Em
estudo experimental, tumores colorretais desapareceram depois que os
pacientes receberam o medicamento por seis meses; no país, ele será
usado no tratamento de câncer de endométrio.
O
início da comercialização do dostarlimab (Jemperli) no país está
previsto para agosto, segundo a farmacêutica GSK Brasil. Em estudo
americano, tumores colorretais de pacientes que receberam o medicamento
por seis meses desapareceram. No entanto, por aqui, o remédio está
liberado apenas para o tratamento de um tipo raro de câncer de
endométrio (tecido que reveste a parede interna do útero).
O
dostarlimab é um anticorpo monoclonal humanizado que age como inibidor
da interação da proteína PD-1 com os ligantes PD-L1 e PD-L2 – essa
interação está relacionada ao bloqueio de respostas antitumorais. É como
se a substância soltasse o freio de mão do sistema imunológico para
combater o tumor.
No
Brasil, a liberação é para tratamento de câncer endometrial recorrente
ou avançado com deficiência de enzimas de reparo (dMMR) ou alta
instabilidade de microssatélite (MSI-H), que progride durante ou após
quimioterapia contendo platina. Essa doença é rara e, em geral, tem
prognóstico ruim.
Estudo
do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York, publicado no
New England Journal of Medicine e divulgado no congresso anual da
American Society of Clinical Oncology, mostrou que 14 pacientes que
receberam o dostarlimab por seis meses, administrado a cada três
semanas, tiveram resposta clínica completa. Ou seja, o tumor
desapareceu.
O
tratamento-padrão para esse tipo de câncer envolve radioterapia,
quimioterapia e, muitas vezes, cirurgias – alguns pacientes precisam ser
ostomizados. A imunoterapia, por outro lado, é menos agressiva e deixa
menos sequelas.
“Com
esse estudo, a gente consegue agora identificar uma parte dos pacientes
que se beneficiam muito de imunoterapia”, diz Tulio Pfiffer, médico
oncologista do Hospital Sírio-Libanês, ao se referir a pacientes com
tumores quentes (com dMMR) na fase inicial da doença. “Ao que tudo
indica, a imunoterapia vai substituir um tratamento longo e pesado que
costumava deixar muita sequela.”
Pfiffer
destaca que o estudo tem “resultado inicial extremamente promissor”,
porém é preciso analisar o progresso dos pacientes no médio e longo
prazos. Ele também afirma que é preciso fazer testes em maiores escalas.
O estudo americano envolveu apenas 18 pessoas – quatro ainda estão em
tratamento. “Para mudar o paradigma de tratamento, a gente faz estudos
com centenas ou milhares de pacientes.”
Segundo
o especialista, a descoberta abre horizontes para o tratamento de
pacientes com tumores quentes na fase inicial. “Possivelmente esse
benefício não se restringe só ao dostarlimab. Outros anticorpos
monoclonais dessa mesma classe podem dar um resultado muito semelhante.”
A
GSK Brasil disse que o resultado “surpreendeu positivamente” e que, por
isso, a farmacêutica vai desenvolver estudos nos pacientes com câncer
de reto em estágios iniciais ou localmente acometidos. “Este dado pode
trazer uma nova perspectiva para estes pacientes”, destacou a
farmacêutica em nota.
Fonte: R7