Três homicídios foram registrados na região afetada pelo confronto, em setembro. Autoridades esperam apresentar resultados das investigações em breve

Um conflito entre facções criminosas teria provocado a expulsão de moradores das residências e até homicídios, na comunidade do Jacarezal, em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), nas últimas semanas. Os crimes são investigados pela Polícia Civil do Ceará (PCCE).
Em entrevista ao Diário do Nordeste na última terça-feira (30), o diretor do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), delegado Ricardo Pinheiro, garantiu que a Polícia Civil tem "ações em andamento em relação a essa situação. A investigação está em trâmite, e em breve a gente vai trazer um retorno e apresentar o resultado dessas investigações".
A Polícia Civil corroborou, em nota, que "apura as causas da desocupação de residências em uma comunidade do bairro Conjunto Jereissati III, no município de Pacatuba - Área Integrada de Segurança 24 (AIS 24) do Estado".
Também estão em investigação dois homicídios registrados na região nos últimos dias 22 e 25 de setembro. Os casos estão a cargo da Delegacia de Pacatuba, que realiza diligências sobre os fatos. Mais informações serão divulgadas em momento oportuno para não atrapalhar os trabalhos investigativos."
A reportagem recebeu informações que integrantes da facção carioca Comando Vermelho (CV), que pretendem tomar o domínio do tráfico de drogas no Jacarezal, teriam ordenado que moradores saíssem de aproximadamente 30 imóveis. A região era ocupada por membros da facção cearense Guardiões do Estado (GDE).
"Existe esse contexto de integrantes de organização criminosa em busca do território, de realizar a expulsão de alguma forma de indivíduos da facção rival ou de alguma forma relacionados à facção rival. Essa situação na Pacatuba está sendo, sim, objeto de investigação pela Polícia Civil e, em breve, estaremos apresentando o resultado da investigação", respondeu o delegado Ricardo Pinheiro.
A expulsão de moradores, por facções criminosas, é recorrente no Ceará nos últimos anos. Em 2025, há registros de ordens contra moradores dos bairros Vicente Pinzón e Papicu, em Fortaleza, e na localidade de Uiraponga, no Município de Morada Nova. Em anos anteriores, houve casos em Maranguape, em conjuntos habitacionais no Jangurussu e em bairros como o Barroso e o Lagamar, em Fortaleza.
O Comando Vermelho acentuou as ações criminosas para tomar territórios em Fortaleza e na Região Metropolitana, neste ano. Conforme fontes ligadas à Segurança Pública ouvidas pela reportagem, o objetivo da organização criminosa era dominar o controle do tráfico de drogas na Capital. O domínio de áreas estratégicas foi comemorado pela facção carioca, em uma queima de fogos, no último dia 15 de setembro. Entretanto, o avanço do CV motivou a aliança entre a GDE e outra facção carioca, o Terceiro Comando Puro (TCP).
Homicídios registrados em Pacatuba
Conforme as denúncias recebidas pela reportagem, um idoso, que teria se recusado a sair de casa, foi assassinado a tiros, no Jacarezal, em Pacatuba, no último dia 25 de setembro. Outro homem teve a casa invadida e também foi morto a tiros, três dias antes.
Um terceiro homicídio, ocorrido uma semana antes, também pode ter relação com o confronto entre facções. Um adolescente de 14 anos foi executado a tiros, no dia 15 de setembro. O jovem jogava futebol, quando foi perseguido por criminosos que trafegavam em um carro. Ele chegou a entrar em casa, mas foi alvejado e morto.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) registrou três homicídios em Pacatuba, no mês de setembro, até o dia 20, conforme os Boletins Diários da Pasta. O documento não é atualizado desde o dia 21, no site da Instituição.
Com os homicídios ocorridos nos dias 22 e 25, sobe para cinco o número de mortes violentas registradas em Pacatuba, no último mês de setembro.
Questionado sobre os homicídios, o delegado Ricardo Pinheiro afirmou que "ocorreram alguns homicídios ali na região do Município de Pacatuba, mas, como eu falei, a gente não pode relacionar diretamente a esse contexto (de briga de facções e expulsões de moradores)".
A Polícia Civil ressaltou que "a população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As informações podem ser direcionadas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, pelo qual podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia ou ainda via "e-denúncia", o site do serviço 181, por meio do endereço eletrônico: https://disquedenuncia181.sspds.ce.gov.br/. O sigilo e o anonimato são garantidos".
"As denúncias também podem ser encaminhadas para o telefone (85) 3101-7428, da Delegacia de Pacatuba. O sigilo e o anonimato são garantidos", completou a Instituição, na nota.
*Diário do Nordeste