O pároco de Morrinhos (Ceará), Jacó Sidarta, narrou seu chamado ao sacerdócio. As alegrias e desafios de sua missão estão no relato empolgante e apaixonado pela vocação dada pelo Senhor. Seu amor à Virgem Maria e por aqueles que influenciaram seu chamado é flagrante.
Pe. Jacó Sidarta de Sousa Vieira, nasci em Santa
Quitéria. Ce. Fui ordenado por D. Jacinto, que era bispo diocesano de
Crateús, em 28 de janeiro de 2005. Nossa Diocese de Sobral estava
vacante na época. Desde menino dizia que queria ser padre. Gostava de
desenhar imagem dos santos, de brincar de celebrar missa fazer
procissão. Fui coroinha e depois de jovem comecei a amadurecer a ideia,
ou seja busquei por meio de leituras entender sobre o chamado de Deus ao
sacerdócio e notei que me sentia chamado.
Mas não era suficiente somente o meu pensamento, por isso busquei orientação
no meu grupo de oração e com meu pároco que me encaminhou para o
seminário diocesano para fazer um discernimento mais amadurecido sobre
minha vocação. O meu processo formativo como seminarista
vocacionado começou em 1997 e foi até 2004 quando encerrei o estágio
pastoral e fui ordenado diácono.
Espiritualidade
Minha espiritualidade e creio que minha vocação nasceu da
Eucaristia. Não entendia muito, mas sentia algo muito bom nas bênçãos
do Santíssimo que eram dadas por meu pároco falecido, Monsenhor Ximenes,
no final das novenas de minha padroeira, Santa Quitéria.
Fui muito tocado com as adorações nos ambientes de espiritualidade de
Renovação Carismática com a pregação, adoração ao Santíssimo, leitura
da Palavra e busca sincera pela santidade. Minha espiritualidade é
interessante, pois tem influências conservadoras, que vem do meu pároco,
pe. Ximenes, formado por D. José Tupinambá da Frota. Tem influencias da
Renovação Carismática, onde aprendi amar Jesus, Sua Igreja, Seu povo e
ter uma grande devoção para com a Virgem Maria, de quem sou ”escravo”.
Por que sou padre?
Sou padre em primeiro lugar porque Deus me chamou,
me escolheu e me consagrou em Sua Santa Igreja. Sou padre para ser mais
íntimo de Deus e proporcionar que as pessoas também sejam mais íntimas e
amigas de Deus. A verdadeira intimidade, comunhão com Deus na
Eucaristia, nos leva a uma comunhão de vida com os irmãos, gerando
testemunhando nossa fé por meio da vivência da fraternidade,
solidariedade e paz em todos os ambientes que vivemos: família,
trabalho, sociedade…
Ser padre é uma vocação, é um chamado de Deus, e quando Deus chama
Ele não chama para a infelicidade, para uma vida de decepção,
frustração. Na vida sacerdotal tenho dificuldades, mas sinto
constantemente a presença de Jesus e Maria Santíssima comigo,
confirmando minha vocação e me dizendo; “o meu peso é leve”, “carrego
tua cruz contigo”, você não está sozinho”.
Mesmo com minhas fraquezas sei que Nosso Senhor me chamou e está
comigo, sei que está aqui em Morrinhos (Ceará) como pároco não é apenas
um projeto humano, mas tem o dedo de Deus e da Virgem Maria agindo
nitidamente. Fico feliz quando vejo as pessoas procurando amar a Deus e
aos irmãos.
O que inspira na caminhada
Quando vejo as pessoas unindo fé e vida. Depois de uma celebração
bonita, onde todos rezam com convicção e não por costume apenas, as
pessoas que tinham uma intriga se dão o perdão. As pessoas deixando de
ser politiqueiras, deixando de usar e traficar drogas, valorizando mais
a família, sendo mais solidárias e compassivas para com o próximo, isso
tudo enche o coração de alegria pois vemos a força do Evangelho mudando
vidas. Não como uma teoria bonita que estudamos e propomos, mas como
a força mesma da Palavra que nos transforma a todos que se deixam transformar.
