Dunga deve ser anunciado oficialmente como novo técnico da seleção
brasileira de futebol nesta terça-feira. O comandante do Brasil entre
2006 e 2010 tem em seu currículo episódios de conflito com a imprensa e
não agradou especialistas e comentaristas como substituto de Luiz Felipe
Scolari, depois da decepcionante campanha na Copa do Mundo no Brasil.
Mas o capitão do tetra não foi o principal alvo, e sim a CBF.
Os
resultados na primeira passagem pelo Brasil foram lembrados. A seleção
ficou com a primeira colocação em três das cinco competições que
disputou (líder das Eliminatórias Sul-americanas, além de ser campeão da
Copa América 2007 e Copa das Confederações 2009).
Porém, a
ausência de trabalhos de destaque nos últimos anos e seu estilo
agressivo não agradam. Também foi colocada em dúvida a capacidade de
trabalhar com jovens jogadores. Dunga foi bastante criticado por não
levar Neymar e Ganso ao Mundial da África do Sul.
Mas a CBF foi
quem mais recebeu críticas. A escolha do técnico, a gestão e o
planejamento foram duramente atacados. A comparação com a Alemanha, que
mantém no cargo um treinador que faz parte da federação há dez anos,
também se faz presente.
Outro ponto negativo apontado é
repetição de técnicos do Brasil (nos últimos 20 anos retornaram Felipão,
Parreira, Zagallo – e agora Dunga – ao comando da seleção).
O que disseram os especialistas sobre Dunga
Dunga fez um bom trabalho à frente da seleção brasileira até o fatídico
segundo tempo diante da Holanda, na Copa de 2010. O trabalho dele só
não foi melhor por três motivos: poucas vezes a seleção jogou um futebol
de encher os olhos; a ideia do grupo blindado em excesso o fragilizou; o
próprio Dunga dizia que seu trabalho só seria bom se ganhasse a Copa Juca Kfouri, blogueiro do UOL
Reinaldo Marques/TV Globo
Em 2002 era o Felipão; 2006 era o Parreira; depois o Dunga e não deu
certo; agora o Felipão e o Parreira de novo; e então o Dunga. É aquele
cachorro que corre atrás do rabo: fica girando, girando e não sai dali Casagrande, comentarista da Globo
Eu sou contra (o Dunga), como pessoa e como treinador. Mas respeito quem é a favor Neto, apresentador e comentarista da Bandeirantes
A pressa é inimiga da seleção. Qualquer uma. Conversar com possíveis
nomes disponíveis no mercado, analisando uma série de fatores e se
baseando em critérios objetivos para essa escolha seria o melhor
caminho. Mais longo. Mas com menos riscos de eventual troca de piloto Mauro Beting, colunista do Lance!
Arquivo pessoal
Serei inimigo do Dunga. É uma raiva, uma tentativa de se confrontar o
tempo inteiro. Dane-se se foi bom ou ruim na seleção. Também na CBF o
que se pode esperar? Não precisava ter escolhido ninguém agora José Trajano, comentarista da ESPN
Vale questionar o que houve com a carreira de Dunga de 2010 até hoje.
Fora longo período sabático que tirou para cuidar de questões
familiares, e de um ou outro bico como comentarista esportivo dirigiu o
Internacional por algum tempo, sem deixar lastro Antero Greco, colunista no Estado de S. Paulo
Dunga pode fazer um bom trabalho na seleção. Mas sua escolha serve só
como escudo para proteger Marin. Neste momento, o obrigatório é trilhar
um novo caminho. O Brasil prefere andar em círculos PVC, colunista da Folha de S. Paulo
Será um colossal contrassenso entregar agora a renovação da seleção
justamente àquele que não quis inovar nada enquanto esteve no comando,
chegando ao cúmulo de deixar Neymar e Ganso no Brasil e levar Grafite e
Kleberson à África do Sul Renato Maurício Prado, colunista de O Globo
Dunga nunca teve a capacidade -e nunca terá- para comandar a seleção
brasileira. No período que ele comandou a seleção, Dunga não fez nenhuma
inovação, não revelou nenhum grande jogador. Moderno para ele é o
Brasil que conquistou o tetra no Mundial de 1994 Humberto Peron, na Folha de S. Paulo
Luciana Cavalcanti/Folhapress
A gente está muito falando em passado. Só falamos do que aconteceu. É
uma volta, então não sei o que a gente está pensando. Não estamos
planejando nada. Tomara que ele e a mídia cheguem com o espírito aberto,
sem confronto Cléber Machado, narrador da TV Globo
O trabalho feito por Dunga na Copa da África do Sul não foi desastroso
como o de Luiz Felipe Scolari no Mundial do Brasil. Mas convenhamos, não
pode ser esse o parâmetro. A opção pelo "menos ruim" não aponta um bom
caminho para o futebol brasileiro, pelo contrário Mauro Cezar Pereira, comentarista da ESPN
Se fosse uma estratégia de marketing, a volta de Dunga à seleção
brasileira ia virar "case", para ficar na linguagem dos marqueteiros. Um
case de fracasso absoluto Eduardo Tironi, colunista do Lance!
