Dois
homens e uma mulher foram mortos na ação, ocorrida na tarde desta
quinta-feira na comunidade do Oitão Preto, que também registrou protesto
que bloqueou a Leste-Oeste
Dois
homens e uma mulher morreram em intervenção policial ocorrida na tarde
desta quinta-feira, 30, na comunidade do Oitão Preto, localizada no
bairro Moura Brasil, em Fortaleza. O POVO apurou que os dois homens
mortos são suspeitos de envolvimento direto no assassinato do policial
penal José Wendesom Rodrigues de Lima, de 37 anos, crime ocorrido na
última terça-feira, 28.
O
POVO solicitou mais informações sobre as circunstâncias do episódio à
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), à Polícia
Militar do Ceará (PM-CE) e à Secretaria da Administração Penitenciária e
Ressocialização (SAP). Até a publicação desta matéria, não houve
retorno.
Ainda
nesta tarde, moradores do Oitão Preto bloquearam a avenida Leste-Oeste
para denunciar atos truculentos que teriam sido cometidos por policiais
durante operação de busca aos suspeitos de matar José Wendesom. Entre os
relatos estão agressão a uma mulher que estaria grávida e invasão
ilegais de residências.
Um
homem que tentou filmar uma ação policial também teve o celular
quebrado, afirmou ao O POVO um morador do bairro, que pediu para não ser
identificado. PM, SAP e SSPDS também não se posicionaram sobre as
denúncias até a publicação desta matéria.
A
PM posicionou-se apenas em relação à manifestação, afirmando que o ato
foi acompanhado pelo Comando Tático Motorizado (Cotam) e pelo Batalhão
de Policiamento de Choque (BPChoque).
"A
ação foi conduzida de forma pacífica, com o comandante do BPChoque
negociando diretamente com a liderança do protesto", afirmou a
corporação. "Não houve uso de armamentos de menor potencial ofensivo,
nem prisões. A PMCE reafirma seu compromisso com a ordem pública e a
mediação de conflitos, garantindo a segurança da população e o direito à
livre manifestação dentro dos limites legais".
O
POVO também entrou em contato com a Controladoria Geral de Disciplina
dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) para saber
se algum procedimento havia sido instaurado para apurar atos de
policiais na região. A matéria será atualizada quando houver resposta.
Saiba Mais
Quatro
suspeitos de envolvimento na morte de José Wendesom há haviam sido
presos. São eles: os paraenses James Heyller Gola Souza, de 23 anos,
Isaac Lucas Oliveira de Azevedo, de 29 anos e Will Pessoa da Silva, de
25 anos; e o amazonense Nonato Lopes dos Santos, de 31 anos.
James
Heyller confessou que era ele quem dirigia o carro utilizado no crime.
Já Will teria sido um dos atiradores. Isaac Lucas e Nonato foram
autuados por crimes correlatos, já que, com eles, a Polícia apreendeu,
respectivamente, 10 quilos de cocaína e uma pistola, assim como
munições.
A
Polícia Civil investiga a participação dos quatro suspeitos presos em
um plano para resgatar presos da Unidade Prisional Professor José Jucá
Neto (UP-Itaitinga3), na Região Metropolitana de Fortaleza. A fuga
incluiria uso de explosivos e de fuzis, identificou a Coordenadoria de
Inteligência (Coint) da SAP, e era um "consórcio" entre integrantes da
facção Comando Vermelho (CV) do Ceará e do Pará.
Era
justamente por causa dessa informação que José Wendesom, ao lado de um
colega, realizava um monitoramento de suspeitos que estavam hospedados
em uma pousada do Centro. A campana policial, porém, foi identificada
pelos alvos, que, então, decidiram matar os dois.
Conforme
divulgado pela Polícia Civil em entrevista coletiva realizada nessa
quarta-feira, 30, os criminosos confundiram os policiais com integrantes
de uma facção rival. O policial que acompanhava José Wendesom não ficou
ferido. Ele conseguiu reagir e acertou três disparos em Will.
Fonte: O Povo