebido mesada do PCC no período
de 5 de junho de 2017 a 27 de abril de 2020.
Em
30 de agosto de 2020, quando foi ouvida pela PF, ela disse que ainda
integrava o PCC, mas que aguardava um pedido de exclusão do grupo.
Acrescentou que foi condenada no DF a seis anos de prisão e que cumpriu a
pena até 18 de março de 2020.
A
reportagem não conseguiu contato com os advogados de Suliane, mas
publicará na íntegra a versão dos defensores dela assim que houver uma
manifestação.
As
disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa
do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do “PCC –
Primeiro Cartel da Capital”, produzido por MOV, a produtora de
documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.
Créditos: UOL.