Após sessão que durou mais de 12 horas no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, Cristiane Renata Coelho Severino foi condenada a 32 anos de prisão em regime fechado,
sem possibilidade de apelar em liberdade, pelo envenenamento do próprio
filho e pela tentativa de homicídio ao ex-marido.
Segundo laudos periciais,
ela foi a responsável por fazer o filho autista Lewdo Ricardo Coelho
Severino ingerir chumbinho. A criança tinha oito anos na época e ingeriu
o veneno em uma mamadeira com sorvete.
A ré também é acusada de tentar matar o ex-marido, o
tenente do Exército Brasileiro Francilewdo Bezerra Severino, que
sobreviveu ao envenenamento. Cristiane chegou a simular uma agressão
física para incriminar o então esposo. Ao chegar ao Fórum, o ex-marido
disse que esperava "pena máxima" para Cristiane.
Presa desde maio de 2015, a ré foi denunciada por homicídios triplamente qualificados
(um consumado e outro tentado). Em ambos, as qualificadoras são: motivo
torpe, emprego de meio cruel (veneno) e utilização de recurso que
impossibilitou a defesa da vítima.
Cronologia do caso
No dia 11 de novembro de 2014,
a polícia recebeu um chamado desesperado de Cristiane Renata Coelho
dizendo que havia sido espancada e que o filho mais velho, Lewdo
Ricardo, havia sido envenenado, no Conjunto Napoleão Viana, bairro Dias
Macêdo. No mesmo dia, ela apontou o então marido, Francilewdo Bezerra,
como autor dos crimes, ressaltando que ele tentara suicídio após o
ocorrido, também por envenenamento.
Após a chegada da polícia ao local, foi constatado que Francilewdo
ainda estava vivo. Ele chegou a ser internado em estado de coma e preso
em flagrante pela morte do filho. Ao acordar do coma, porém, duas
semanas após o suposto crime, o então subtenente do Exército disse "não lembrar" do ocorrido
e entrou em desespero ao ser informado da morte do filho.
Posteriormente, a defesa de Francilewdo pediu o relaxamento de sua
prisão, o que foi concedido pela Justiça.
Com muitas dúvidas sobre o caso e informações que não batiam, a polícia promoveu a reconstituição do crime
em 22 de dezembro de 2014. Na época, uma linha de investigação já
apontava para Cristiane como autora do crime, o que gerou gritos de
"assassina" por parte de pessoas que acompanhavam a operação.
O
inquérito do caso foi entregue incompleto no dia 27 de janeiro de 2015,
já que diversos laudos periciais não chegaram a tempo de serem anexados
no processo.
Em abril de 2015, laudos periciais, enfim, confirmaram que Cristiane
era a verdadeira autora do crime. Segundo a Perícia, a criança foi
envenenada primeiro, após ela colocar 'chumbinho' no sorvete de morango
que o filho gostava. Depois disso, Cristiane deu o popular 'Boa noite
Cinderela' no marido, colocando Rivotril em uma taça de vinho que ele
tomou. Nas taças seguintes ela colocou veneno. "O militar foi envenenado
gradativamente naquela noite", informou o laudo pericial.
Com a confirmação da autoria do crime, Cristiane foi presa em maio de
2015, após voltar de uma viagem a Recife, cidade onde nasceu. A mulher
foi encaminhada ao Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura
Costa, onde permaneceu até o dia de hoje, aguardando julgamento por mais
de dois anos.
Fonte: Diário do Nordeste