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Ceará investiga dois novos casos suspeitos de gripe aviária; entenda

Suspeitas são nas cidades de Icapuí e Quixadá 

 

Galinha segurada por especialista protegido por roupa especial e luvas
Legenda: Os casos suspeitos foram registrados em Icapuí e Quixadá - Foto: Shutterstock.

 

Embora tenha sido descartada a suspeita de um caso de gripe aviária em Salitre, no interior do Ceará, na última semana, o Estado ainda não se livrou totalmente da ameaça econômica. Duas novas notificações foram feitas à Agência de Defesa Agropecuária (Adagri) e outras amostras foram enviadas para análise do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Os casos mais recentes dizem respeito a uma ave migratória encontrada no quintal de uma casa na praia de Icapuí, no litoral leste, na última quinta-feira (22), e diversas aves de criação localizadas na comunidade de Bom Fim, em Quixadá, no sertão central.

Segundo relatos de integrantes da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), responsáveis pela notificação de Icapuí enviada ao Governo Estadual, o animal com a suspeita da doença apresentava baixa capacidade de locomoção e sinais de possível debilidade, além de ficar imóvel por longos períodos — alguns dos principais sintomas que acometem os pássaros infectados.

Já os animais localizados em Quixadá manifestavam dificuldade respiratória e secreção nasal. Além disso, de acordo com a Adagri, muitos já foram encontrados mortos. "Durante o atendimento, foi realizada a necropsia de aves e coleta de amostras que foram enviadas para diagnóstico no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária", relatou o órgão.

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Busca ativa de casos suspeitos

Além de receber as notificações, colher as amostras e enviá-las para análise do Governo Federal, a Adagri faz buscas ativas para monitorar os animais — incluindo os silvestres, em rotas migratórias, e os que estão em granjas e quintais de subsistência.

Segundo o diretor de Sanidade Animal da agência, Amorim Sobreira, frequentemente são visitadas 134 granjas comerciais e não comerciais do Estado e feitas coletas de amostras dos animais, mesmo que não apresentem sintomas. "Esse trabalho está sendo realizado em maio e junho, época de migração dessas aves. É um momento crítico onde elas podem infectar as nossas granjas", alegou o gestor.

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O que acontece se for identificado um caso confirmado de gripe aviária?

De acordo com Sobreira, se as equipes encontrarem um caso confirmado de influenza aviária no Ceará, é acionado imediatamente um plano de contingência baseado em três medidas específicas. São elas:

  • Destruição de todas as aves da propriedade;
  • Busca e destruição de todas as aves presentes em um raio de 3 km da propriedade afetada;
  • Monitoramento de toda a região em um raio de até 10 km da propriedade.

"O principal dano [da doença] é econômico. Existe uma mortalidade muito grande e rápida das aves, por isso, a gente tem que atender o mais rápido possível. A Adagri tem que ir até o local em até 12 horas. Precisa ter essa medida rápida" para que o problema seja contido e para que os danos sejam mínimos, disse o diretor.

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'Aves migratórias não devem ser vistas como ameaça', diz representante da Aquasis

No entendimento de Onofre Monteiro, coordenador de Pesquisa e Monitoramento do projeto Aves Migratórias da Aquasis, embora as aves migratórias estejam frequentemente associadas ao vírus da influenza aviária, "elas não devem ser vistas como ameaça, mas, sim, como parte integrante de um sistema ecológico complexo, no qual o vírus circula naturalmente".

Ele acredita que essas aves, inclusive, são essenciais no estudo da doença, especialmente por se deslocarem por longas distâncias durante as rotas de migração e por interagirem com uma variedade de habitats, o que as torna "importantes indicadoras da saúde ambiental". 

 

Ave migratória identificada como batuiruçu-de-axila-preta (Pluvialis squatarola)

Legenda: A espécie foi identificada como batuiruçu-de-axila-preta (Pluvialis squatarola) Foto: Shutterstock.

 

"O foco não deve estar na responsabilização da fauna silvestre, mas na implementação de estratégias eficazes de vigilância, manejo sanitário, conservação e maior proteção dos seus habitats com base em evidências científicas. Isso inclui o monitoramento contínuo da saúde das populações de aves migratórias, bem como ações preventivas junto às criações domésticas e aos mercados de animais, ambientes onde o vírus costuma se multiplicar e sofrer mutações potencialmente perigosas", destaca Monteiro.

Dicas para prevenir a doença em granjas comerciais e criações de quintais

No que diz respeito à criação de galinhas em quintais para consumo familiar — as chamadas aves de subsistência —, a Adagri e o Mapa orientam que sejam adotadas medidas rigorosas para evitar a entrada da doença nas propriedades.

São sugeridas as seguintes práticas:

  • Adquirir aves somente de locais registrados na Adagri;
  • Evitar adquirir aves em feiras livres;
  • Adotar práticas rigorosas de biosseguridade nas granjas.
  • Estar atento a qualquer comportamento anormal ou à mortalidade das aves;
  • Informar às autoridades competentes caso observar aves com dificuldade respiratória, de locomoção, pescoço torto ou diarreia.

 

 

*Diário do Nordeste