A
Polícia Civil do Rio Grande do Sul cumpre 403 mandados de busca e
apreensão, na manhã desta quarta-feira (7), em 22 estados brasileiros,
além do Distrito Federal, contra uma organização criminosa investigada
por lavagem de dinheiro obtido com o tráfico de drogas.
Na
lista de bens que serão apreendidos estão: 187 veículos, sete
embarcações e nove aeronaves, o que soma R$ 43 milhões. Quatro mandados
de prisão preventiva estão sendo cumpridos no Mato Grosso do Sul. A
polícia ainda averigua a situação de 42 imóveis usados pelo grupo
criminoso.
A
Polícia Civil prendeu, até agora, uma pessoa preventivamente no Mato
Grosso do Sul e três em flagrante por tráfico de drogas e posse ilegal
de arma de fogo no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e no Mato Grosso
do Sul. Além disso, houve a apreensão de R$ 1 milhão em dinheiro no Mato
Grosso do Sul.
A
Operação "Fim da Linha – do Oiapoque ao Chuí" é a quarta etapa de uma
investigação iniciada ainda em 2021 e conta com o apoio de 1,3 mil
policiais.
No
Rio Grande do Sul, os municípios de Barra do Quaraí (13 mandados) e de
Uruguaiana (6 mandados), ambos localizados na fronteira com a Argentina,
são os locais com o maior número de ações judiciais a serem cumpridas.
Na
região, de acordo com a Polícia Civil, o principal alvo é uma rede de
supermercados suspeita de envolvimento com a lavagem de dinheiro. A
empresa teria recebido dinheiro de duas empresas e de uma pessoa física
do Mato Grosso do Sul.
Já em Santa Catarina, são cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em Florianópolis, Itajaí, Meia Praia e Itapema.
A
investigação envolve suspeita de lavagem de dinheiro, que seria feita
por organizações criminosas relacionadas ao tráfico de drogas não apenas
no Rio Grande do Sul, mas também em outros estados, incluindo
organizações com base na Região Sudeste.
Como a investigação começou
A
Operação "Fim da Linha" começou a partir de investigações da Delegacia
de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) de Passo Fundo, no
Norte do Rio Grande do Sul, ainda em 2021. O objetivo era inicialmente o
de desmantelar a ação de organizações criminosas que atuavam junto ao
tráfico de drogas, ao comércio de armas e ao contrabando de cigarro em
diversas regiões do Rio Grande do Sul.
A
primeira e a segunda fases da operação ocorreram em fevereiro de 2022,
enquanto a terceira foi em julho do mesmo ano. De acordo com a Polícia
Civil, nas três primeiras fases da operação, além de apreensão de
dezenas de veículos e bloqueios de contas bancárias, já haviam sido
feitas 65 prisões, além do cumprimento de 110 mandados de busca e
apreensão, e da apreensão de 720 quilos de maconha e e de 26,8 quilos de
cocaína.
Os
telefones apreendidos nas três primeiras fases da operação
possibilitaram que as investigações tivessem acesso a amplo conteúdo
relacionado a tráfico de drogas, compra e venda de armas de fogo,
contrabando de cigarro e operações bancárias.
Lavagem de dinheiro
É
justamente sobre a lavagem de dinheiro que a quarta fase da operação se
concentra: contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas estariam
sendo amplamente usadas para permitir a circulação de dinheiro obtido
por parte das organizações criminosas. Muitas dessas contas, aliás, já
estavam sendo investigadas por participarem previamente de atividades
semelhantes junto a duas das maiores organizações criminosas do país.
Foi
constatado ao longo das investigações que vários dos suspeitos que
surgiram a partir de quebras de sigilo telefônico são moradores de
outros estados, como Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás e
Bahia. Foi verificado pela Polícia Civil que pessoas físicas e jurídicas
atuavam como “laranjas” ao lavarem dinheiro para organizações
criminosas. Os suspeitos movimentavam quantias incompatíveis com seu
contexto socioeconômico, no caso de pessoas físicas, ou com sua
atividade-fim, no caso das jurídicas.
A
partir de quebras de sigilo bancário referentes ao período entre
janeiro e setembro de 2021, a Polícia Civil identificou ao todo uma
movimentação de mais de R$ 293 milhões entre os investigados. Segundo
dados levantados pelas autoridades policiais e obtidos pelo g1 RS, um
dos suspeitos teria movimentado R$ 6 milhões em poucos meses e outro
suspeito teria transferido cerca de R$ 36,5 milhões no período
investigado. Em ambos os casos, as quantias são incompatíveis com as
funções desempenhadas pelas pessoas físicas investigadas.
Em
outros casos, a partir de quebras de sigilo bancário, a Polícia Civil
descobriu pessoas jurídicas que atuavam como "empresas fantasma",
administrando grandes quantias em contas bancárias sem justificativa
contábil aparente. Uma dessas empresas teria movimentado R$ 94,9 milhões
em poucos meses, enquanto outra geriu mais de R$ 27,7 milhões.
Fonte: G1 CE