Mediante a grande polêmica sobre a morte
de Antonio José da Costa, 23 anos, a equipe do blog Camocim Polícia 24h
correu atrás e conseguiu junto ao Pelotão do Raio de Granja a versão
oficial dos policiais militares como também dos familiares e amigos do
homem sobre este fatídico caso. Ressaltamos que o texto a seguir relata a
versão dos policiais militares que participaram da ocorrência e o blog
está tão somente reproduzindo. Confira:
"Que por volta das 13:30 horas do dia
29 de Janeiro, a equipe da viatura Raio 054 estava patrulhando no
distrito de Timonha (distante mais ou menos 80km da sede do município),
Zona Rural de Granja, mais precisamente no bairro chamado Babilônia
(local de onde recebe-se diversas denúncias anônimas de tráfico de
drogas), quando abordaram um homem conhecido por Tonhão Chinês, sobre o
qual recaíam denúncias de comercialização de entorpecentes. Antonio
estava dentro de um bar bem próximo a sua casa. Os militares então
solicitaram que ele saísse do estabelecimento e efetuaram uma busca
pessoal na calçada do bar, onde foi encontrado de posse do mesmo uma
pequena porção de maconha e alguns sacos de dindin. Diante do flagrante,
Antonio recebeu voz de prisão, momento no qual mostrou-se resistente,
sendo necessária a utilização das algemas. Em ato contínuo, a equipe
dirigiu-se, juntamente com o homem, até sua residência, vizinha ao bar,
para pegar algum documento de identificação e vistoriar o imóvel no
intuito de verificar se existia drogas, já que o mesmo foi flagrado com
uma pequena quantidade de maconha e já haviam diversas denúncias contra
ele. Ao chegar na casa, o comandante da equipe determinou que dois
policiais ficassem fazendo a segurança do lado de fora do imóvel. Um dos
pm’s ficou na esquina próximo à casa e outro ficou na porta. Entraram
no imóvel o comandante da equipe e outro policial. Segundo informou o
comandante da equipe, ele e o outro policial colocaram o preso sentado
no chão em um cômodo da casa algemado com as mãos para trás e, começaram
a efetuar buscas no imóvel, sendo que encontraram uma balança de
precisão e mais sacolés de dindin, no entanto, não perceberam que o
preso havia saído do local o qual haviam deixado. Ao perceberem que
Antônio havia saído, começaram a procura-lo dentro do imóvel, pois
imaginaram que não havia saído pela frente da casa, já que lá estavam
mais dois policiais. Não o encontrando dentro do imóvel, dirigiram-se
até o quintal. Vistoriaram um banheiro que lá existe mas este estava
vazio. Ao olharem para dentro de uma cisterna naquele ambiente,
encontraram Antonio se afogando, ainda se “debatendo”. Com muita
dificuldade (segundo os policiais a cisterna tem mais ou menos 3 metros
de profundidade, dos quais 2/3 estavam preenchidos com água), dois dos
pm’s conseguiram tirar Antônio do reservatório. Os pm’s então começaram a
fazer o procedimento de RCP, com massagens cardíacas, em regime de
revezamento. Como as manobras não surtiram o efeito esperado, colocaram
Antônio no banco de trás da viatura, no colo de um dos pm’s, e o
conduziram imediatamente para a UPA de Granja. Ao chegarem nesta
repartição de saúde, a médica plantonista verificou que o preso já
estava sem vida. Diante da situação, os policiais entraram em contato
com a CIOPS para acionar a PEFOCE e dirigiram-se à delegacia de polícia
civil onde registraram o fato através de um Boletim de Ocorrências.
Segundo os relatos dos policiais envolvidos nesta ocorrência, a cisterna
na qual Antonio foi encontrado fica próximo (entre 1 metro e meio a 2
metros) a um muro, onde nele tem um pequeno buraco, provavelmente feito
de propósito, para encaixar o pé e facilitar a transposição. E ainda a
borda superior do muro próxima a cisterna é a única parte que não tem
pedaços de vidro (pega ladrão). Então uma das possibilidades ventiladas
pelos policiais foi que Antonio tentou sobrepor o muro, mas como estava
algemado para trás, se desequilibrou e caiu dentro do reservatório.
Outra possibilidade seria a tentativa de Antonio se esconder na própria
cisterna, vindo a afogar-se."
Versão de familiares e amigos
Já os familiares e amigos negam que
Antonio tenha envolvimento com drogas e relataram através das redes
sociais que ele era um rapaz trabalhador e que teria morrido durante uma
ação dos pm’s do Raio de Granja no distrito de Timonha. Os familiares
teriam afirmado que Antonio voltava do trabalho para casa no final da
tarde de quarta-feira, 29, quando foi abordado pelos pm’s já em sua
residência. Lá ele teria sofrido agressões e depois disso, o mesmo teria
ido levado a UPA do município pelos próprios policiais e já teria dado
entrada morto.
Está sendo apurado
Entramos em contato como o Tenente
Coronel Eduardo, Comandante 3ªCia do 3ºBPM, o qual nos informou que
durante a manhã de ontem, quinta-feira 30, esteve no distrito de Timonha
onde foi averiguar pessoalmente os relatos sobre o ocorrido e que o
caso será rigorosamente apurado tanto na esfera administrativa como na
esfera criminal. O Tenente Coronel Eduardo, por ser o Comandante maior
da Polícia Militar na região, fará um relatório circunstanciado dos
fatos e em seguida enviará ao Comando Geral em Fortaleza, a quem compete
instaurar e nomear um oficial da Polícia Militar para presidir
Inquérito Policial Militar visando apurar o suposto crime de natureza
militar, portanto, ser da competência da justiça militar e não da
comum. Se ao final for comprovado que houve erros por parte dos pm’s,
estes serão responsabilizados de acordo com a lei. Da mesma maneira, de
acordo com a lei, se ficar comprovado a veracidade da versão dos pm’s,
estes serão inocentados.
Fonte: Camocim Polícia 24h