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Paredão! O muro de separação das classes ou o símbolo maior do romantismo da época em Ipu?


O que seria da nossa rica e maravilhosa história, se não fosse o "arquivo vivo"; chamado Professor Francisco Melo. Pois muitos dos nossos símbolos arquitetônicos já não existem mais fisicamente, a não ser na memória dos saudosistas e nos arquivos fotográficos e escritos do ícone da cultura de Ipu. Foram destruídos pelo tempo e pela sanha irresponsável dos insensíveis, sem nenhum senso da história, da cultura e identidade de uma sociedade.

Se deleite com mais uma publicação do mestre professor Francisco Melo, desta feita o escrito é sobre o polêmico Paredão. Paredão! O muro de separação das classes ou o símbolo maior do romantismo da época em Ipu?

O Paredão.
A construção do paredão foi uma iniciativa do Dr. Humberto Aragão no ano de 1943, quando Prefeito Municipal de Ipu.

O Paredão, como o próprio nome diz, separava a Praça Abílio Martins da Rua Cel. José Liberalino, intercalado por subidas em degraus, como um elo de união das vias públicas ali separadas.

Na extensão do Paredão existiam além, das escadarias, uns caramanchões de Risos do Prado, dando um colorido dos mais singelos e perfeitos ao ambiente.

A iluminação era feita com postes em estilo Colonial, e no seu capitel um globo leitoso deixando um ambiente lusco - fusco de modo, que se tornava convidativo aos namorados.

Ainda entre uma iluminação e outra um jarro com belas flores decorando o ambiente, dando cada vez mais aquele ar de beleza e romantismo tão característico da época.

O Paredão era romântico, levando-se em conta a forma como foi arquitetado e como era frequentado, pois a sua disposição propiciava bons momentos para encontros agradáveis e furtivos.

Era bem interessante. A sociedade chamada de Elite, (que nunca existiu), namorava e passeava no Jardim de Iracema.

Já os menos favorecidos, no Paredão. Que discriminação!...Mas o que somos? Filhos de uma miscigenação sem precedentes.

Mistura de tudo. Seria ainda o Paredão um marco que jamais deveria ter desaparecido.

Ele é história, ele fez história, quantos amores, quantas juras de amor ficaram ali sepultadas, quantos desenganos, quantas paixões desfeitas, testemunho mudo de tudo que ouviu e calou.

Paredão das refregas políticas, local dos improvisados palanques para discursos políticos, ouvinte permanente dos protestos contra a iluminação hidráulica que não mais atendia a demanda da cidade.
Nós sentimos saudades de ti, Paredão! De tudo que ouviste e não falou, emudeceu para sempre as incontidas confissões de amor.

Eu falo de ti, Paredão, porque eu sinto saudade, eu sinto que o progresso não ti destruiu, tu foste destruído pelas mãos de quem não ti conheceu e nem te deu valor.