O
italiano Dario Antonio Raffaele D’Ottavio, de 88 anos, cujo corpo era
mantido pelos filhos dentro de casa, na Ilha do Governador, na Zona
norte do Rio, pode ter morrido há até dois anos, segundo laudo do
Instituto Médico-Legal do Rio de Janeiro. O documento afirma ser
impossível apontar a causa da morte, devido ao avançado estado de
decomposição do corpo, e que D’Ottavio pode ter morrido há no mínimo
seis meses e no máximo dois anos.
Os
dois filhos do italiano, Marcelo Marchese D’Ottavio, de 51 anos, e
Tania Conceição Marchese D’Ottavio, de 55 anos, mantiveram o corpo
dentro de casa, coberto por cal e plástico, em um quarto cujas frestas
da porta eram mantidas vedadas para que o odor não se espalhasse.
Eles
foram presos em flagrante no dia 21 de maio, quando, acionados por
vizinhos, policiais civis da 37ª DP (Ilha do Governador) estiveram na
casa e descobriram o corpo, e vão responder por ocultação de cadáver (em
função de manterem o corpo do pai em casa), resistência e lesão
corporal (por terem reagido quando receberam ordem de prisão). A
reportagem não localizou a defesa dos filhos.
A
polícia pediu à Justiça autorização para submeter os dois filhos do
italiano a exame psiquiátrico. Marcelo está internado sob custódia
(preso) no Hospital Psiquiátrico Philippe Pinel, em Botafogo (zona sul).
Vizinhos dele contaram à polícia que era comum ele afirmar aos gritos,
na rua, que havia matado o pai, o que em geral era interpretado como um
desvio psiquiátrico. A irmã dele está num presídio comum.
A
possível data da morte coincide com depoimentos dos vizinhos. Segundo
eles, Dario era visto na rua com frequência, mas desapareceu
repentinamente há aproximadamente dois anos. Desde então, os filhos não
permitiam que ninguém entrasse na casa.
A
investigação apontou que Dario morreu em casa – não foi possível
esclarecer se foi por causa natural ou se foi morto – e os filhos
continuaram recebendo os benefícios previdenciários do pai. Ele recebia
cerca de R$ 5.000 por mês (R$ 3.500 referentes à aposentadoria e mais um
salário mínimo como pensão da mulher, que havia morrido antes).
*AE