Flávio Florido/Folhapress
Trata-se de ótima pessoa, homem que tenta ser justo, mas não o
considero como técnico, ainda, em nível superior aos demais patrícios
que temos por aqui Roberto Avallone, blogueiro do UOL
A CBF elegeu Dunga para ser o semeador de mudanças que não podem mais
ser proteladas. Não será, certamente, tarefa para um homem só. Dunga
precisará contar com afinada e competente assessoria para desenvolver um
projeto que leve à reabilitação do futebol brasileiro Wianey Carlet, blogueiro do Zero Hora
Caso se confirme a entrega da seleção a Dunga, a CBF volta ao segundo
milênio. Ao finalzinho dele, a 1994. Sim, porque Dunga está sendo
convidado por haver levantado a taça do tetra e não por seus 123 jogos
como treinador Luis Simon, blogueiro do UOL
Dunga terá que rever seus conceitos sobre levar promessas do futebol brasileiro para uma Copa do Mundo Ricardo Perrone, blogueiro do UOL
Se a gente tivesse a cultura do futebol europeu a gente teria o Dunga
na última Copa (2014). A gente tem que renovar a mentalidade, ele teve
ótimos números, mas já foi, igual o Felipão. Agora, a seleção não é do
Dunga, a seleção não é da CBF Denílson, comentarista da Bandeirantes
O fato dele (Dunga) ser meio tosco com as pessoas é uma questão pessoal
dele, tem que se avaliar o trabalho dele. Mas o problema não é o
treinador, o problema é quem está acima do treinador. Ao chamar o Dunga
quer dizer que eles, Marin e Marco Polo Del Nero, não querem mudar nada Maurício Noriega, comentarista do SporTV
Dunga é um chato. É um homem paranoico, agressivo, muitas vezes
mal-educado. Mas é um trabalhador sério e dedicado, com uma qualidade
fundamental para quem sobrevive com o futebol: sabe perder. Essa
característica talvez faça de Dunga uma escolha inteligente neste
momento David Coimbra, blogueiro do Zero Hora
Dunga não é mau treinador. Mas para dar certo, ele vai ter que se
adaptar ao mundo do futebol hoje e isso inclui a imprensa esportiva Maurício Saraiva, comentarista do SporTV
Isso é um deboche, uma burrice sem tamanho! Está acontecendo justamente
num momento que o futebol brasileiro precisa de um raio-X. Está se
levando a sério uma palhaçada. É impossível analisar isso a sério. O
Dunga é um tapa na cara, é uma vergonha Lúcio de Castro, comentarista da ESPN
Essa escolha do Dunga e até do Gilmar é um tapa na cara de toda a
sociedade do futebol brasileiro. Um dos raciocínios da CBF é o Dunga
funcionar como escudo, ele dá a cara a tapa, vai para o confronto e isso
blinda a direção da CBF. Acho que não pensaram na parte tática Lédio Carmona, comentarista do SporTV
Nenhum de nós pode deixar de refletir sobre o passo atrás que está
sendo dado. Sobre o fato de a CBF tentar recuperar um trabalho que
parecia ter se encerrado, com contabilidade feita, erros e acertos
respeitados, mas principalmente, uma página que parecia ter sido
superada no futebol brasileiro Carlos Eduardo Lino, apresentador e comentarista do SporTV
Não existe planejamento. Não tem alternativa, corremos com o mesmo ciclo de pessoas Alexandre Oliveira, apresentador do SporTV
Acabamos de reviver a Copa com seleções de futebol coletivo, mas com
treinamento moderno para desenvolver esse tipo de futebol e parece que
não aprendemos nada. Estamos dando um passo para trás. Estamos perdendo a
oportunidade de um trabalho mais científico, de longo prazo Bob Faria, apresentador da Globo
Quando Dunga foi técnico, fez tudo que foi pedido pra ele. Eu não vejo
tantas opções melhores no futebol brasileiro, mas, infelizmente, talvez
isso diga muito mais sobre o futebol brasileiro do que sobre o Dunga. Gian Oddi, comentarista da ESPN
Fonte: Uol Notícias
