Fenner, cujo trabalho é reconhecido desde sua luta nos anos de 1970 para
erradicar a varíola, é nada otimista com relação ao fim do mundo.
Segundo ele, há três fatores que estão nos levando para a extinção
humana: superpopulação, falta de recursos naturais e mudanças
climáticas.
Ainda que a previsão do cientista
não seja considerada realmente precisa, há alguns anos ele nos alerta
para determinadas questões que precisam ser repensadas urgentemente,
como o esforço mínimo e insuficiente que fazemos para diminuir a
quantidade monstruosa de substâncias poluentes que enviamos a todo o
momento para a atmosfera.
No final das contas, Fenner acredita que não há meios de reduzir os danos
que já causamos até agora. Diminuir o número de poluição parece ser
apenas a parte mais fácil do trabalho que seria capaz de mudar o rumo da
coisa. A parte mais difícil dessa missão seria desenvolver meios
tecnológicos de reverter esse processo apocalíptico, que já começou há
muito tempo.
Em 2007, Sir David King, conselheiro científico do governo britânico,
disse: “Evitar mudanças climáticas perigosas é impossível – mudanças
climáticas perigosas já estão aqui. A pergunta é: nós podemos evitar
mudanças climáticas catastróficas?”.
Seguindo o raciocínio de Fenner, podemos concluir, a partir
da declaração de King, que ou tudo isso é alarmismo ou, pior, estamos
em um cenário que simplesmente não tem como ser mudado. O colunista
David Auerbach, que escreve para a agência Reuters, acredita que está
mais do que na hora de mudarmos nossas fontes de energia, além de
diminuirmos de fato a quantidade de emissão poluente.
Atualmente, o objetivo
é não deixar que a temperatura global suba mais de 2 ºC. Em 2100 a
previsão é de que esse aumento seja de 5 ºC, que já é o suficiente para
provocar inundações, fome, seca, aumento do nível do mar e extinção em
massa. Além do mais, esse aumento da temperatura nos deixaria próximos
dos 6 ºC, que é ponto capaz de deixar nosso planeta inabitado,
destruindo a maioria das espécies.
Ainda que os EUA, a União Europeia e a China tenham se comprometido com
as Nações Unidas a diminuir a emissão de dióxido de carbono, o esforço
não é suficiente. Auerbach usou o raciocínio do jornalista Bill McKibben
para avaliar o assunto: atualmente a temperatura média do planeta já
subiu 0,8 ºC e, mesmo que a emissão de dióxido de carbono fosse
completamente interrompida agora, a temperatura média da Terra subiria
mais 0,8 ºC.
Isso aconteceria porque ainda haveria muito dióxido de carbono na
atmosfera. Fazendo uma conta simples de matemática, percebemos que temos
apenas 0,4 ºC até chegarmos ao aumento limite de temperatura, o que, em
tempo, nos dá mais ou menos30 anos. Ou seja: daqui a três décadas a
situação tende a estar realmente muito feia.
Com esses dados, que são reais, fica infelizmente fácil entender a
afirmação de Fenner de que uma criança nascida hoje pode viver para ver o
fim da humanidade. E o que se sabe sobre o assunto é que todo o esforço
para desacelerar esse processo ainda é mínimo.
Neste ano, em novembro, haverá uma conferência na França, que deve
discutir justamente essas questões climáticas. A esperança é a de que
alguma solução tecnológica surja e possa nos dar a chance de ganhar mais
tempo para pensar em alguma estratégia que não apenas reduza a emissão
de dióxido de carbono como nos dê outros meios de viver sem destruir
nossa própria casa. Infelizmente, chegamos a esse ponto.
Fonte: Mega Curioso