Mulher vai a júri popular por tentar matar a segunda namorada de seu companheiro, ameaçá-lo e incendiar a casa dele no bairro José Walter
'Trisal' conturbado
A mulher que vai a júri refutou as versões das duas vítimas em seu depoimento e diz ter sido provocada e odiada por M., e conta que só pegou uma faca porque "já estava estressada, fazia três dias que não dormia direito, era confusão direto". Segundo ela, as discussões eram iniciadas pelas outras partes, e contou ainda que só entrou no trisal após insistência da dupla.
O relacionamento do trisal teria começado em janeiro de 2023, conforme a pessoa ameaçada de morte. Ela e o namorado queriam "apimentar a relação" e ele sugeriu o nome da terceira pessoa, pois eles já haviam se relacionado antes: "Nesse período tinha ciúmes entre mim e ela, mas era algo novo para os três".
O trio passava todos os fins de semana juntos, mas no fim de março daquele ano o ciúme começou a prejudicar a relação. A defesa da acusada, no entanto, conta uma versão diferente, negando a existência da relação poliamorosa, e acusando o homem de "trazer mulheres para participar de orgias" durante o relacionamento deles. Ela também alega que era obrigada a fazer sexo com amigos do companheiro.
O Diário do Nordeste não conseguiu contato com a defesa de ré, mas reportagem teve acesso às alegações finais feitas após a audiência de instrução em outubro do ano passado. No documento, a defesa fala que ela foi "vítima" do namorado.
Durante interrogatório, a ré conta que no dia confusão com a faca foi agredida em conjunto pelo casal com quem se relacionava, jogada pela escada, xingada e relata ainda que sofreu abuso sexual do homem. Ela não reportou o crime quando foi presa em flagrante por provocar um incêndio na casa do agora ex-companheiro, e alega que foi impedida por policiais que não a deixaram falar.
Perseguição e incêndio
No dia seguinte à confusão envolvendo a faca na casa do homem, L.I ainda estava insatisfeita com o fim da relação e passou a ameaçar e perseguir o então namorado, inclusive mandando fotos em frente ao trabalho e à residência dele. Capturas de tela de um aplicativo de mensagem mostram diversas ligações e mensagens com tom ameaçador, todas anexadas ao processo.
"Eu avisei a você que não estava brincando. É a última chance sua. Com ela você não fica, e vou destruir tudo que você construiu", diz mensagem datada de 3 abril de 2023, às 17h43, poucos minutos antes de ele receber informação de seus vizinhos que sua casa estava "pegando fogo", às 18h30.
A causadora do incêndio se defendeu afirmando que seu "psicológico estava totalmente abalado" e que a intenção era só colocar fogo nas roupas e objetos pessoais, mas que o incêndio acabou se alastrando pela casa por causa de um "curto-circuito". Essa última declaração não é verdadeira, segundo laudo pericial, que registrou danos em vários cômodos do segundo e terceiro andar do local, "compatível com ação intencional de depredação de bens".
A mulher foi presa em flagrante pelo incêndio no mesmo dia, mas foi solta em audiência de custódia na manhã seguinte, e passou a utilizar tornozeleira eletrônica. A tentativa de homicídio só foi adicionada ao inquérito policial após os depoimentos.
Agora, passadas todas as etapas processuais, a acusada aguardará a marcação do julgamento em liberdade. Na alegação final, o advogado ainda pede "que em uma possível condenação esta seja em grau mínimo, não esquecendo da culpabilidade do senhor K".
Fonte: Diário do Nordeste