Vale a pena sim, como diz meu querido bispo D. Odelir, “fazer parte desse sonho de Deus”.
Um sonho, um projeto de amor que nem merecemos fazer parte, mas que Ele
por amor e misericórdia nos insere e vai agindo em nós a na vida de
tantos outros.
Morrinhos
Falar de Morrinhos pra você Vanderlúcio (titular do blog) me deixa
sem jeito, pois você é daqui e sabe como o povo é bom, é católico. Padre
Saraiva plantou e estou colhendo. Rezamos pelas vocações, pedimos
a Deus pelos méritos de São José toda primeira quarta do mês mais santas
vocações. Deus escuta e atente nossas preces.
Esperamos
que os rapazes que estão no seminário estejam abertos ao processo
formativo e que queiram servir de coração a Deus e Sua Igreja na pessoa
dos mais sofridos da nossa sociedade.
A diversidade é um dom de Deus. É bom trabalhar com expressões
diferentes, pois nos ajudam a servir o mesmo Deus de formas diferentes e
corretas. O Moysés Azevedo, fundador da Comunidade Católica Shalom,
fala da diversidade como um jardim com flores de todas
as espécies e diz que a beleza do jardim está na diversidade das flores.
A Paróquia do Sagrado Coração de Maria é bela por causa da diversidade
de expressões servindo na mesma Igreja.
Desafios
Nas cidades de interior existe um partidarismo politiqueiro muito
grande manipulando as massas. As pessoas são dependentes de determinados
líderes, estruturas e partidos políticos muitas vezes sem moral, sem
preocupação com o bem comum, preocupados apenas em manter o poder.
É ruim lidar com pessoas assim, pois não tem amor ao próximo, apenas usam dos mais pobres
de forma utilitarista para ganharem eleições. É péssimo também, saber
que a maioria das pessoas não quer ser esclarecida, prefere viver no
mundo das paixões politiqueiras mendigando um papel de luz, de água,
dentadura, pneu de bicicleta etc…
Existem infelizmente, pessoas tão alienadas que são capazes de
brigarem no período das eleições e os quatro anos de mandato dos líderes
que ganham a eleição. O desafio aqui é esclarecer o povo
de modo que entendam que não sou partidário. Que queiram o bem de
todos, que não adianta se dizer católico e não procurar o bem de todos
deixando de lado todo individualismo interesseiro.
Diálogo com outras expressões religiosas
Temos algumas seitas por aqui. É negativo ver o fundamentalismo que
leva ao fanatismo religioso. Procuramos orientar as pessoas a tirarem
suas dúvidas, pois atacam a Igreja, nos julgam, nos caluniam. Mas meu
relacionamento com a pessoa de um irmão é de respeito e diálogo.
Nesses dias recebi a visita de um pastor, para tratar de negócios e
acabamos falando do Evangelho e no final cantei um hino da arpa, e ele
ficou muito admirado. Acho que ele jamais imaginou que “um padre conhecesse Jesus” e cantasse um hino da arpa.
Influências no chamado
Deus usou muito para inspirar minha vocação meu pároco, Padre
Ximenes (foto), de saudosa memória. Seu exemplo de pai, pastor, seu cuidado com
as coisas de Deus e com o povo, seu desprendimento, seu jeito de ser
padre, muito me inspiram. Moysés Azevedo, fundador da comunidade Shalom,
com seu amor a Jesus e a Igreja, sua vida de oração e fervor, também me inspiram.
Muitas pessoas boas e santas me inspiram, mas eles são modelos de
vivência do Evangelho para mim. Tenho 09 anos de padre e sou muito
feliz.
Vivo e vejo a fidelidade de Deus na minha vida. Sou muito grato pela
Igreja, que me orienta por meio dos bispos, que me alimenta com a
Palavra e com a Eucaristia, que transmite o amor de Deus por meio do Seu
povo. Sou muito grato a Maria Santíssima que me ensina a amar Jesus, a
viver a obediência, e que sempre intercede por mim, sustentando meu
ministério sacerdotal em todas os momentos.
Pe. Jacó Sidarta de Sousa Vieira
Fonte: Blog Ancoradouro



