23.abr.2015 - Davina Aparecida Castelli foi condenada por ter xingado e gritado com três negros em São Paulo |
Davina Aparecida Castelli, 73, foi condenada a quatro anos de prisão em
regime aberto por ter xingado três negros em um shopping center na
avenida Paulista, em São Paulo. O caso ocorreu em 2012 e foi encerrado neste mês no Tribunal de Justiça. Não há mais possibilidade de recurso.
O processo criminal foi movido por Karina Chiaretti, que na ocasião
estava fazendo compras na farmácia do shopping Top Center com a filha de
nove anos. Foi quando ouviu Davina se dirigir à vendedora Suelen
Meirelles, pedindo para "ser atendida por alguém da minha cor".
Na portaria do seu prédio, na avenida Paulista, o supervisor predial
Alex Marques da Silva diz ter ouvido dela: "Macaco! Volta para a
selva!". Suelen e Alex são citados no processo de Karina como
injuriados.
Outros insultos proferidos por Davina naquele momento foram "Macaca, eu
não gosto de negro; negro é imundo; a entrada de negros no shopping
deveria ser proibida; odeio negros, negros são favelados".
A idosa foi condenada em primeira instância em fevereiro de 2014 a quatro anos de prisão em regime semiaberto, além de indenizar em R$ 28.960 para cada um dos ofendidos por danos morais.
No entanto, a Defensoria Pública, que representava Davina, recorreu e
conseguiu modificar a pena de regime semiaberto para aberto [onde o
preso cumpre a pena em casa] e retirar a obrigação de indenização. A
condenação final saiu em novembro de 2014, e o prazo pra recursos
findou-se no dia 12 de abril deste ano.
A aposentada é conhecida dos frequentadores da avenida Paulista por
seus insultos a minorias. Em 2011, xingou um deficiente físico e chamou
policiais de "idiotas e vagabundos". Em fevereiro deste ano, ofendeu uma descendente de orientais em uma livraria de Curitiba.
"Em se tratando de Brasil, o processo ocorreu num período até rápido.
Mas foi uma vitória, claro, independente de ser aberto ou semiaberto.
Ela não é louca, ela é má, independente da idade. É um pequeno passo
diante do que tem que ser feito, isso no Brasil não pode mais
acontecer", disse Karina.
A reportagem do UOL não conseguiu entrar em contato com Davina. Já a Defensoria Pública de SP emitiu a seguinte resposta:
"A Defensoria Pública exerceu a defesa criminal da ré e buscou todos os
esforços para que o caso na Justiça ocorresse de acordo com o devido
processo legal, respeitado o contraditório e a ampla defesa, tal como
determina a Constituição Federal a todas as pessoas processadas
criminalmente.
Após o acompanhamento do caso em primeira instância, a
Defensoria Pública ingressou com recurso de apelação no Tribunal de
Justiça de SP. A decisão foi reformada em novembro de 2014".
Fonte: Uol Notícias