O Ministério Público do Estado do Ceará, por meio dos promotores de Justiça da comarca de Iguatu, Leydomar Nunes Pereira e Fernando Martins de Miranda, ofereceu denúncia contra os acusados Roberto Alves da Silva, 42 anos, e Gleudson Dantas Barros, 29 anos, de cometerem homicídio triplamente qualificado contra Jheyenderson de Oliveira Xavier (Jhey), no sítio Canto, no distrito de Suassurana, zona rural de Iguatu, no dia 18 de maio passado.
Os dois promotores de Justiça concederam entrevista coletiva no
início da tarde desta quinta-feira, 14, na sede do MPCE, em Iguatu. A
dupla foi acusada de cometer homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), ocultação de cadáver, corrupção de menores. Contra Roberto Silva há ainda prática de crime de posse de arma de fogo (revólver Rossi, calibre 38).
Os crimes na chamada ‘Casa da Morte’ ocorridos em Iguatu obtiveram
ampla repercussão. A denúncia do MPCE já foi encaminhada ao Juízo da 1ª
Vara de Execuções Criminais da Comarca de Iguatu. Os acusados serão
citados para apresentar defesa, depois haverá audiência de instrução do
processo, interrogatório de testemunhas e dos acusados.
O MPCE só divergiu do inquérito policial acerca da acusação de
prática de crime de vilipêndio de cadáver. Os dois acusados estão presos
na Cadeia Pública de Iguatu em uma cela separada dos dois pavilhões,
pois os outros detentos não aceitaram a presença da dupla, segundo
explicou o promotor de Justiça, Leydomar Pereira.
“Eles cometeram crimes cruéis com rituais macabros, premeditados e planejados”, pontou Leydomar Nunes Pereira.
O promotor de Justiça, Fernando Miranda, disse que a população de
Iguatu ficou chocada com a sequência de mortes ocorridas no sítio Canto,
em Suassurana. “Fico me perguntando até onde vai a crueldade humana?”,
disse. “As vítimas eram iludidas”.
Outros crimes
Está em andamento na Delegacia Regional de Polícia Civil de Iguatu mais três inquéritos que apuram as mortes de Ane
Jaqueline da Silva, em 30 de junho de 2017; Francisco de Assis de Lima
(1º de dezembro de 2017) e de Mikael Melo, em 12 de dezembro de 2017.
A dupla é suspeita de participação direta nesses crimes, conforme
depoimento dos acusados. O adolescente Sâmio Bessa também acusado dos
homicídios suicidou-se na cidade de Irapuan Pinheiro, após a prisão dos
suspeitos Silva e Barros, em Iguatu.
O primeiro crime a ser descoberto foi o do Jhey, cujo corpo estava
enterrado no sítio Canto. Após as investigações e revelações dos
próprios acusados, outros corpos foram descobertos na localidade. A
suspeita é de que os corpos são das vítimas desaparecidas. Foram
encaminhados exames de DNA.
Esclarecimentos
O promotor Leydomar Nunes frisou que Gleudson Barros que se auto
intitulou ‘Pai de santo’ é um impostor. “Ele é um charlatão,
aproveitando-se da ingenuidade das pessoas e ele não tem relação com
nenhuma religião de matriz africana”.
Para os promotores de Justiça, as vítimas não foram escolhidas
aleatoriamente, pois eram do círculo dos acusados. “Frequentavam o
sítio, eram conhecidos”.
Os representantes do MPCE confirmaram que havia a intenção de matar
três mulheres que já foram ouvidas em inquérito na Polícia Civil por
representar possibilidade de concorrência com os trabalhos prestados por
Gleudson Barros. “A cova onde Jhey foi enterrado era bem grande porque
foi feita para essas três mulheres”, disse o promotor, Leydomar Pereira.
“Eles disseram que se não fossem presos iriam matar mais pessoas”.
Os acusados irão a julgamento em Júri Popular, mas não há previsão de data.
Fonte: Diário do Nordeste