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Dono de bar em MG transforma ofensa aos clientes em 'marketing'

Bar do Capelão fica em Viçosa e chama atenção por provocações.
Empresário diz que nem todos gostam do estilo ácido. 
"Animais", "insetos", "vermes", "trouxas extorquidos". É assim que o mineiro Luizinho Capelão se dirige a seus clientes na página de seu negócio no Facebook. O empresário tem um bar em Viçosa(MG), na Zona da Mata, e fez das ofensas, em tom de brincadeira, um diferencial para se promover .

Situado ao lado do cemitério da cidade, o Bar e Petiscaria do Capelão já tem mais de 15 anos. A casa  é reduto de estudantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e de torcedores do Atlético-MG - time do dono do estabelecimento.

Luizinho Capelão contou que já chegou a gritar, falar alto, fazer barulho, ironizar clientes, jogar copos vazios aos frequentadores com um "toma aí" e até falar mal da comida do próprio bar. O tratamento oferecido aos fregueses é encarado pelo empresário como uma forma diferente de “fazer negócio” em que o marketing é sua personalidade ácida.
Empresário contou que tirar onda com a cara dos clientes tem seu preço (Foto: Luizinho Capelão/Arquivo Pessoal) 
Empresário contou que brincar com os clientes tem seu preço
(Foto: Luizinho Capelão/Arquivo Pessoal)
 
Luizinho diz que não tem garçons no local - mas conta com a ajuda do filho. Ele faz o atendimento ou deixa que os próprios clientes se sirvam. E assim não há taxa de serviço. “Em vez de gerar emprego para um garçom, prefiro fazer pessoalmente o atendimento aos clientes. Minha ganância é tão grande que eu embolso o que seria o salário do garçom e os 10% dele”, diz em um dos posts.

Em outra postagem, ele faz troça em cima do lucro gerado pelos valores cobrados. “Para vocês terem certeza de que são trouxas explorados. Os preços sugeridos nas tampinhas da coca e do guaraná de um litro são R$ 1,99 e R$ 1,50, respectivamente. Eu vendo por R$ 6 e R$ 5 cada. Detalhe: os preços de compra são R$ 1,20 e R$ 0,90. Lucro: 400%. Só não ganha dinheiro quem não sabe trabalhar.”

Nem todos gostam
Mesmo com tanta gente falando bem, o empresário mineiro contou que tirar onda com a cara dos clientes tem seu preço e ele tem que ser pago. “Já teve casos de pessoas que foram no meu bar e, quando fiz uma brincadeira, se levantaram e foram embora. Eu dou muita liberdade para meus clientes e tem gente que não gosta disso”, contou.

O empresário afirma que, além do palavreado, teve época que era citado por rasgar dinheiro e devolver a metade quando não tinha troco. Ou por aumentar o preço do cardápio para fazer um “rodízio na clientela”. Mas diz que preza o corpo-a-corpo e a boa conversa e chegou até a ser a homenageado em colação de grau da universidade local.

A página do bar no Facebook mostra que a tática da ofensa tem compensado. São mais de 20 mil curtidas e, de 5, o bar tem nota 4,8 em 170 avaliações até o fim da tarde desta sexta-feira (24). Por uns ele é visto como o “guru” da administração, por outros como “político honesto”, e tem aqueles que o consideram “doido”.

Em uma das avaliações, um dos clientes disse querer abrir uma franquia e finalizou com “Menos mimimi, mais Capelão”. Outro afirmou que são raros os casos que ele pagaria para ser “maltratado”, sendo que uma delas seria dando apoio à iniciativa Bar do Capelão. O freguês ainda chamou o empresário de mito e se mostrou a favor do livre comércio – Bar dele, regras dele.
Bar fica quase sempre lotado de universitários e atleticanos (Foto: Luizinho Capelão/Arquivo Pessoal) 
Bar fica quase sempre lotado de universitários e atleticanos (Foto: Luizinho Capelão/Arquivo Pessoal)
 
O filho de Luizinho Capelão, Marcos Paulo, trabalha com o pai. Ele contou que chega por volta das 16h para abrir o bar e esperar o empresário. Segundo o rapaz, o local ganhou um diferencial justamente pela personalidade do anfitrião. “É o único da cidade que tem esse jeito e o pessoal gosta. 

Meu pai sempre foi assim e a casa fica lotada por esse mesmo motivo”, comentou.

Marcos Paulo acrescentou que ao observar o pai consegue perceber que “fazendo uma coisa diferente também pode ganhar dinheiro, chamar atenção e conquistar a fidelidade”.

Para o filho, não existe falta de educação ou atendimento ruim e sim amizade e uma liberdade entre dono do bar e clientes. “Aqui todo mundo pode ser o que realmente é e falar o que tem vontade.”



Fonte: G1