Nesta sexta-feira, o presidente da França, François Hollande, afirmou que não há sobreviventes no
acidente do avião da Air Algérie que caiu no Mali. Desde a última
quinta-feira (17), uma sequência de três tragédias com aviões resultou
em 462 pessoas mortas em apenas oito dias.
Air Algérie
O
avião modelo McDonnell Doulgas MD-83 caiu 50 minutos após a decolagem
em Uagadugu, capital de Burkina Faso, na quinta-feira (24). Destroços
foram localizados em Mali.
Mortes: 116
TransAsia Airways
Avião
turboélice se destroçou na pista de um aeroporto na ilha de Penghu, em
Taiwan, ao tentar fazer um pouso de emergência na quarta-feira (23).
Mortes: 48
Malaysia Airlines
O
voo MH17 saiu de Amsterdam com destino a Kuala Lampur. Caiu na Ucrânia,
perto da fronteira russa. Suspeita-se que o Boeing 777 foi abatido por
um míssil de rebeldes separatistas.
Mortes: 298
Dados
da Organização Internacional de Aviação Civil (Icao) mostram que essas
462 vítimas já superam o total de mortes na aviação comercial em cada um
dos três anos anteriores. Em 2013 foram 173 mortes em 90 acidentes; em
2012, 388 mortos em 99 quedas e, em 2011, 372 mortos em 118 casos.
Já em 2010, segundo a Icao, foram 626 mortos em 104 acidentes e, em 2009, 655 vítimas em 102 casos.
O
Icao, que trabalha pela segurança aérea global, afirma que houve
redução do número de acidentes pelo mundo nos últimos cinco anos. Em
2013, a taxa ficou em 2,8 acidentes a cada um milhão de partidas
comerciais.
A
Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) afirma que, apesar
dos últimos acidentes, "voar continua sendo seguro". "A maior prioridade
de todas as empresas é segurança", ressalta o órgão. Segundo a Iata, o
caso do Boeing abatido na Ucrânia foi "um crime" e um "ataque contra o
sistema de transporte aéreo, que é um instrumento para a paz".
Pelos
dados da associação, o ano de 2013 fechou com 210 mortes envolvendo a
aviação de transporte de passageiros. Segundo o órgão, a média anual
vítimas no setor, nos últimos 5 anos, é de 517 mortes.
O
Escritório de Arquivos de Acidentes Aéreos (B3A), organização civil
internacional com sede em Genebra e que computa dados de tragédias da
aviação desde 1918, afirma que neste ano já houve 68 acidentes aéreos,
com 991 vítimas no total – incluindo todos os tipos de aeronave, e não
só comerciais. Em 2013, o órgão havia registrado 137 colisões e 453
mortes.
O ano em que houve mais vítimas de acidentes de avião, segundo o B3A, é 1972 – quando morreram 3.344 passageiros e tripulantes.
´Coincidência´
“Não
há como dizer que esta foi a pior semana da aviação comercial, já houve
outras semelhantes. Não está caindo avião. O que coincidiu é que, nesta
semana, dois caíram e um foi abatido ao sobrevoar uma área de guerra”,
afirma o historiador Ivan San´tana, autor de livros sobre as maiores
tragédias aéreas brasileiras.
San´tana
afirma que o pior dia para a aviação civil foi, "sem dúvida", 11 de
setembro de 2001, quando morreram 2.996 pessoas devido à queda de quatro
aeronaves nos Estados Unidos – duas delas se chocaram contra as torres
do World Trade Center, em Nova York.
"Mas
foi um ataque terrorista”, relembra ele. “O número de acidentes aumenta
porque o tráfego aéreo cresce. Mas o número de mortos anual vem
diminuindo”, afirma.
Outras grandes tragédias
Em
27 de março de 1977, 583 pessoas morrreram após a colisão de um Boeing
da KLM com um avião da Pan Am no Aeroporto de Los Rodeos, na Ilha de
Tenerife, no Arquipélago das Canárias (Espanha). O episódio ficou
conhecido como “o desastre de Tenerife” e provocou mudanças na
tecnologia da aviação.
Já
em agosto de 1985, 509 passageiros e mais tripulantes morreram a bordo
de um Boeing 747 da Japan Airlines que sofreu descompressão e caiu em
uma montanha perto de Tóquio.
Em
março deste ano, outro Boeing 777-200 da Malaysia Airlines, que seguia
de Kuala Lampur para Pequim, desapareceu em uma área fora da sua rota
original, enquanto sobrevoava o Oceano Índico. No voo MH370 iam 239
pessoas a bordo. O paradeiro da aeronave ainda é um mistério.
No Brasil
As três maiores tragédias da aviação brasileira deixaram, 581 mortos no total.
Em
1º de junho de 2009, um Airbus A-330 da Air France que fazia o voo
AF447 na rota Rio de Janeiro-Paris perdeu sustentação e caiu no Oceano
Atlântico com 228 pessoas a bordo. Relatório da investigação apontou que
o copiloto adotou um procedimento equivocado após não entender o que
ocorria devido ao congelamento do pitot (sensor de velocidade) em
altitude elevada.
Dois
anos antes, em julho de 2007, outro Airbus, dessa vez da TAM,
procedente de Porto Alegre (RS), varou a pista ao pousar no aeroporto de
Congonhas (SP) colidindo com um galpão da companhia do outro lado de
uma avenida. Houve 199 mortos e 13 feridos.
Já
em setembro de 2006, um Boeing da companhia aérea Gol que fazia o voo
1907 colidiu com um jato Legacy que estava com o sensor de localização
desligado e caiu em um trecho de mata fechada no norte do Mato Grosso.
Todas as 154 pessoas que estavam a bordo do Boeing morreram.
Fonte: G1