O estado de saúde dos 8 pescadores que estavam a deriva em um bote e foram resgatados ontem, 24, por uma embarcação cearense, é estável. Do total, 6 estão na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Praia do Futuro e 2 no Hospital Geral de Fortaleza (HGF).
Uma reavaliação do quadro será realizada ainda hoje, 25. Segundo o
chefe do plantão da UPA, Dr. Leonardo Rodrigues, um deles inspira um
pouco mais de cuidado por apresentar um quadro de infecção associada de
pele na região das nádegas, não havendo risco de morte. Por conta
disso, necessitará ficar internado e deve ser transferido para outra
unidade de saúde.
"Quando eles chegaram estavam orientados, conversando, alguns com grau
de desidratação um pouco mais moderado e o restante com desidratação
leve, estavam muito estafados, se sentindo fracos, mas a todo momento
orientados. Agora estão clinicamente estáveis, pressão boa, respirando
bem e sem precisar de suporte de oxigenio", disse o médico.
Apesar da evolução do quadro clínico, a assessoria de imprensa do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH-UPAS)
informou que os homens só terão alta após terem a situação social
resolvida, pois não são de Fortaleza e estão sem documentação.
Ainda conforme a assessoria, o serviço social da Unidade já acionou a Capitania dos Portos
para tentar identificá-los e conseguir apoio social para eles. O HGF,
por sua vez, informou que os 2 homens que deram entrada na Unidade estão
sendo hidratados e passam bem, devendo ter alta ainda nesta sexta-feira
(25).
Entenda o caso
Oito pessoas foram resgatadas na noite desta quinta-feira (24) e
receberam, primeiramente, atendimento médico do Serviço de Atendimento
Móvel (SAMU) em Fortaleza. A informação foi confirmada pelo suboficial
Rodrigues, da Capitania dos Portos do Ceará.
Segundo o suboficial, um barco naufragou próximo à Ilha de Fernando de
Noronha. Um navio mercante avisou à embarcação pesqueira cearense
chamada "Rio Praça" sobre a existência de um grupo de homens que estava à
deriva no mar.
Segundo informações da TV Diário, os homens eram do
Rio Grande do Norte e estavam pescando em alto mar. Perto de Fernando de
Noronha, perceberam que o piso de madeira, onde ficava a cozinha, havia
cedido. Eles ficaram cinco dias e cinco noites à deriva em um bote.
Os sobreviventes foram resgatados por outros pescadores da embarcação
cearense Rio Praça na Praia da Caponga, que também estava em alto mar,
quando viu o bote.
Depoimento
Horas após o resgate, Luis Antônio Brito, de 55 anos, contou ao Diário do Nordeste,
que a embarcação saiu do Rio Grande do Norte, no último dia 19 de
dezembro. O objetivo, segundo ele, era voltar para casa dia 27. No
domingo (dia 20), no entanto, perceberam que o barco começou a afundar.
"Ficamos na parte mais alta da embarcação e acionamos a boia inflável.
Na hora, fiquei procurando o comandante, ele foi o último que achei".
O pescador também contou que o grupo tinha economizado água, ração e
ninguém ingeriu água do mar. Ele ainda disse que era o mais experiente
dos companheiros e que, quando percebeu que estavam próximos à terra, os
incentivou a irem em direção ao que estavam vendo. "Usamos apito,
gritamos pedindo ajuda. Hoje choveu muito, foi difícil", disse Luís. O
grupo foi resgatado no início da noite.
"Achei que fôssemos morrer hoje à noite, mas não alarmei para ninguém.
Hoje nascemos de novo", afirmou o pescador, visivelmente emocionado.
Fonte: Diário do Nordeste